Du
Prazeres une ficção científica, afrofuturismo, narrativas ancestrais e cultura
popular em busca do combate ao preconceito por meio da educação
Professor universitário, cria da favela,
formado em escolas públicas e homem preto, Du Prazeres vivenciou as lutas da comunidade negra e percebeu desde
cedo que a educação é a única forma de combater o racismo. A estreia dele na
literatura, com Antirracismo em contos leves, levanta debates sobre os preconceitos e a importância de
buscar um mundo com mais igualdade social.
Os 12 contos apresentados na obra
atravessam temas urgentes que refletem sobre o país: a influência do tráfico
entre jovens na favela; a falta de oportunidades profissionais que leva muitos
meninos a verem o futebol como alternativa exclusiva para o sucesso; a
dificuldade de continuar os estudos em um ambiente desfavorável; e o uso da
representatividade em obras culturais para fins unicamente comerciais. São
temas diversos, mas que formam um retrato contemporâneo dos dilemas de um
Brasil racista e com profundas diferenças econômicas.
O desespero é tão
grande que pego um pouco de terra batida, abaixo a cabeça, disfarço e passo
a poeira no rosto, para secar
a lágrima que já não era só uma. Respiro fundo. Tento pensar em coisas
bonitas, em coisas que me
deram alegria. Penso em minha mãe, acho que neste exato momento se meu pai
voltasse, eu o abraçaria. Que
se dane! Pra que levar ódio junto com a gente. Viu só? Eu sei que é pecado,
então eu saber que é um
sentimento errado, já anula tudo. Mata o pecado. Tenho total ciência do que é
certo
ou errado, mas sou gente.
(Antirracismo
em contos leves, p. 54)
Como o mundo atual não pode ser
dissociado do passado, o autor mostra o poder da ancestralidade nos textos
“1881 - Desapropriação”, “Ginjinha” e “A luz que tudo ilumina”. No primeiro, os
personagens estão ameaçados de perder suas terras, então a resistência se torna
um ato para proteger a cultura e a identidade da comunidade. O segundo conto
revela como uma simples bebida remonta à memória afetiva familiar, à busca por
pertencimento e aos impactos da imigração. Já o terceiro apresenta um griot, o
guardião da memória e da palavra em muitos povos africanos, que compartilha
saberes com crianças ao redor de uma fogueira.
Além de textos mais voltados ao
realismo, que se inspiram na cultura popular e nas narrativas ancestrais, Du Prazeres utiliza o afrofuturismo e a ficção científica para imaginar
outras realidades para a população negra. Em “Ìwa Pèlè”, uma doença que só
afeta pessoas brancas faz pesquisadores viajarem a outro planeta à procura de
uma substância de cura, mas a capitã do grupo precisará enfrentar alienígenas
no meio da missão. “Tulipas Kaufmannianas”, por outro lado, analisa o valor do
afeto e da empatia ao narrar a história de um general solitário que forma
vínculo com uma cadela destinada a uma missão espacial perigosa.
Com apresentação da escritora Cidinha da Silva e arte
produzida pela pintora Ani Ganzala, Antirracismo em contos leves potencializa discussões em prol de utilizar a literatura
como ferramenta de mudança social. “Não é confrontando belicamente os brancos
que vamos minimizar o racismo. Como homem negro e apaixonado por literatura,
quis contribuir com ideias para a consolidação do debate sobre como buscar um
pouco mais de igualdade, não só racial, como para toda a sociedade. Acredito
verdadeiramente no alcance de um livro como instrumento de mudança”, afirma o
autor.
FICHA TÉCNICA
Título: Antirracismo
em contos leves
Autor:
Du Prazeres
Editora: Bambolê
ISBN:
978-65-86749-72-4
Páginas:
136
Preço:
R$ 39,90
Onde
comprar: Amazon | Editora Bambolê
Sobre o autor: Professor
da Universidade Estadual de Londrina, pós-doutor em Letras pela PUC-RIO,
revisor de grandes editoras, Du Prazeres estreia como escritor com o livro Antirracismo
em contos leves. Carioca do
Estácio, cria da favela, filho e neto de empregadas domésticas, estudante de
escolas públicas e homem negro, defende a educação como única forma de combater
o preconceito e a ignorância. Atualmente reside em Londrina, no Paraná, com os
dois filhos e a esposa.
Redes sociais do autor:
Instagram: @duprazeresautor
Facebook: /eduardo.prazeres.7
Comentários
Postar um comentário