O
termo é usado para nomear um cantor que possui habilidade de transitar entre
estilos musicais diferentes
“A Question of Honour” (ouça aqui)
Muito tem se falado no termo ‘classical crossover singer’, mas afinal o que significa? Trata-se da habilidade de um cantor transitar entre gêneros musicais diferentes, explorando inúmeras técnicas vocais, no Brasil o contratenor Dannilu é uma referência quando o assunto é abordado. Com seu poder vocal e figurinos peculiares, o artista estudou ópera-estúdio, canto barroco, canto coral e canto lírico – “consigo passear entre a moda de viola à ópera, transitando pelo pop/rock, blues e muitos outros estilos. Amo estudar a cultura musical de outros países e quando a música e seu estilo escolhem a minha voz - eu a canto”, pontua o artista.
Cantores
e músicos pop, cantores de ópera, instrumentistas clássicos e, ocasionalmente,
grupos de rock executam principalmente “crossover
clássico”, que engloba a música clássica que se popularizou e
uma ampla variedade da música popular executada de maneira clássica ou por
artistas do gênero. Embora o fenômeno tenha sido muito comum no mercado
musical, o nome ‘crossover clássico’ foi criado por gravadoras na década de
1980. Ele ganhou popularidade desde os anos 1990 e adquiriu sua própria
parada da Billboard.
“Creio que qualquer cantor(a) pode ser um crossover, vai de
seu gosto particular, daquilo que ele gosta de ouvir para selecionar o seu
repertório”,
comenta Dannilu. “Acredito que o artista vai usar ali as
ferramentas/técnicas que aprendeu durante sua educação musical. Eu comecei a
estudar cedo em um coral na USP [Universidade de São Paulo], passei a estudar o
canto lírico e anos depois aprendi novas técnicas de canto para musicais. Reuni
tudo isso à minha bagagem e passei a utilizar ambas as técnicas para cantar
cada estilo, podendo até mesmo cantar uma música popular brasileira usando da
técnica do canto lírico”, acrescenta.
Uma
figura pioneira popular no crossover clássico foi o tenor e estrela
de cinema Mario Lanza,
embora o termo "crossover" ainda não existisse na época de sua maior
popularidade na década de 1950. Dentro da indústria fonográfica clássica, o
termo "crossover" é aplicado particularmente às gravações de artistas
clássicos de repertório popular, como músicas de shows da Broadway. Dois
exemplos disso são as incursões de Lesley
Garrett na comédia musical e também a gravação de José Carreras para “West Side Story”, bem
como a gravação de Teresa
Stratas em “Showboat”.
A soprano Eileen Farrell
é geralmente considerada uma das primeiras cantoras clássicas a ter uma
gravação cruzada de sucesso com seu álbum de 1960 – “I've Got a Right to Sing the Blues”.
“A forma de cantar com o seu estilo pessoal, independente
das técnicas aprendidas para mim, só possibilitou que eu pudesse cantar de tudo
em um mesmo repertório. A complexidade neste caso está no tempo e cuidado com a
voz que o(a) cantor(a) deve ter para montar esse repertório e executá-lo com
perfeição agradando o seu público que o procura justamente por saber que esse
ou aquele cantor(a) irá montar um repertório capaz de agradar a um grande
número de pessoas”,
acrescenta Dannilu.
O
tenor pop italiano Andrea
Bocelli, que é o cantor que mais vendeu na história da música
clássica, foi descrito como o rei do “crossover clássico”. A soprano
britânica Sarah Brightman também
é considerada uma artista clássica cruzada, tendo lançado álbuns de música
clássica, folk, pop e teatro musical. Brightman não gosta do rótulo de
crossover clássico, embora ela tenha dito que entende a necessidade de
categorizar a música.
Assim
como Sarah Brightman, Dannilu canta em
vários idiomas, sendo comparado com a inglesa em vários momentos, as
semelhanças ultrapassam em vários aspectos, incluindo os gêneros musicais, onde
ambos passeiam pelo universo lírico, pop e rock com maestria. “Não gosto de me rotular musicalmente,
pois canto vários estilos e fora do país me classificam como “classical
crossover singer”. Por amar cantar e escrever sobre vários assuntos,
incluindo os estilos e culturas do mundo, minha voz está predestinada a cantar
de tudo, rompendo as barreiras, sendo assim universalista e espiritualista
a minha forma de me expressar artisticamente”, finaliza Dannilu.
DANNILU
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