*Rafaela
Schuttenberg Polanczyk
Vivemos tempos em que os alertas sobre a
crise ambiental já não são previsões, mas realidade cotidiana. Enchentes,
secas, queimadas e poluição afetam desde grandes cidades até pequenas
comunidades. A pergunta urgente é: estamos educando as novas gerações para
cuidar do planeta?
A sustentabilidade não pode ser vista
como uma tendência ou escolha opcional; é uma necessidade urgente. Mais do que
ensinar a reciclar e economizar água, a educação ambiental deve promover
consciência crítica, mostrando como nossas ações afetam o meio ambiente e a
nossa sobrevivência.
A degradação ambiental está presente nas
contas de luz, no aumento dos preços de alimentos e nos desastres naturais que
forçam famílias a abandonar suas casas. Um exemplo é a poluição das águas, como
a da Lagoa da Pampulha, que revela falhas em saneamento básico e falta de
políticas públicas eficazes. Aliás, muito do lixo retirado da lagoa vem do
descarte incorreto, revelando falhas da nossa sociedade de cuidar do próprio
espaço.
Além disso, é preciso entender que a
crise ambiental é também uma crise social. Os vulneráveis são os mais afetados.
É aí que entra a justiça ambiental, que exige que um meio ambiente saudável
seja garantido a todos. Quando bairros periféricos convivem com lixo e esgoto a
céu aberto, expostos a enchentes, não estamos apenas diante de um problema
ambiental, mas de uma violação de direitos básicos.
Diante de desafios tão complexos, a
sustentabilidade precisa se tornar prática. Desde a infância, nas escolas, até
nas pequenas atitudes cotidianas, é fundamental cultivar uma nova cultura de
cuidado com o planeta. Mas isso só acontece quando mostramos, com exemplos
reais, como nossas escolhas impactam o mundo ao nosso redor e afetam a
sociedade de maneiras diferentes.
Sustentabilidade não é sobre abrir mão
de tudo, mas sobre fazer escolhas conscientes: optar por transporte menos
poluente, reduzir o consumo, dar preferência a produtos locais, evitar
desperdícios, reciclar e repensar nossos hábitos.
No fundo, educação ambiental é sobre
plantar consciência e promover justiça, garantindo dignidade a todos. Porque,
na verdade, preservar o planeta é preservar a nós mesmos. E não há gesto
pequeno demais quando se trata de garantir um futuro mais justo, saudável e
sustentável para todos.
*Rafaela Schuttenberg Polanczyk é bióloga, cientista e mestre em Neurofisiologia. Autora de dez obras, publicou “O Fundo Invisível da Lagoa”, livro contemplado pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, para conversar com jovens sobre meio ambiente e educação ambiental.
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