Com
cerca de 150 obras que datam de 1984 a 2021, mostra perpassa quase quarenta
anos de carreira do artista
25 de outubro de 2024 a 02 de fevereiro de 2025
Ministério da Cultura, Livelo, Grupo CCR e Instituto Tomie Ohtake
apresentam a exposição Carlito
Carvalhosa – A metade do dobro, a primeira retrospectiva de
fôlego sobre a produção artística de Carlito Carvalhosa (1961–2021). Com cerca
de 150 obras que datam de 1984 a 2021, a mostra perpassa quase quarenta anos de
carreira, reunindo muitos exemplos da constante experimentação do artista com
diferentes materialidades, navegando entre os limites da pintura, escultura e
instalação. A mostra será inaugurada no dia 24 de outubro, concomitantemente à
exposição Mira Schendel –
esperar que a letra se forme.
Com
curadoria conjunta de Ana
Roman, Lúcia Stumpf, Luis Pérez-Oramas e Paulo Miyada, a
exposição é dividida em sete núcleos, ocupando três salas do Instituto. Sem
seguir uma ordem cronológica, a mostra é permeada por rebatimentos entre
permanências e tensões ou, como afirma Ana Roman, “essa oscilação entre a
presença e a ausência no espaço, entre o visível e o oculto, é um tema central
que atravessa as várias fases da produção de Carvalhosa”. Esta exposição conta
com o patrocínio da Livelo
e do Grupo CCR,
por meio do Instituto CCR,
na Cota Apresenta e do BMA
Advogados na Cota Prata, através
do Ministério da Cultura, via Lei de Incentivo à Cultura, Programa Nacional de
Apoio à Cultura e Governo Federal - Brasil, União e Reconstrução.
O
primeiro núcleo expositivo, o único cronológico, traz pinturas do início da
carreira na Casa 7,
ateliê que reunia, além de Carvalhosa, Fábio Miguez, Paulo Monteiro, Rodrigo
Andrade e posteriormente Nuno Ramos, jovens artistas unidos por laços de
amizade e por propósitos estéticos comuns. Estão lá, por exemplo, duas obras do
artista de 1985 que compuseram A
Grande Tela na 18° Bienal de São Paulo. Paulo Miyada nos conta que
as pinturas de Carvalhosa “são maiores que seu corpo, transbordam massa de
tinta manuseada com vigor, e trazem alusões tanto a figuras mundanas quanto a
estilemas da história da arte recente. Desse encontro iniciático com a ideia da
pintura, Carlito sai com um impulso que nunca mais abandonaria: o interesse
pelo que existe de tátil na produção de imagens, pelo háptico subjacente ao
ótico”.
A
seção seguinte tem como destaque uma parede de encáusticas produzidas entre 1988 e 1991. São
obras que, segundo Lúcia Stumpf, “a partir da mistura de cera e terebentina,
com pouco pigmento, resultam em pinturas ricas em camadas matéricas e texturas,
privilegiando a cor e a transparência da cera. Já as obras em cera
policromáticas são compostas pela sobreposição de camadas, em um procedimento
que remete à colagem”. E estão posicionadas em diálogo frontal com os espelhos graxos, feitos a
partir de 2003. O fascínio pelo espelho perdurou por anos, e com ele o artista
produziu dezenas de peças, com as mais variadas cores, processos, formatos e
técnicas.
O
núcleo seguinte traz um conjunto expressivo dos dedinhos, trabalhos muito característicos de
sua produção, feitos em cera, com 30x30, e que formam uma espécie de mosaico. O
mesmo espaço abriga as ceras
perdidas, primeiro conjunto escultórico de Carvalhosa, produzido em
1995. Originalmente altas, as peças foram moldadas por abraços do artista no
bloco de cera maleável, trazendo sua estrutura corporal para a obra. Com os
anos, elas murcharam e perderam altura, ganhando outra expressão plástica,
bastante diferente da original.
O
visitante ingressa na sala seguinte pela instalação Qualquer direção, de 2011, uma das primeiras
que o artista faz com lâmpadas fluorescentes. Mais uma vez a obra está em
diálogo, agora com as pinturas feitas em chapas de alumínio. O núcleo seguinte
traz alumínios brancos
em diálogo com esculturas de porcelana. Para Stumpf, “as monotipias e pinturas
em gesso rebatem os contornos orgânicos das esculturas, que por sua vez ofuscam
o olhar do espectador com sua superfície reflexiva”, completa a curadora. Estão
nesse núcleo ainda alguns toquinhos,
obras que rememoram as grandes instalações de postes.
O
último núcleo traz os trabalhos do fim da carreira. São obras feitas em cera
que dialogam com os dedinhos.
Agora menos orgânicas, essas pinturas, que marcam o retorno à cera, foram
realizadas a partir de 2017 com o uso de moldes, seguindo esquemas geométricos
e usando cores vibrantes. Luis Pérez-Oramas conclui que “Se há uma coisa que me
parece caracterizar a obra de Carlito Carvalhosa, em todas as suas fases, e em
suas realizações mais emblemáticas, é o exercício permanente de chegar não ao
fim, mas ao começo, não ao ato final, mas à potência, não à forma clara e
definida, mas ao seu estágio larval, impuro, onde residem todas as suas
possibilidades”, completa.
Audiocatálogo
Um
audiocatálogo produzido em parceria com a Supersônica – plataforma concebida e
criada junto a Maria Carvalhosa, filha do artista, acompanha a exposição. Nele,
o ouvinte é guiado por reflexões de colaboradores, curadores, artistas e amigos
de Carvalhosa sobre suas encáusticas, espelhos e esculturas, entremeados por
trechos de entrevistas do artista e sonorizações de suas obras. A trilha
sonora, parte fundamental desse livro, evoca a atmosfera de suas instalações.
Paralelamente
à mostra de Carvalhosa, o Instituto Tomie Ohtake inaugura Mira Schendel – esperar que a letra se
forme, exposição retrospectiva com curadoria de Galciani Neves e Paulo Miyada, que
explora a presença dos signos da linguagem na obra desta artista fundamental
para a arte contemporânea brasileira.
Programa Público
A
estas exposições soma-se um programa público de encontros, oficinas e
vivências, com programação atualizada pelo site e redes sociais do Instituto ao
longo do período expositivo. Na abertura, dia 25 de outubro, realiza-se
programação concebida para professores das redes pública e privada, e também
para profissionais das artes com a participação dos curadores da exposição e os
educadores da instituição. No dia 26 de outubro, o público é convidado a
assistir performance do duo
Teia, parceria musical entre Inês Terra (voz) e Júlia Telles (teremin).
O duo pesquisa a relação entre os primeiros dispositivos eletrônicos e vozes,
em processos improvisados e composicionais. Teia transita entre sons harmônicos
e ruidosos, explorando as possibilidades do corpo por meio de intervenções,
partituras gráficas e gravações de campo. No dia 1 de novembro, o público em
geral é convidado a participar da mesa de debate Os ecos da palavra, com
a presença das artistas Lívia
Aquino, Lenora
de Barros e da pesquisadora Maria Carvalhosa. No dia 2 de novembro
serão três oficinas de diferentes gêneros de texto: Menus inventados, com a
participação da jornalista e crítica gastronômica Luiza Fecarotta; Dedicatória de livro - Livros que me
fazem lembrar você, com a participação da pesquisadora Rosa Couto e Técnicas de Comicidade e nossa
responsabilidade com as Palavras, orientada pela atriz e
comediante Karina Sbruzzy.
Haverá também no dia 21 de novembro a oficina de audiodescrição Da palavra a imagem com
a artista DEF Isadora
Ifanger e no dia 14 de janeiro a oficina de zines O diário de Mira Schendel conduzido
pelo artista e educador Léo
Daruma. A participação nos eventos se dá mediante inscrição
prévia, via o site do Instituto e sujeito a lotação.
Carlito Carvalhosa – A metade do dobro
Curadoria:
Ana Roman, Lúcia Stumpf,
Luis Pérez-Oramas e Paulo Miyada
Em
cartaz de 25 de outubro de 2024 a 02 de fevereiro de 2025
De
terça a domingo, das 11h às 19h – entrada franca
Instituto Tomie Ohtake
Av.
Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropé, 88) - Pinheiros SP
Metrô
mais próximo - Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela
Fone:
11 2245 1900
Site:
institutotomieohtake.org.br
Facebook:
facebook.com/inst.tomie.ohtake
Instagram:
@institutotomieohtake
Youtube:
www.youtube.com/@tomieohtake
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