Magno
Paganelli*
A literatura devocional – como chamamos
hoje –, nasceu no século passado, nos países do norte e, naturalmente,
influenciaram a produção cristã no Brasil, com títulos como Boa Semente e Pão Diário. Este último,
surgiu nos Estados Unidos, em 1938, como reprodução transcrita de conteúdos de
rádio, que passaram a ser utilizados no formato impresso. O livro foi traduzido
para dezenas de idiomas e distribuídos em 150 países, dentre os quais o nosso.
No
final dos anos 1990, algumas igrejas brasileiras utilizavam os devocionais para
mobilizar seus membros a desenvolverem uma vida espiritual ativa e dinâmica.
Manter a regularidade na prática da oração e leitura da Bíblia não é,
definitivamente, um empreendimento atraente para a carne, embora seja
necessária para o espírito.
Já
nos anos 2000, com o percebido crescimento dos evangélicos, deu-se a
proliferação dos devocionais temáticos. Editoras identificaram um público
próximo dos conteúdos que cabiam naquele formato, e vimos o lançamento de
devocionais para casais, família, mulheres, pequenos grupos, além de antigos
sermões de pregadores consagrados, sendo vertidos para o formado devocional.
Este é o caso das mensagens de Charles Spurgeon, Billy Graham, Max Lucado, John
Piper e tantos outros.
Com
a onda dos influenciadores nas redes sociais, o papel dos devocionais foi
potencializado, levando alguns títulos a tornarem-se best-sellers e a figurarem
nas listas dos livros mais vendidos do país por meses. E, não somente um
título, mas alguns deles têm marcado presença firme na lembrança e no interesse
do público leitor.
A
razão para isso não é uma só. O crescimento da população evangélica sem dúvida
lança a base para esse sucesso. A praticidade que um devocional proporciona é
outro motivo, pois dá a sensação de que se pode separar uns minutos dentro de
uma rotina alucinada como a nossa e fazer a manutenção da vida espiritual e
emocional.
Devocionais,
pela sua proposta, são reflexões breves e diretas, cobrindo diferentes assuntos
na temática da espiritualidade, embora possam voltar-se para públicos que
esperam uma orientação específica (como casais e identidade feminina).
Assim,
a linguagem de um devocional tende a atrair pessoas não habituadas a leituras
mais densas e, por isso mesmo, entendemos a razão do sucesso dos devocionais,
num país com fama de que não lê tanto quanto poderia, quando comparado a outros
na mesma situação, mas que consome uma literatura que pode ser o início de uma
experiência duradoura e formadora de novos leitores.
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