Últimos dias para visitar: Simões de Assis apresenta primeira individual de Jean-Michel Othoniel no Brasil
"Sob
outro sol" exibe esculturas totêmicas, pendentes de vidro e pinturas sobre
folhas de ouro do artista francês reconhecido internacionalmente pelo deslumbre
estético e obras monumentais; em cartaz até 4 de maio
Obra Precious Stonewall, 2024
Crédito: Claire Dorn; Jean-Michel Othoniel / ADAGP, Paris, 2024
Reencantar
o mundo. Essa é a proposta do artista francês Jean-Michel Othoniel, que ganhou sua
primeira individual no Brasil a convite da Simões de Assis, em cartaz até 4 de maio. Othoniel é
reconhecido por instalações de dimensões arquitetônicas em que experimenta uma
diversidade de materiais para compor das obras como vidro, ouro, cera, enxofre,
obsidiana e metal.
Sob outro sol apresentará esculturas totêmicas de vidro
indiano espelhado, pinturas sobre folhas de ouro e pendentes de vidro Murano,
além de uma escultura de aço inoxidável espelhado. Esta última, a obra
“Collier Miroir”, é uma escultura semelhante aos colares de vidro pendentes que
o artista produz em vidro de Murano, mas dessa vez feita em inox espelhado e
autoportante, com quase três metros de altura.
Estes
trabalhos transitam no limiar entre o íntimo e o monumental – pinturas
delicadas sobre folhas de ouro convivem com grandes pendentes de contas e as
séries radiantes de tijolos de vidro, como Wonder Block (2023) e Oracle (2023), expostas
também em 2021 no Petit Palais, em Paris.
No
campo da pintura, Othoniel se interessa enfaticamente no simbolismo potente das
flores, assim como materialidade, focada especificamente na ambiguidade entre a
força e a fragilidade do vidro. Nelas, o artista continua a investigar acerca
da natureza através de uma abordagem contemplativa e minimalista, retratando
sua visão romântica do mundo em que prazeres simples, como a fauna, são
reflexos de significados ocultos.
Entre
museus de arte, espaços públicos e coleções privadas, as obras de Othoniel
impressionam pela estética deslumbrante e pelo diálogo com o entorno. São
muitas as obras criadas para espaços públicos como na Catedral de Angoulême, no
Palácio Ideal do Facteur Cheval, em jardins botânicos do Brooklyn, no jardim de
Versalhes ou no transporte público de Paris. Esta última, “Le Kiosque des
Noctambules”, é uma instalação site-specific localizada na estação Palais Royal
- Musée du Louvre. Comissionada para a celebração do centenário do metrô de
Paris, a escultura colorida acolhe o público como uma pausa de encantamento na
histeria da cidade apressada.
Segundo
Marc Pottier, que assina o texto crítico, a mostra exibe “uma ampla gama de
trabalhos que não podem ser confinados a nenhuma categoria, mas que também não
compõem uma retrospectiva. O que o artista aspira é prover uma visão global de
seu trabalho multifacetado”.
A
técnica no tratamento dos materiais é a pedra angular do trabalho do artista,
que há 30 anos descobriu no vidro soprado uma infinidade de variações possíveis
para a elaboração conceitual do seu trabalho em parcerias com mestres vidreiros
e artesãos de várias partes do mundo como Itália, Suíça, México e Japão, por
exemplo.
“Os
materiais são uma das chaves para a leitura dos meus trabalhos, são a parte
visível do iceberg; a sequência de significados também se faz por meio de
palavras, textos, obsessões, coisas não ditas, encontros, perdas” declara o
artista.
A
passagem de Othoniel pelo Brasil tem início na Simões, se expandindo para o
Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, no último trimestre de 2024, com uma
exposição individual e a participação na Bienal de Curitiba, ambas curadas por
Marc Pottier, apresentando a obra "The Eye of Night".
“A
ideia de encantamento e admiração é o que o artista colocou no centro de sua
exposição na Galeria Simões de Assis, e suas transgressões estéticas sempre
levam a uma forma de reencantamento”, afirma Pottier.
Com
um sentido amplo, o título da mostra está ligado tanto às obras muito
luminosas, como as pinturas de flores e os tijolos em vidro, como à chegada do
artista em outro hemisfério, que potencializa novas interpretações do seu
trabalho.
Sobre o artista
Jean-Michel
Othoniel (Saint-Étienne, França, 1961) é um dos grandes nomes da arte
contemporânea internacional. Esculpe peças que se assemelham a joias, tanto
pelo aspecto formal, quanto pelo preciosismo dos materiais, que vão de contas a
tijolos de vidro de Murano soprado. Suas formas contemplativas navegam pelos
reinos paradoxais da monumentalidade e delicadeza, do ornamento e do
minimalismo. Com mais de 100 exposições individuais ao redor do mundo, além de
centenas de exposições coletivas, Othoniel foi amplamente premiado, com
destaque para a distinção de Cavaleiro da Ordem de Artes e Letras da França.
Suas obras integram importantes coleções internacionais, como o Centre
Pompidou, a Fondation Cartier pour l’art contemporain, em Paris; o Musée
National d’Art Moderne de Paris; o Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris, o
Brooklyn Museum, em Nova York; o Museum of Glass, em Tacoma; a Peggy Guggenheim
Collection, em Veneza; o Museum of Comtemporary Art (MoCA), Miami; e o Museum
of Modern Art (MoMA), em Nova York.
Sobre Marc Pottier
Marc
Pottier é um curador de arte contemporânea, com ênfase em arte em espaços
públicos e plataformas culturais digitais. Trabalhou por oito anos no
Ministério de Relações Internacionais da França no Rio de Janeiro e em Lisboa
como cultural attaché. Desenvolveu a curadoria de importantes exposições no
Brasil e na Europa, além de coordenar o Royal Group Public Art Park nos
Emirados Árabes. É o autor do livro “Made by Brazilians”, apresentando
entrevistas com 230 profissionais do cenário da arte contemporânea brasileira,
além de ter sido o curador convidado da 3ª Bienal da Bahia. Desde 2016,
colabora com o projeto da Cidade Matarazzo Floresta Atlântica em São Paulo, em
parceria com Jean Nouvel e Philippe Starck, com 50 obras de arte site-specific
e em áreas públicas.
Sobre a Simões de Assis
Desde
a sua abertura, a Simões de Assis dirige o seu olhar para a arte moderna e
contemporânea, especialmente para a produção latino-americana. Ao longo de
décadas de trabalho, a galeria se especializou na preservação e na difusão do
espólio de importantes artistas como Emanoel Araujo, Ione Saldanha, Carmelo
Arden Quin, Cícero Dias e Miguel Bakun, contando com a parceria de famílias e
fundações responsáveis.
A
arte é também aquilo que se produz a partir dos tantos encontros. A partir do
contato estreito com pesquisadores e curadores, a Simões de Assis conseguiu a
articulação necessária para difundir e representar seus artistas no Brasil e no
exterior.
Ampliando
o alcance do mercado de arte no Brasil, a Simões de Assis tem três espaços, em
São Paulo, Curitiba e Balneário Camboriú, estimulando trocas e debates, além de
fomentar a carreira de seus artistas.
Serviço:
Exposição “Sob outro sol”
| Individual de Jean-Michel Othoniel
Período: 16 de março a 4 de maio
Local: Simões de Assis
Endereço: Alameda Lorena, 2050 – Jardim Paulista, São Paulo
Entrada gratuita
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