No dia 19 de junho - é celebrado o Dia do Cinema Brasileiro
Cinemúsicas, Vol.1 é um projeto musical que propõe um
diálogo entre a canção popular e o cinema. O trabalho é composto por canções
inspiradas nos filmes Bacurau
(2019), Lost in Translation
(2004), Deus e o Diabo na
Terra do Sol (1964), Cidadão
Kane (1941), Me
chame pelo seu nome (2017), Dançando
no Escuro (2000), Democracia
em Vertigem (2019), Os
Sonhadores (2003), entre outros, todas de autoria de Marcelo
Segreto. Com arranjos escritos para quarteto de cordas e violão, o projeto
conta com produção musical de Marcus Preto e Tó Brandileone, e participações
especiais de Paulo Miklos e Tatiana Parra. O lançamento é pelo selo Gravadora
Experimental (Fatec Tatuí) e ainda contará com uma série de videoclipes
dirigidos por Martina Mattar e Thiago Ricarte, que serão lançados em breve.
Ouça aqui.
Faixa a faixa - EP Cinemúsicas, Vol. 1, por Marcelo Segreto
O
EP “Cinemúsicas, Vol. 1” é um disco com canções inspiradas no cinema, cada
faixa baseada em um filme. A ideia desse EP veio de um deslumbramento que eu
tenho por essa arte. Enquanto eu cursava a faculdade de música na USP, também
passei a frequentar muitas disciplinas do curso de Audiovisual da ECA-USP e
pouco a pouco fui pensando num projeto de fazer letras e canções a partir de
obras cinematográficas.
Em
2022, lancei o “Cine Compacto, Vol.1” com as canções “Deus e o Diabo na Terra
do Sol” e “Bacurau” (inspiradas nos filmes do Glauber Rocha e do Kleber
Mendonça Filho, filmes que dialogam entre si de uma maneira muito
interessante). De certa forma, essas duas canções também fazem parte do projeto
Cinemúsicas.
Tenho
também uma ligação familiar com o tema. O meu tio-tataravô (tio do meu bisavô)
se chamava Afonso Segreto. O Afonso, ao chegar ao Brasil de uma viagem à Europa
no dia 19 de junho de 1898, filmou, do navio, a Baía de Guanabara no Rio de
Janeiro. Este é considerado o primeiro filme realizado no Brasil e esta data
passou a ser posteriormente considerada o Dia do Cinema Brasileiro. Escolhi,
por isso, lançar o EP “Cinemúsicas, Vol. 1” no dia 19 de junho de 2024. Meu
bisavô e avô também seguiram trabalhando na mesma área, com distribuição de
filmes e administração de salas na cidade de São Paulo nas décadas de 1930 e
1940. Enfim, essa ligação da minha família certamente povoou minhas memórias da
infância de histórias ligadas ao cinema, às projeções, etc.
Minha
ideia ao compor as canções do EP era fazer com que as letras não tivessem uma
correspondência tão explícita com os filmes. Achei que poderia ser interessante
compor canções de amor que ressoassem as narrativas dos filmes de modo mais
sutil, que aproveitassem elementos de cada obra, mas que fossem canções
“autônomas”, isto é, que não precisassem dos filmes para serem desfrutadas.
A
primeira faixa do EP, “Rosebud”, é uma canção inspirada no filme Cidadão Kane
(1941) de Orson Welles, mas também faz referência ao conto “Nenhum, Nenhuma” de
Guimarães Rosa, fazendo uma reflexão sobre o amor e a passagem do tempo.
A
segunda canção, “Lost in Translation", contou com a participação especial
da cantora Tatiana Parra e foi inspirada no filme de mesmo nome da diretora
americana Sofia Coppola, lançado em 2003. A canção, assim como o filme, retrata
o acontecimento de um encontro amoroso intenso e o iminente desencontro.
A
faixa 3, “Me Chame pelo seu Nome” foi inspirada no filme homônimo do diretor
italiano Luca Guadagnino, lançado em 2017. A canção, assim como o filme,
retrata o descobrimento do amor, de forma íntima e lírica.
O
filme “Uma Vista da Baía de Guanabara” (1898) de Afonso Segreto inspirou a
quarta faixa do EP e conta com a participação de Paulo Miklos (Titãs) que além
de ser um grande cantor e compositor é também um importante ator do cinema
brasileiro atual. A ideia foi compor uma canção ambígua que ao mesmo tempo
fosse uma canção de amor, uma canção sobre o filme perdido de Afonso Segreto
(filme cuja cópia não existe mais) e uma canção sobre o próprio cineasta.
A
última faixa do disco, “Dançando no Escuro", foi inspirada no filme
homônimo de Lars von Trier, em que uma personagem (interpretada por Björk) está
ficando cega e fantasia sua própria realidade, imaginando-se em cenas de
musicais. A canção também explora o universo da imaginação e do sonho e a
fragilidade da existência.
Sobre Marcelo Segreto
Cantor,
compositor e idealizador do grupo Filarmônica de Pasárgada com o qual lançou os
álbuns O Hábito da Força (2012), Rádio Lixão (2014), Algorritmos (2016) e PSSP
(2022). Em 2020, lançou o seu primeiro projeto solo, o EP América, América, com
participação da cantora argentina Loli Molina e produção musical de Marcus
Preto e Tó Brandileone. Participou como compositor, arranjador e músico do EP
Tribunal do Feicebuqui (2013) e do CD Vira lata na via láctea (2014) do
compositor Tom Zé, realizando o arranjo da canção Pequena suburbana, primeira
parceria de Tom Zé e Caetano Veloso.
É
formado em letras pela FFLCH-USP e em música (composição) pela ECA-USP. É
mestre e doutor pela FFLCH-USP sob a orientação do Prof. Dr. Luiz Tatit
(desenvolvendo pesquisa sobre a composição de canção popular) e possui
pós-doutorado pela ECA-USP com trabalho sobre a estruturação de um curso de
composição de canção no ensino técnico e superior. Na Escola de Música do
Estado de São Paulo (EMESP), formou-se em composição musical (orientado pelo
compositor e professor Rodrigo Lima) e em violão erudito, orientado pelo
violonista Éverton Gloeden.
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