Por Fabiano Horimoto
Os
movimentos autoritários mais lembrados da história da humanidade, como o
nazismo alemão ou o fascismo italiano, possuíam em comum o fator psicológico
como impulsionador da manipulação em massa da população para cumprimento do
objetivo destes sistemas na época.
Os
líderes populistas, personalidade excêntricas em sua essência, destilavam
ideias de segregação racial, e diversas outras transgressões dos direitos
humanos em meio ao maior conflito armado que o mundo presenciou, a Segunda
Guerra Mundial.
Apesar
de belicamente derrotados, algumas das ideias daquele período infelizmente
ficaram enraizadas em pequenos grupos da sociedade contemporânea, voltando à
tona através de alguns ex-líderes globais, como Donald Trump e Jair Bolsonaro,
que fomentam o crescimento da polarização política com ideias alinhadas ao
espectro da extrema direita.
Bolsonaro
não reconheceu a derrota para o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva e,
como costumeiramente fez ao longo dos anos, colocou em dúvida o sistema
eleitoral brasileiro, reconhecidamente um dos melhores do mundo, com sua
rapidez na apuração dos votos eletrônicos e segurança inviolável das
urnas.
Seus
seguidores, incentivados por notícias falsas e um possível movimento do então
presidente em realizar um novo golpe de estado no Brasil, se instalaram em
quartéis generais espalhados pelo país na esperança de que o resultado, já
consumado, pudesse ser alterado. Assim, o estopim de toda essa situação ocorreu
no dia 8 de janeiro de 2023.
8
de janeiro: bolsonaristas atacam símbolos da democracia brasileira
Era
um domingo como qualquer outro em Brasília, e após a posse presidencial ter
ocorrido sem nenhum problema, ninguém esperava que a Praça dos Três Poderes,
símbolo da democracia brasileira, fosse tomada por apoiadores de Bolsonaro,
vindos do quartel general da capital do país.
A
síntese do bolsonarismo foi naquele dia exposta ao vivo para os quatros cantos
do mundo, em meio à raiva da derrota, misturada com um patriotismo exagerado,
quase integralista, quando cerca de 4 mil pessoas, de jovens a idosos, entraram
e depredaram diversos locais no Palácio do Planalto, Congresso Nacional e
Supremo Tribunal Federal.
A
repercussão e os desdobramentos daquele dia perduram até hoje, e a CPMI tenta
elucidar com maior propriedade todos os envolvidos, diretos e indiretos,
financiadores e auxiliadores do vandalismo presenciado.
Enquanto
o país caminha para mais um dia 7 de setembro, existe uma perspectiva de que o
Dia da Independência seja encarado de modo diferente do que foi nos anos
anteriores. O então presidente Bolsonaro utilizava o 7 de setembro como forma
de aumentar o ufanismo de sua base de seguidores, através da manipulação dos
símbolos nacionais, mas também como campanha eleitoral no final de sua
trajetória como presidente do país.
Os
apoiadores do ex-presidente nutrem a esperança de que, mesmo sem poder
concorrer às eleições, continue liderando a extrema direita no Brasil.
Bolsonaro demonstra a intenção de mostrar toda sua força política junto ao seu
eleitorado cativo, apoiando e fazendo campanha para o candidato escolhido em
2026.
A
força demonstrada pelo conservadorismo nacional, que foi capturado pelo
bolsonarismo, e o seu poder de influência sobre parte da população brasileira
não devem ser subestimadas no futuro. A capacidade de criar atmosferas
propícias ao tumulto e a tentativa de desorganização da ordem natural da
sociedade como um todo é o modus
operandi desse grupo.
Sobre Fabiano Horimoto
Autor
do livro “O dia da Infâmia e a Dissonância Cognitiva: um Retrato do ódio
Através da Psicologia”, que explica a origem do ódio retratado na política
atual, escrito após as invasões em Brasília no dia 8 de janeiro.
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