Com
ilustrações de J. Borges e Pablo Borges, novo livro de Fernanda de Oliveira
celebra a diversidade cultural ao contar causos sobre as músicas mais populares
da infância brasileira
Contrarides, o homem
mais mal-humorado da Ilha de Marajó, sonhou com uma profecia e foi resgatar a
amada. Viu uma jovem indígena em apuros nas águas e a salvou, junto de seus
animais de estimação: dois sapos-cururu, que passaram a viver à beira do rio. Já
na Catalunha, Araquídia era conhecida pelas estranhas promessas. Um dia,
disse que a paróquia da cidade precisava estar pronta em um ano, mas, poucos
minutos antes do prazo, percebeu um sino faltando no topo. Ela então propôs uma
torre humana e a escalou para cumprir com o horário. Depois disso, foi
apelidada de Dona Aranha. Como essas situações se tornaram cantigas de roda?
Não sei... Só sei que foi assim.
Com uma homenagem a Ariano Suassuna e às
mirabolantes histórias de Chicó, Fernanda de Oliveira torna a famosa frase de “Auto da Compadecida” em título de
um projeto literário dividido em dois volumes. Além de Sapo-Cururu e Dona
Aranha, Só
sei que foi assim, vol. 2 – a
publicação mais recente da saga – narra as origens de Papagaio Louro, Alecrim
Dourado, Terezinha de Jesus, Na Bahia Tem, Borboletinha, A Galinha do Vizinho e
Carneirinho, Carneirão. Também há um conto surpresa sobre Ninoca, uma
telefonista com talento nato para as anedotas e que criou tantas outras canções.
Dizem que o casal deu
às filhas os mesmos nomes das galinhas, para lhes prestar uma homenagem, pois
graças às penosas é que puderam conviver mais em seus quintais abertos,
acabando por se apaixonar. Bom, os nomes das gêmeas serem Crizelda e Tibúrcia
já acho meio difícil, mas que as duas compuseram juntas a música “A galinha do
vizinho”, aí eu tenho garantia. E entre certezas que se avizinham dela, só sei
que foi paralelamente assim. (Só sei que
foi assim, p. 55)
As peripécias narradas em tom de fofoca
celebram a diversidade brasileira ao ambientar enredos em todas as regiões, de
Norte a Sul. Com 21 xilogravuras de J. Borges, um dos mais importantes artistas populares do país, e do
filho Pablo
Borges, a obra destaca a figura dos
ciganos, a trajetória dos bandeirantes, a influência espanhola no país, as
práticas alimentares e os diferentes dialetos.
Produzido a partir de uma extensa
pesquisa sobre os hábitos de várias partes do Brasil, o livro dá continuidade
ao primeiro volume e busca unir famílias ao dialogar com uma memória musical
compartilhada por todos desde a infância. Para isso, as páginas apresentam QR
Codes que conduzem às cantigas. Com arranjos de Giordano Pagotti e voz da própria Fernanda de Oliveira, as canções também homenageiam a cultura ao atravessar
gêneros como xote, frevo, forró, maxixe, catira, baião, samba e toada.
Os textos valorizam o repertório
estético do leitor, da criança ao adulto, por trazer uma linguagem rica e até
rebuscada. “É um projeto que visita a história de cada brasileiro, quando
envolvemos a produção da pamonha e do sabão, quando falamos da nossa caatinga,
nossas lendas, nossa natureza, das grandes fazendas do interior, das ladeiras
de Salvador, dos búfalos de Marajó, entre outros”, explica a autora. Também
conhecida como Fê Liz, ela
faz jus ao apelido por sempre trazer um final feliz, típico do universo
extraordinário e inocente da infância.
FICHA TÉCNICA
Título:
Só sei que foi assim, vol.2
Autora: Fernanda de Oliveira
Editora: Melhoramentos
ISBN: 978-6555397857
Páginas: 72
Preço: R$ 55,90
Onde comprar: Amazon
Sobre a autora: Conhecida
como Fê Liz, Fernanda de Oliveira é escritora, compositora, cantora e produtora
de peças de teatro com mais de 25 anos dedicados ao público infantojuvenil.
Nascida em Brasília, atualmente mora em Copenhague, na Dinamarca, e realiza
atividades culturais de aproximações entre o Brasil e diversos lugares do
mundo. É autora de 37 obras infantojuvenis e já foi reconhecida por importantes
instituições e projetos, como a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil
(FNLIJ), o Selo Cátedra Unesco de Leitura da PUC-RIO, o PNLD e o selo AEILIJ,
da Associação de Escritores e Ilustradores de
Literatura Infantil e Juvenil. Por meio dos livros “Só sei que foi assim, vol.
1” e Só
sei que foi assim, vol. 2,
promoveu uma exposição homônima no Consulado-Geral do Brasil em Barcelona, que
também será feita na Embaixada do Brasil em Copenhague.
Redes sociais da autora:
Instagram: @fernandinhaoliveira | @fe.feliz
Linkedin: Fernanda de Oliveira
Facebook: /felizdeoliveira
Youtube: @canaldafeliz
Site da autora: www.fernandadeoliveira.com
Comentários
Postar um comentário