12/08 Dia Nacional das Artes: Quanto vale o show?

Artista plástica natural de Guaratuba (PR), Natalia Krüger é destaque internacional com trabalho em óleo sobre tela e ressalta importância de formação em gestão empresarial no planejamento de sua carreira

O perfil do empreendedorismo criativo vem mudando no Brasil: pesquisas de mercado e tendência mostram que as mulheres representam uma parcela cada vez maior em atividades ligadas à arte, design e moda, entre outras. Artista plástica brasileira nascida em Guaratuba, litoral do Paraná, Natalia Krüger, de 27 anos, é um bom exemplo da maturidade de uma nova era – formada em Empreendedorismo em Gestão Empresarial e Design de Moda pela Universidade Federal do Paraná, o caminho de Natalia até ter seu trabalho exposto no Museu do Louvre – em um espaço chamado “Carrousel du Louvre” - e ganhar destaque internacional mostra que a busca pela subjetividade da expressão artística nada tem a ver com falta de atenção à parte prática da gestão de toda uma carreira, o que inclui a precificação adequada de seu trabalho.   

“Quando saí do colégio e fui cursar gestão e empreendedorismo, vendia roupas que eu mesmo costurava e também as minhas telas, sempre a troco de banana”, conta a artista, que estudou todos os processos envolvidos em etapas da criação de um produto, do marketing ao financeiro. Com a experiência, Natalia passou a levar em consideração o tempo investido na arte e toda a história de vida colocada em sua obra na hora de vender. “Acabei percebendo que é muito significativo o tempo que passo pintando. Claro que cada artista sabe o seu valor, mas tenho pra mim que também precisamos de qualidade de vida”, completa a artista, que começou a pintar ainda aos onze anos de idade.   

Uma das escolhas mais importantes de sua trajetória foi tomada ainda durante o período da pandemia – Natalia, que trabalhava no financeiro de uma loja de utilidades, terminou um de seus quadros mais importantes justamente quando foi obrigada a trabalhar em horário reduzido. Finalizar a obra era só o começo do processo: após disponibilizar o quadro nas redes sociais e começar a divulgação em grupos sobre arte, percebeu uma repercussão que jamais imaginara. “Foi quando o interesse em meu trabalho cresceu e comecei a receber encomendas. Naquele momento, percebi que os quadros me dariam mais retorno financeiro”, relembra a artista, que escolheu por tornar a arte seu trabalho integral. “Hoje agradeço por isso, e olhar aquele quadro me traz toda a sensação dessa época”.  

Rifas para o Louvre

Mesmo com o planejamento, arriscar é preciso – um pouco de “loucura”, como define a artista plástica, faz bem tanto à arte quanto ao empreendedorismo. “Foi estudando gestão que vi que aprendemos mais no erro que nos acertos”, explica. Apesar de não saber se conseguiria pagar as exposições que estava realizando e em meio a problemas com a curadoria anterior, fez a entrevista com a “Vivemos Arte” e conseguiu fazer parte da seleção para expor suas obras no Carrousel du Louvre, que fica no subterrâneo do museu mais importante da França e o mais visitado do mundo. 

“Tive a ideia de fazer cópias autenticadas, chamadas de giclée ou fine prints, que são cópias limitadas de alta qualidade em canva, totalmente fiel a todos os detalhes da obra original, mas com detalhes a mais, para que seja uma cópia especial para cada cliente”, conta a artista, que utilizou os lucros para ajudar a financiar sua viagem. “O desafio não parou por aí. Fiz muitos projetos com a prefeitura de Guaratuba para divulgar minha arte e conseguir vender mais. No meio do percurso muitas pessoas me ajudaram, fui às escolas e fiz até rifa. Representar o litoral paranaense em outro país não foi fácil, mas nunca foi tão bom”. 

Óleo sobre tela e processo criativo

O processo criativo de Natalia Krüger não pede pressa – suas maiores inspirações remetem às praias da cidade onde mora, especialmente nos períodos de fins de tarde. Após registrar momentos com uma máquina fotográfica, a artista une vários elementos na escolha da paleta de cores para compor seu pôr-do-sol. “É um jeito de sonhar. O céu, para mim, é um marco entre a realidade e a fantasia.” O óleo sobre tela está entre suas plataformas favoritas. “Gosto muito, parece que temos o mesmo ritmo, em trabalhar com paciência e podendo trabalhar todos os detalhes com bastante tempo. Trabalhar com o que eu gosto e fazer meu próprio tempo é fundamental para meu processo criativo”. 

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