Últimas semanas para conferir o programa expositivo "Diásporas asiáticas" no Instituto Tomie Ohtake

Programa público dos últimos dias conta com workshop, sessão de filme, apresentação de teatro e clube de leitura

Visitação: até 26 de maio de 2024

Como aponta o diretor artístico do Instituto Tomie Ohtake, Paulo Miyada, em um espaço cultural que recebe o nome de Tomie Ohtake, pensar as diásporas asiáticas é uma tarefa inevitável. Os numerosos conflitos, crises, invenções, revoluções e guerras ao longo do século XX foram determinantes tanto para a diáspora de importantes parcelas da população asiática quanto para o afluxo de imigrantes de diversas partes do mundo ao Brasil – tendo o estado de São Paulo como um destino comum para muitos fluxos diaspóricos devido a suas dinâmicas econômicas e sociais. “É um processo conflituoso, com perdas e trocas que atravessam as gerações e são definidas pela constante transformação”, completa Miyada.

O programa Diásporas asiáticas procura somar forças a esse processo ao sublinhar o impulso criativo de artistas vindos da China, da Coreia do Sul e do Japão (ou mesmo nascidos aqui, em famílias imigrantes), exemplares de seus fluxos migratórios e, ao mesmo tempo, casos singulares dentro da história da arte brasileira. O programa foi produzido com recursos captados via Lei de Incentivo à Cultura, do Ministério da Cultura.

Diásporas asiáticas compreende três mostras, sendo duas individuais dos artistas Chen Kong Fang (Tung Cheng, China, 1931 – São Paulo, SP, 2012) e Hee Sub Ahn (Seul, Coreia do Sul, 1940). A terceira mostra, uma coletiva, apresenta trabalhos dos ceramistas nipo-brasileiros Akinori Nakatani, Alberto Cidraes, Hideko Honma, Katsuko Nakano, Kenjiro Ikoma, Kimi Nii, Kimiko Suenaga, Luciane Sakurada, Marcelo Tokai, Mário Konishi, Megumi Yuasa, Mieko Ukeseki, Renata Amaral, Shoko Suzuki e Tomie Ohtake. Ao lado das obras dos ceramistas, haicais do artista Kenichi Kaneko são dedicados a cada um dos ceramistas reunidos. A presença de Tomie se dá, ainda, por uma parte do folder que acompanha a exposição – cujo acesso pode se dar por QR CODE – ser dedicada a suas obras públicas e a sua presença na cidade de São Paulo. A publicação conta ainda com textos inéditos dos curadores das mostras sobre os artistas e os universos retratados nas mostras e ainda com um texto comissionado de Lais Miwa, pesquisadora que vem se destacando no debate acerca da presença e da visibilidade da população asiática no contexto brasileiro.

Chen Kong Fang—O refúgio, com curadoria de Paulo Miyada e Yudi Rafael se debruça sobre a carreira e a obra desse artista que construiu sua vida no Brasil, desenvolvendo a sua prática pictórica no cenário artístico paulistano por cerca de cinco décadas. A exposição, primeira retrospectiva do artista em uma instituição brasileira, reúne um conjunto de mais de cem obras, entre pinturas a óleo e sumi-ês produzidos entre o final dos anos 1940 e o início da última década. Segundo os curadores, em vez de um partido cronológico organizado em fases sucessivas, a mostra enfatiza como o artista, que concebia a pintura como um caminho, fez de seu labor uma lida constante com gêneros pictóricos consolidados. “Tomando partido da reabertura experimental pelas vanguardas modernas, Fang imprimiu sua dicção própria nas ideias de retrato, paisagem e natureza morta”, completam. A exposição Chen Kong Fang — O refúgio conta com o patrocínio da CTG Brasil.

A exposição Hee Sub Ahn O caminho, com curadoria de Catalina Bergues e Julia Cavazzini, exibe pela primeira vez o trabalho da artista em um contexto institucional. A partir dos mais de cinquenta anos de criação intensa, selecionou-se um recorte das obras produzidas principalmente na década de 1980, poucos anos após sua chegada. Segundo as curadoras, a produção de Hee é atravessada pelas memórias do lugar de origem, e pela nova comunidade aqui construída no bairro do Bom Retiro, no qual a artista ocupa papel central. “A disciplinada e rotineira criação artística de Hee se torna um íntimo ritual de dar significado ao que percebe em seu entorno”, destacam Bergues e Cavazzini.

Tocar a terra — Cerâmica contemporânea nipo-brasileira, com curadoria de Rachel Hoshino, curadora convidada, e que conta com assistência de Ana Roman, elege a cerâmica para tratar do tema diáspora japonesa – “por ser ela, simultaneamente, matéria e metáfora: o terreno no qual se aporta, se planta e se habita é a terra tocada com arte pelo ethos nipônico”, explica a curadoria. São obras de 15 artistas baseados no estado de São Paulo cujas atividades, pesquisas e repertórios são influenciados pelas tradições do Japão, independentemente de sua ascendência. Segundo as curadoras, para além de forma e símbolo, é a experiência de energia latente que faz com que sementes e brotos sejam temas recorrentes em suas obras. “Muitas delas são deixadas em ambiente natural, onde continuam sua metamorfose, sob os efeitos de intempéries e da ocupação por outros seres”. Disso, ressalta Hoshino, resulta a outro importante conceito nipônico: “wabi-sabi” (侘び寂び), ideal estético-filosófico segundo o qual o belo reside no imperfeito, no impermanente e no incompleto. “A plasticidade da argila, o respeito pelo tempo e a consciência da interdependência entre tudo fazem com que a cerâmica seja prática favorável ao diálogo do ceramista com a sua história, seu entorno e consigo próprio”, completa Hoshino.

Exposição:

Programa Diásporas asiáticas

- Chen Kong Fang –  O refúgio

- Hee Sub Ahn –  O caminho

- Tocar a terra – Cerâmica contemporânea nipo-brasileira

Em cartaz até 26 de maio de 2024

De terça a domingo, das 11h às 19h – entrada franca

 

Programação Pública últimas semanas:

21 de maio – 19h – 21h

Sessão comentada do filme Bem-vindos de novo

Bem-vindos de novo é um filme que conta a história da família do cineasta Marcos Yoshi.  Na virada do milênio, seus pais, os descendentes de japoneses Yayoko e Roberto Yoshisaki foram tentar uma vida melhor no Japão, enquanto seus três filhos ficaram no Brasil com os avós. O casal retorna 13 anos depois, e a família passa por uma complexa reconstrução afetiva, documentada por Marcos. A história de uma família dividida entre a necessidade de garantir o sustento e o desejo de permanecer junta. Após a sessão do filme, haverá debate com Marcos Yoshi acerca dos processos de migração, identidade cultural e os laços que unem família e comunidade.

Mais informações e inscrições aqui

 

24 e 25 de maio

Workshop gratuito de Butoh - MUTSUMINEIRO

Conduzido pelo duo MUTSUMINEIRO, o workshop de Butoh é um espaço de exploração artística e autodescoberta, fundamentado nos princípios dessa forma de dança japonesa. Inicialmente, os participantes são introduzidos aos conceitos básicos do Butoh, abrangendo sua história, filosofia e técnicas de movimento. Em seguida, são conduzidos por uma série de exercícios que visam desenvolver a consciência corporal, promover a improvisação e estimular a expressão emocional, com o intuito de liberar a energia criativa e alcançar um estado de presença autêntica. O workshop integra ainda práticas de meditação, visualização e exploração do espaço, facilitando uma conexão mais profunda entre os participantes e seu ambiente circundante. Esses elementos complementares auxiliam na jornada de autodescoberta e incentivam uma compreensão mais íntima de si mesmo e do mundo ao redor.

Mais informações e inscrições aqui

 

26 de maio – 16h às 17h –

Apresentação artística de Butoh | Tonight or Never – MUTSUMINEIRO

A peça é inspirada no primeiro filme de Daniel Schmid, Tonight or Never; e conta a história de duas almas separadas que se reencontram após uma longa jornada. É um casamento eterno. Quando duas almas estão ouvindo os batimentos cardíacos uma da outra, são abençoadas. Mesmo com uma distância entre a vida e a morte, a morte ama a vida e a vida sopra na morte.

Mais informações aqui

 

29 de maio – 19h às 20h30

Clube de Leitura – “Grama”, de Keum Suk Gendry-Kim

O Clube de Leitura é um espaço de conversa com atenção e presença, mas também de descanso e fruição. Os livros de cada ciclo serão selecionados a partir das pesquisas desenvolvidas pelas exposições, dos desejos do grupo e das diferentes leituras de mundo que atravessam o nosso tempo. O livro escolhido para a conversa do mês de maio é o quadrinho Grama, de Keum Suk Gendry-Kim.  A obra, lançada na Coreia do Sul em 2017, já ganhou publicações em outros seis idiomas e tem colecionado prêmios e elogios da crítica no mundo todo. Vagas limitadas.

Mais informações e inscrições aqui

 

Instituto Tomie Ohtake

Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropé, 88) - Pinheiros SP

Metrô mais próximo - Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela

Fone: 11 2245 1900

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