Romance
espiral de Lucianno Di Mendonça reúne 14 histórias que refletem sobre
literatura, relações familiares, preconceitos, autoconhecimento, doenças
terminais, amor e existência humana
A
estátua de Carlos Drummond de Andrade está cansada de passar os dias sentada em
um banco na praia de Copacabana, sem que ninguém a escute. As pessoas falam
sempre sobre si e seus problemas, mas a escultura solitária não recebe nenhuma
atenção quando abre a boca, até que um jovem conversa com ela. Por isso, ela
decide ir em busca de novas experiências e inicia a jornada fantástica do livro
Na
linha do horizonte está escrito um universo, de Lucianno Di Mendonça.
A obra reúne 14 histórias diferentes
entre si que se conectam por meio de personagens distintos. Às vezes, o
protagonista de uma história aparece como secundário em outra narrativa, numa
sutil conexão semelhante à vida. Mas o elo de todos os textos é o Velho Dru,
que assume vários papéis: é interno em um abrigo de idosos, carteiro do mundo
dos mortos, garçom de uma taberna de artistas e cientistas, guardião de uma
passagem na Catedral de Notre-Dame, membro da equipe Apollo 11 e caseiro de
Jorge Luis Borges.
Piaf interrompe a música. Richard Clayderman
baixa a tampa do piano. Do Balcão dos Protagonistas Ocultos,
Robert Doisneau pede um minuto a Roman Polanski e tira uma foto da garota e do
escritor abraçados na pista de dança. Todos se levantam e se aproximam. Clarice
Lispector, Manoel de Barros, Anita Malfatti, Monteiro Lobato e Guimarães Rosa
abraçam o Antônio e lhe dão boas-vindas. Aplausos e lágrimas. Esse é o único
momento em que se aplaude na taberna. Então Jorge Luis Borges se aproxima e
pergunta: Você acredita que o passado afeta o futuro, nunca pensou que o futuro
altera o passado?
(Na
linha do horizonte está escrito um universo, p. 83)
Em cada uma dessas funções, a estátua
modifica as experiências das pessoas ao redor por meio de diálogos, conselhos,
atitudes simples e muita literatura. Nesta aventura pelo universo, o Velho Dru
transforma o cotidiano em fantasia ao mostrar que a leitura está presente no
dia a dia – basta exercitar a percepção profunda da existência.
Com textos curtos e uma escrita leve, ao
mesmo tempo que profunda, Lucianno Di Mendonça constrói a ideia de um romance espiral, ou seja, tudo no
universo está relacionado e se movimenta de maneira progressiva. Mas, apesar
dos começos se assemelharem aos finais, nada termina onde verdadeiramente
iniciou, pois os personagens são continuamente atravessados pelas vivências que
os cercam.
Em um trabalho constante de
intertextualidade, metalinguagem e um final apoteótico, as últimas páginas da
obra apresentam as referências citadas na narrativa, com o intuito de
incentivar os leitores a explorar diferentes textos e não parar no livro Na linha do
horizonte está escrito um universo.
Ao utilizar produções de Carlos Drummond de Andrade, Jorge Luis Borges,
Shakespeare, Fernando Pessoa, Victor Hugo e outros, o objetivo do autor é
trazer as pessoas à órbita da literatura para que, assim como a estátua, elas
também possam viajar mundo afora, e, sobretudo, para a maior, mais longa,
imprevisível e divertida viagem da vida: para dentro de si.
FICHA TÉCNICA
Título:
Na linha do horizonte está escrito um universo
Autor: Lucianno Di Mendonça
Editora: Novo Século
ISBN: 978-65-5561-875-4
Páginas:
208
Preço: R$ 49,90
Onde comprar: Amazon
Sobre o autor:
Lucianno Di Mendonça é escritor, mestre em Literatura e Interculturalidade pela
Universidade Estadual de Goiás (UEG) e pós-graduado em Escrita Criativa pelo
Núcleo de Estratégias e Políticas Editoriais (NESP). Licenciado em Letras e
graduado em Teologia, foi professor de Leitura Criativa na Penitenciária
Feminina Consuelo Nasser, em Aparecida de Goiânia. Como autor, lança o primeiro
romance Na
linha do horizonte está escrito um universo pela editora Novo Século, além de ter artigos científicos e
participações em antologias e outras obras escritas e não publicadas ainda.
Redes sociais do autor:
Instagram: @dimendonca_letras
Youtube: @luciannodimendonca
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