Artista
natural do Vale do Jequitinhonha apresenta trabalhos realizados nas últimas
três décadas; Conversa aberta ao público sobre memórias do vale acontece no
próximo dia 16
Em cartaz até 02 de junho de 2024
O
Instituto Tomie Ohtake prorrogou até o dia 02 de junho Roda dos Bichos,
exposição dedicada à produção de Maria Lira Marques. Tendo como curador Paulo
Miyada e curadora assistente Sabrina Fontenele, a mostra reúne trabalhos de
toda a carreira de Lira Marques, que nas últimas três décadas extrai o barro
das encostas mineiras para produzir cerâmicas e pigmentos naturais para suas
pinturas e esculturas. Com uma produção profundamente marcada pelo imaginário
do semiárido mineiro, a artista se destaca por desenvolver uma linguagem
singular, pintando em pedras ou sobre o papel, seres que habitam seu universo.
A mostra conta com o patrocínio da Oliver
Wyman, Dasa, Instituto SYN e Shopping Tietê Plaza, através da
Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, via Programa Municipal de Apoio a
Projetos Culturais e do Ministério da Cultura, via Lei de Incentivo à Cultura.
A
mostra no Instituto Tomie Ohtake, a primeira institucional de sua carreira, é
dividida entre as três salas à esquerda do grande hall. Na primeira, redonda,
estão as pinturas em seixos de rio e outros trabalhos em papel. A segunda traz
diferentes grupos de obras e famílias de bichos, reunindo grande parte dos
trabalhos apresentados na exposição, enquanto a terceira sala, além de
apresentar obras do início da carreira de Maria Lira, é dedicada sobretudo a
contextualizar o seu trabalho e sua ligação com o Vale do Jequitinhonha,
através de documentos, objetos, cantos e fotografias. Um curta-metragem
produzido especialmente para a exposição, exibindo seus cantos, trajetória e
obra, completa a exposição.
Natural
de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, Maria Lira tem 78 anos, é ceramista,
pintora e pesquisadora autodidata. O interesse pelo barro surgiu ainda na
infância, observando a mãe criar presépios em barro cru para presentear
vizinhos. Foi com a cera de abelha que o pai usava em sua sapataria que moldou
seus primeiros objetos. Mais tarde, aprendeu o ofício com a vizinha Joana,
ceramista que lhe ensinou a coleta correta do barro e sua queima em forno à
lenha.
Com
o auxílio de livros emprestados por familiares e vizinhos, passa a produzir
bustos, que rapidamente são substituídos por obras que retratam a complexa
realidade de sua região, historicamente marcada pela pobreza. Na década de 70,
conhece Frei Chico, missionário holandês que vira seu grande amigo e parceiro
profissional. Juntos, passam a documentar a memória cultural do Jequitinhonha,
gravando cantos e rezas tradicionais.
Acometida
por uma tendinite, Maria Lira troca as esculturas pela pintura, usando o barro
em diferentes tonalidades como pigmento para desenhar seus bichos. Segundo
Paulo Miyada, “Os bichos do sertão de Lira vivem na paisagem imaginante que se
forma na ressonância entre a artista e o território. Tomam assento na
superfície arredondada de seixos de rio, delineiam-se entre manchas feitas de
água, cola e pigmentos minerais. Reaparecem enquadrados em planos de tons de
vermelho, ocre, branco e amarelo, sozinhos ou em grupo, muitas vezes junto a
símbolos-runas que traduzem elementos mais-que-humanos. São bichos de terra,
marcam-se na terra, e estão sempre grávidos de movimento”, comenta.
Programa Público Gratuito
Dia
16/05, das 19h às 20h30
Conversa: Memória do Vale.
Com
Aline Carmona e Sirlene Giannotti
Mediação:
Sabrina Fontenele
Mais
informações e inscrições: https://www.institutotomieohtake.org.br/programas-publicos/conversa-memorias-do-vale/
Exposição:
Maria Lira Marques – Roda dos Bichos
Curadoria:
Paulo Miyada
Abertura:
29 de fevereiro, às 19h (convidados)
Abertura
oficial para o público dia 02 de março, às 11h
Em
cartaz até 02 de junho de 2024
De
terça a domingo, das 11h às 19h – entrada franca
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