Inédito, Especial Elza ao Vivo no Municipal traz 15 clássicos de sua carreira, gravados no Theatro Municipal de São Paulo, além de depoimentos de grandes amigos da cantora
Em
sessão especial, filme também será apresentado na
Mostra Internacional de Cinema
de São Paulo
A
paixão pela música e a força da personalidade de Elza Soares (1930-2022)
continuam inspirando a todos os que conhecem a história de um dos maiores nomes
da MPB, vencedora do título de Melhor Cantora do Universo, no ano 2000, pela
BBC. Dois dias antes de seu falecimento, aos 91 anos, Elza, uma mulher negra
que passou anos de sua vida enfrentando o preconceito e a discriminação,
realizou o sonho de eternizar a sua música no Theatro Municipal de São Paulo.
No dia 5 de novembro, às
20h30, a TNT
e a HBO
Max exibirão o último show da cantora, o documentário musical
inédito Especial Elza Ao
Vivo no Municipal, que contém 15 das suas mais icônicas faixas.
O registro também terá sessão especial na Mostra Internacional de Cinema de São
Paulo, no dia 26 de
outubro.
Do
subúrbio do Rio de Janeiro ao sucesso mundial, os registros realizados nos dias
17 e 18 de janeiro de 2022 foram transformados no álbum ‘Elza ao vivo no
Municipal’, lançado no dia 13 de maio de 2022, Dia de Preto Velho na umbanda e
também de resistência ao racismo e abusos cometidos em mais de 300 anos de
escravidão no Brasil. A exibição chega à TNT
e HBO Max como
parte da programação especial do mês da Consciência Negra para relembrar e
celebrar a luta contra a opressão.
No
Especial Elza Ao Vivo no Municipal, foram selecionadas 15 faixas que contam as
passagens de sua vida e como ela enxergava o mundo no auge de seus 91 anos. A
música “Meu Guri”, que abre o disco, ganhou clipe inédito com depoimentos da
cantora em relação ao corpo, performance, músicas, vestes e adereços. “Se Acaso
você chegasse”, “A Carne” e “Maria da Vila Matilde”, entre outras, são gravados
em uma mistura de ritmos, repertórios latinos e denunciam o racismo presente na
sociedade brasileira. A canções refletem os desafios enfrentados pela cantora
conhecida por sua voz rouca e potente.
Com
linguagem e estilo de documentário musical, o Especial Elza Ao Vivo no Municipal traz uma
curadoria de áudios e imagens inéditos de momentos importantes da vida da
cantora, o que também evidencia o caráter documental da obra. Gravado durante a
pandemia e, por isso, com apenas cinquenta pessoas na plateia, o show tem
direção musical de Rafael Ramos, além de roteiro e direção cinematográfica de
Cassius Cordeiro.
Ao
extrapolar o papel de um diretor e assumir a postura de uma espécie de showrunner, o diretor
cinematográfico e sócio da produtora Broders, Cassius Cordeiro, se debruçou na
produção deste espetáculo, deixando fluir toda sua essência com a interação entre música e cinema,
buscando inspiração na trajetória da cantora e nos temas que circulam sua
trajetória. "Sempre que eu entro em um projeto, procuro pensá-lo não
somente na estética, do que está nos palcos e à frente das câmeras. Por isso,
logo de início, buscamos um espaço bem emblemático e imponente, como é o
Theatro Municipal, e também de elementos que pudessem entrelaçar as músicas com
aspectos de sua história", explica Cassius, que tem em seu currículo
outras colaborações audiovisuais com artistas como Gilberto Gil, Iza, Criolo,
Emicida, Mart'nália, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, Alcione, Claudio
Jorge, Milton Nascimento, Liniker, João Donato, Sérgio Loroza, Toquinho, Elton
Medeiros entre outros.
Depoimentos
de amigos da cantora
coroam o espetáculo, a grande maioria deles construídos a partir de áudios
trocados com ela ainda em vida. Entre os artistas estão Chico Buarque, Taís
Araújo, Caetano Veloso, Lázaro Ramos, Jorge Aragão, Alcione, Rita Lee,
Carlinhos Brown, Regina Casé, Maria da Penha e Paulo Gustavo. Ao final, o show
também brinda o espectador com as respostas de Elza para estes seus amigos.
"O
processo todo foi uma imersão muito grande na vida dela. Elza foi o
acontecimento da minha vida. Procurei conviver com ela, li toda sua biografia,
pesquisei histórias que estão fora da internet com pessoas próximas à Rainha.
Quem me apresentou Elza foi Zé Ricardo, outro genial artista do mundo musical,
que me trouxe muitas histórias de amor com ela. Então, há um estudo minucioso
para refletir a convergência entre a estrutura harmônica e as imagens, a
ordenação das músicas e dos instrumentos com a fotografia e a montagem do
filme. Fiquei três meses na edição e finalização, convivendo diariamente com
Elza, após a sua partida. Foi doloroso e, ao mesmo tempo, uma explosão de amor
por ela. Por isso, a montagem desse filme traz uma linguagem simbiótica entre o
roteiro criado um ano antes do espetáculo e a outra parte criada depois dele,
quando fomos atrás dessas conversas tão lindas e íntimas da Rainha, como a que
ela teve com Paulo Gustavo", relembra Cassius.
Em
ordem de apresentação, as faixas do show são: Meu guri, Dura na queda, O morro,
Lata d'água, Comportamento geral, Se acaso você chegasse, Balanço Zona Sul,
Malandro, A carne, Volta por cima, Maria da Vila Matilde, Saltei de banda,
Salve a mocidade, Banho e Mulher do fim do mundo.
Ao
final, ao executar "Mulher do fim do mundo", Elza Soares finaliza:
"me deixem cantar até o fim". A cantora morreu dia 20 de janeiro, em
sua casa, no Rio de Janeiro.
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