Artista plástica natural de Guaratuba (PR), Natalia Krüger é destaque internacional com trabalho em óleo sobre tela e ressalta importância de formação em gestão empresarial no planejamento de sua carreira
O
perfil do empreendedorismo criativo vem mudando no Brasil: pesquisas de mercado
e tendência mostram que as mulheres representam uma parcela cada vez maior em
atividades ligadas à arte, design e moda, entre outras. Artista plástica
brasileira nascida em Guaratuba, litoral do Paraná, Natalia Krüger, de 27 anos,
é um bom exemplo da maturidade de uma nova era – formada em Empreendedorismo em
Gestão Empresarial e Design de Moda pela Universidade Federal do Paraná, o
caminho de Natalia até ter seu trabalho exposto no Museu do Louvre – em um
espaço chamado “Carrousel du Louvre” - e ganhar destaque internacional mostra
que a busca pela subjetividade da expressão artística nada tem a ver com falta
de atenção à parte prática da gestão de toda uma carreira, o que inclui a
precificação adequada de seu trabalho.
“Quando
saí do colégio e fui cursar gestão e empreendedorismo, vendia roupas que eu
mesmo costurava e também as minhas telas, sempre a troco de banana”, conta a
artista, que estudou todos os processos envolvidos em etapas da criação de um
produto, do marketing ao financeiro. Com a experiência, Natalia passou a levar
em consideração o tempo investido na arte e toda a história de vida colocada em
sua obra na hora de vender. “Acabei percebendo que é muito significativo o
tempo que passo pintando. Claro que cada artista sabe o seu valor, mas tenho
pra mim que também precisamos de qualidade de vida”, completa a artista, que
começou a pintar ainda aos onze anos de idade.
Uma
das escolhas mais importantes de sua trajetória foi tomada ainda durante o
período da pandemia – Natalia, que trabalhava no financeiro de uma loja de
utilidades, terminou um de seus quadros mais importantes justamente quando foi
obrigada a trabalhar em horário reduzido. Finalizar a obra era só o começo do
processo: após disponibilizar o quadro nas redes sociais e começar a divulgação
em grupos sobre arte, percebeu uma repercussão que jamais imaginara. “Foi
quando o interesse em meu trabalho cresceu e comecei a receber encomendas.
Naquele momento, percebi que os quadros me dariam mais retorno financeiro”,
relembra a artista, que escolheu por tornar a arte seu trabalho integral. “Hoje
agradeço por isso, e olhar aquele quadro me traz toda a sensação dessa
época”.
Rifas para o Louvre
Mesmo
com o planejamento, arriscar é preciso – um pouco de “loucura”, como define a
artista plástica, faz bem tanto à arte quanto ao empreendedorismo. “Foi
estudando gestão que vi que aprendemos mais no erro que nos acertos”, explica.
Apesar de não saber se conseguiria pagar as exposições que estava realizando e
em meio a problemas com a curadoria anterior, fez a entrevista com a “Vivemos
Arte” e conseguiu fazer parte da seleção para expor suas obras no Carrousel du
Louvre, que fica no subterrâneo do museu mais importante da França e o mais
visitado do mundo.
“Tive
a ideia de fazer cópias autenticadas, chamadas de giclée ou fine
prints, que são cópias limitadas de alta qualidade em canva,
totalmente fiel a todos os detalhes da obra original, mas com detalhes a mais,
para que seja uma cópia especial para cada cliente”, conta a artista, que
utilizou os lucros para ajudar a financiar sua viagem. “O desafio não parou por
aí. Fiz muitos projetos com a prefeitura de Guaratuba para divulgar minha arte
e conseguir vender mais. No meio do percurso muitas pessoas me ajudaram, fui às
escolas e fiz até rifa. Representar o litoral paranaense em outro país não foi
fácil, mas nunca foi tão bom”.
Óleo sobre tela e processo criativo
O
processo criativo de Natalia Krüger não pede pressa – suas maiores inspirações
remetem às praias da cidade onde mora, especialmente nos períodos de fins de
tarde. Após registrar momentos com uma máquina fotográfica, a artista une
vários elementos na escolha da paleta de cores para compor seu pôr-do-sol. “É
um jeito de sonhar. O céu, para mim, é um marco entre a realidade e a
fantasia.” O óleo sobre tela está entre suas plataformas favoritas. “Gosto
muito, parece que temos o mesmo ritmo, em trabalhar com paciência e podendo
trabalhar todos os detalhes com bastante tempo. Trabalhar com o que eu gosto e
fazer meu próprio tempo é fundamental para meu processo criativo”.
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