Jorge
Antonio Salem reconstrói as histórias contadas pelo falecido sogro, João
Boiadeiro, sobre a época em que ele desbravava o Brasil liderando comitivas de
animais a cavalo, nos anos 1950
João Azevedo, mais
conhecido como João Boiadeiro, costumava reunir familiares e amigos para contar
as lembranças da época em que levava a vida como tropeiro, no início da década
de 1950. Natural de Santo Anastácio, em São Paulo, o trabalhador viajou por diversas
terras distantes enquanto liderava comitivas de animais a cavalo. Em 2020, aos
95 anos, ele morreu de velhice. Logo depois, a filha dele, Maura Lúcia, faleceu
em decorrência da covid-19. Agora, o genro do patriarca e viúvo, Jorge Antonio
Salem, publica Memórias de
um tropeiro para eternizar
essas histórias e homenagear a trajetória da família Azevedo.
Junto com a esposa, o autor foi vizinho
de João Azevedo em Nova Esperança, no Paraná. A cada visita que fazia à casa do
sogro, ouvia atentamente os detalhes narrados sobre as experiências vividas no
campo e nas estradas. Com um gravador, Jorge registrou ao longo dos anos muitas
dessas conversas e, após o falecimento do líder familiar, decidiu transcrever e
transformar as gravações neste livro — que é escrito em primeira pessoa, pelo
ponto de vista do próprio Boiadeiro, para retratar a forma como ele contava as
memórias quando ainda estava vivo.
Trabalhei como tropeiro
por quase 30 anos. Essa atividade fazia o meu
coração bater mais forte e era o que realmente
me fazia bem. Viajar, o vento e o sol no rosto, o barulho da tropa andando, e nós observando as pessoas às margens das estradas e as paisagens pelo longo caminho. (Memórias de
um tropeiro, p. 39)
O tropeirismo surgiu como uma
alternativa para promover a interligação dos polos econômicos inexistentes no
Brasil do passado, a partir do século XVII. Esses trabalhadores transportavam
grandes quantidades de animais por entre rios e montanhas, abrindo rotas e
fundando vilas. João Azevedo iniciou esse trabalho em 1952, formando grupos de
peões que conduziam centenas de cabeças de gado pelo país afora: ele passou
pelos estados de Mato Grosso, São Paulo e Santa Catarina, e por países como
Argentina, Paraguai e Bolívia.
A obra oferece um retrato dessas
viagens, como as distâncias percorridas, os locais desbravados, as pessoas que
ele conheceu e as guerras que presenciou pelo caminho. Para trazer ainda mais
fidelidade aos relatos do sogro, o autor visitou pessoalmente cidades próximas
a Ponta Grossa (PR), onde trotavam as caravanas que saíam do Rio Grande do Sul
em direção a Sorocaba (SP). Além disso, as páginas são recheadas de fotografias
de arquivos pessoais que não apenas ilustram as aventuras de João Boiadeiro,
mas também mostram registros históricos datados entre as décadas de 1950 e 1980.
Em uma jornada que destaca a importância
dessa prática para a cultura e a economia do país, as memórias de João Azevedo
pintam um retrato vívido de uma era que moldou tanto a identidade quanto a
construção do interior brasileiro e da América Latina. Recomendada a todos os
leitores que apreciam narrativas históricas e familiares, essa leitura
estabelece uma ponte entre o ontem e o hoje para revelar a herança cultural (e
muitas vezes anônima) deixada por esses condutores de tropas.
Ficha técnica
Título: Memórias de um tropeiro
Autor: Jorge Antonio Salem
ISBN: 978-65-5872-734-7
Páginas: 104
Preço: R$ 38,90 (físico)
Onde encontrar:
Amazon
Sobre o autor: Além de escritor, Jorge
Antônio Salem é farmacêutico-fiscal do Conselho Regional de Farmácia do Paraná
desde 1996 e mestre em Ciências da Saúde. Ele também publicou a obra 60 anos –
Uma história de dedicação ao conhecimento e o livro de poemas Poesias da vida cotidiana. Foi casado por 30 anos com Maura Lúcia Azevedo, filha de
João Azevedo, personagens que inspiraram a publicação de Memórias de
um tropeiro.
Redes sociais do autor
Site: jorgesalemescritor.com.br
Instagram: @jorge_antonio_salem
YouTube: @jasalemfar
Facebook: Jorge Salem
Escritor
LinkedIn: Jorge
Salem
TikTok: @jorgesalemescritor
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