Arte e Qualidade de Vida: Projeto Oferece Oficinas Gratuitas de Cerâmica Para Grupos da Terceira Idade
As aulas serão realizadas em espaços distribuídos pelas 10 Regionais de Curitiba e ministradas pelo ceramista, artesão e arte-educador Fábio Mazzon e pelo arte-educador e pedagogo Pietro Rosa.
Em Tupi Guarani o termo Tauá significa argila e foi este elemento
natural dotado de tantas possibilidades que inspirou o projeto que tem como
público alvo pessoas da terceira idade. Tauá – A Sabedoria das Mãos tem como
proposta realizar, entre junho e outubro deste ano, 40 oficinas de cerâmica,
todas gratuitas, distribuídas pelos 10 Núcleos Regionais de Curitiba. A
expectativa é beneficiar cerca de 1.400 mil idosos com o projeto.
A iniciativa é do artesão, músico, arte-educador e ceramista Fabio
Mazzon, que, desde 2004, produz peças de cerâmica, a partir de pesquisas sobre
técnicas ancestrais de modelagem e decoração utilizadas por povos originais e
indígenas brasileiros.
De acordo com o ceramista, promover qualidade de vida é um dos
principais objetivos do projeto. “Os trabalhos manuais ajudam a manter o corpo
e a mente ativos. Mexer com a argila é terapêutico, pois ajuda a equilibrar as
emoções, estimula a criatividade, a concentração e a imaginação”, declara.
Outro benefício do projeto é que ele promove a interação social. As
oficinas são voltadas para grupos. “A ideia também é combater a solidão, o
tédio e a baixa autoestima, sentimentos comuns nesta faixa etária”, diz Fabio.
Durante as sessões, com duração de 2 horas, os participantes
confeccionam peças com argila a partir de técnicas ancestrais, como o
acordelado, por exemplo, utilizadas pela maioria das comunidades indígenas.
Cada participante confeccionará sua própria peça e ao término da oficina poderá
levar para casa o que produziu.
Além da prática, a oficina também aborda, por meio de conversas,
aspectos históricos e culturais a respeito da utilização da cerâmica, desde a
antiguidade até a atualidade. E, ainda, a valorização do idoso entre os povos
indígenas e o papel e desempenho que exercem na atual sociedade. A
ação inclui ainda uma exposição de peças de cerâmica indígenas entre outros
objetos artesanais.
“Infelizmente, os indivíduos na terceira idade são desvalorizados e
perdem seu espaço no mercado de trabalho, por isso nossa intenção é
proporcionar com as oficinas um espaço cultural estimulante, inclusivo e
diferenciado”, conta o artesão e pedagogo Pietro Rosa, também ministrante da
oficina e que há anos desenvolve trabalhos com crianças, jovens e adultos,
inclusive com necessidades especiais.
“Nunca é tarde para exercitar a sensibilidade que existe latente em
cada indivíduo. O uso da arte como terapia ajuda a reconciliar conflitos
emocionais, além de auxiliar na autopercepção, autoestima e no desenvolvimento
do indivíduo”, declara.
Contrapartida Social
Além das 40 oficinas gratuitas, realizadas no cronograma oficial para
o público da terceira idade de cada uma das 10 Regionais de Curitiba, o projeto
"Tauá - A Sabedoria das Mãos" oferece como contrapartida social mais
10 oficinas gratuitas (até 350 participantes) para frequentadores dos CAPS
(Centro de Atenção Psicossocial) de Curitiba.
Herança indígena
No Brasil, a cerâmica tem seus primórdios registrados na Ilha de Marajó, no Pará. A cerâmica marajoara tem sua origem na avançada cultura indígena que floresceu na Ilha. Estudos arqueológicos, contudo, indicam a presença de uma cerâmica mais simples, que ocorreu ainda na região amazônica por volta de 5.000 anos atrás.
A confecção de artefatos em argila é um aspecto presente na maioria das comunidades indígenas brasileiras. Em algumas comunidades a cerâmica é lisa, exclusivamente utilitária, em outras, além de utilitárias, encontram-se peças decorativas nas quais sobressaltam a beleza e variedade das formas, grafismos e pinturas, como é o caso das cerâmicas Marajoara, Tapajônica, Kadiwéu e Asurini. Onde for, a cerâmica mostra-se imbuída de cultura e extremo valor, acompanhando a história e o desenvolvimento da raça humana.
Projeto realizado com recursos do Programa de Apoio e Incentivo à
Cultura – Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba.
Incentivo: Positivo
Sobre Fabio Mazzon – idealizador do projeto
Músico, Luthier, Ceramista, Arte Educador, Bacharel e
Licenciado em Geografia, desde 1998 pesquisa manifestações musicais e se dedica
a confecção e execução de diferentes instrumentos de percussão presentes nas
Culturas Nacional e Mundial.
Possui um trabalho específico de criação de instrumentos musicais de
cerâmica, com inspiração e referências em diferentes culturas.
Há 25 anos participa como percussionista de diferentes grupos e espetáculos musicais e teatrais. Cria trilhas sonoras para projetos literários e realiza gravações em estúdio, já tendo participado como músico e arranjador de mais de 20 CDs. Integra o grupo Studium Musicae, que pesquisa e trabalha repertórios de música medieval e músicas tradicionais de diferentes países.
Empreende projetos culturais e desenvolve
oficinas nas áreas da Música, Lutheria e Cerâmica.
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