Contos
de Cléo Busatto narram histórias de mulheres marcadas pela dor, coragem e com
um ponto de virada em comum
Se as mulheres ainda são percebidas como
seres frágeis, elas encontraram na vulnerabilidade a força necessária para
continuarem a existir. Apesar de enfrentarem violências de gênero,
negligências, desigualdades e desamparo, seguem em frente à procura de liberdade.
Esse é o panorama das vivências femininas na sociedade contemporânea - e de
outros tempos – que ressoa em Fragilidades, livro de estreia da escritora Cléo Busatto na literatura adulta após mais de duas décadas de dedicação
ao público infantojuvenil e à formação de leitores.
Os cinco contos que constituem a obra
recorrem a uma linguagem límpida, com diálogos rápidos, palavras não ditas e
sentimentos sufocados, para narrar as histórias de diferentes mulheres em busca
de se livrar de aprisionamentos sociais e emocionais. Cada texto apresenta
personagens em situação de confronto que precisam rever diversos aspectos da
vida, como relações maternais, abusos domésticos, amores líquidos pautados
pelas redes sociais e traições no matrimônio.
As narrativas estão conectadas por
experiências quase universais que atravessam diferentes épocas, idades e
contextos socioeconômicos. Abertura do livro, “Colar” aborda a trajetória de
uma jovem com poder de cura que esconde sua capacidade sobrenatural para não
ser desaprovada pelo pai e pela sociedade; já “Sombras” acompanha uma viúva
que, obrigada a ficar em casa durante todo o casamento, desenvolve agorafobia
após a morte do marido.
Durante quinze anos,
Inês viveu sob a sombra de Akira. No início da vida conjugal, ela nem mesmo
abria a boca, fosse para dar
opinião ou para questionar as ordens do marido. As freiras a instruíram a não
discordar, a não pedir. E
Akira não abria espaço para conversa fiada, como costumava dizer. Saía de casa
às oito da manhã e voltava às
sete da noite. Dormia às dez, e nesse tempo ocupava-se com o banho, o jantar
e o noticiário. Inês
acostumou-se a ficar calada, a ouvir, a concordar e a fazer sempre as mesmas
coisas,
rotineiramente as mesmas
coisas. (Fragilidades, p. 55)
No conto “Fragilidade”, os leitores
conhecem os problemas de uma mãe com Alzheimer e sua filha – juntas, elas lidam
com a recordação contínua de dores do passado. “Dança”, por outro lado, imerge
nas memórias de uma personagem que revisita relacionamentos e percebe como
perpetua a “maldição da família”, na qual as mulheres se casam com homens
mentirosos e violentos. Encerramento da obra, “Pandemônio” se debruça sobre os
conflitos de uma mãe de dois filhos que concede um espaço na casa para o ex
abusivo morar durante a pandemia e se torna uma vítima de feminicídio.
Ao final de cada texto, as protagonistas
têm suas dores expurgadas na própria história. Mas as soluções nem sempre são
positivas: muitas vezes, a liberdade somente é alcançada com situações
trágicas. Cléo Busatto
explica: “Os textos giram em torno do mesmo ponto central relacionado à dor que
as mulheres carregam e a como elas conseguem transformar as vidas através da
coragem e da resiliência. Escrevi esse livro porque minha mulher pediu vez para
falar, em todos os contos têm uma parte de mim”.
FICHA TÉCNICA
Título: Fragilidades
Autora:
Cléo Busatto
Editora: CLB Produções
ISBN:
978-65-87181-32-5
Páginas:
144
Preço:
R$ 68
Onde
comprar: Site “Fragilidades” | Amazon
Sobre a autora: Autora
de 42 obras de ficção, não ficção e infantojuvenis, com mais de 500 mil exemplares vendidos
em 20 anos de carreira, Cléo Busatto é uma artista da palavra. Foi duas vezes
finalista do Prêmio Jabuti, em 2016 com "A fofa do terceiro andar” e em
2023 com “Um lago, um menino e a lua”. Mestre em Teoria Literária (UFSC), promove
oficinas e palestras sobre narração oral, leitura e literatura e já formou em
torno de 80 mil pessoas. Fragilidades é seu primeiro livro de contos de ficção adulta.
Redes sociais da autora:
Instagram: @cleo_busatto
Facebook: /cleo.busatto
LinkedIn: Cléo Busatto
Site: www.cleobusatto.com.br
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