Casa SP-Arte abre Check-mate(s), de Oscar Murillo

Exposição baseia-se no conceito de grade para relacionar trabalhos de Murillo a nomes como Lygia Clark, Hélio Oiticica e Cildo Meireles



Oscar Murillo, (untitled) aesthetic structure, 2013-2024

Crédito: Copyright The Artist | Courtesy of the artist and kurimanzutto, Mexico City and New York

A Casa SP–Arte inaugurou em 31 de agosto Check-mate(s), sua primeira exposição internacional. Organizada por Mark Godfrey, trata-se também da primeira mostra do artista colombiano Oscar Murillo no Brasil, apresentando obras dele em diálogo com nomes fundamentais da arte brasileira: Cildo Meireles,  Geraldo de Barros, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape e Sonia Gomes. Check-mate(s) é realizada pela kurimanzutto, galeria com sedes na Cidade do México e em Nova York.

A mostra revela que o processo artístico de Murillo tem afinidade com muitos artistas de diferentes lugares e períodos. Nela, ele se baseia no legado dos neo-concretistas brasileiros Lygia Clark, Lygia Pape e Hélio Oiticica, enfatizando textura e sensualidade em detrimento da precisão e da geometria, bem como a dinâmica lúdica de ordem e desordem nas obras do artista italiano Alighiero Boetti.

Há alguns anos, Murillo começou a reciclar fragmentos e sobras de pinturas descartadas ou inacabadas, costurando-os para compor uma malha quadriculada, semelhante a um tabuleiro de xadrez. É esta estrutura que conecta seu trabalho às tradições da abstração geométrica e da pintura modernista do século 20, além da arquitetura e design — como evidenciado no trabalho da portuguesa Leonor Antunes, por exemplo, artista também presente na mostra. 

As tendências improvisacionais de Oscar Murillo remontam ainda às tradições de colchas afro-americanas de Rebecca Myles Jones e ao uso de objetos encontrados nas obras dos artistas brasileiros Sonia Gomes e Antonio Tarsis. Suas pinturas ecoam experiências da vida urbana, como as composições de panfletos pintados e folhas de jornais de Abraham Cruzvillegas, provenientes da Cidade do México; a máscara de Damian Ortega feita de azulejos de um edifício dos anos 1960; além das imagens fotográficas de São Paulo de Geraldo de Barros e Elisa Sighicelli.

A grade de metal e vidro de Cildo Meireles dos anos 1970 lembra ao público um princípio que é caro a Murillo e reverbera ao longo de Check-mate(s): a arte abstrata pode aludir a condições políticas de cativeiro e liberdade sem ser explícita ou didática.

Sobre o artista

Oscar Murillo, nascido em 1986 na Colômbia, é um artista com uma prática multifacetada que explora coletividade e cultura compartilhada, profundamente conectada às qualidades afetivas dos materiais. Seu trabalho possui uma dimensão social, situando-se entre performances e eventos, convidando colaboradores para ações como carregar figuras tradicionais colombianas em cidades do Reino Unido, pintar linho preto globalmente ou realizar festas para equipes de limpeza em galerias de Londres. Desde 2013, com o projeto Frequencies, envolveu mais de 100.000 estudantes em um arquivo de arte colaborativa global. Reconhecido por suas pinturas em grande escala e instalações imersivas, utiliza materiais diversos como cornés, argila e metal enferrujado, muitas vezes apresentados em locais inusitados, refletindo seu compromisso com o poder expressivo do material em meditar sobre questões complexas da sociedade contemporânea. Murillo vive e trabalha em vários locais ao redor do mundo.

SERVIÇO

Check-mate(s)
Terça a sexta, das 11h às 18h
Sábado, das 11h às 17h
Até 20 de setembro 

Casa SP–Arte
Alameda Ministro Rocha Azevedo, 1.052 - Jardins 

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