No
último domingo, 7 de abril, foi celebrado o Dia Nacional de Combate ao Bullying
e à Violência na Escola. Foi nesse dia, em 2011, que ocorreu o massacre de
Realengo, no Rio de Janeiro. Na ocasião, um rapaz de 23 anos de idade que
sofria bullying na infância entrou em uma escola e matou doze crianças, em um
atentado que chocou o país.
O bullying é a prática de atos de violência física ou psicológica, intencionais
e repetidos. Derivado da palavra em inglês “bully”, o termo significa tirano,
brutal. O bullying tem consequências que podem ser devastadoras para a saúde
mental a longo prazo. “O bullying causa sentimentos de tristeza e inadequação e
o contato com esse tipo de agressão pode causar traumas capazes de afetar
seriamente o desenvolvimento de crianças e jovens por toda a vida”, diz Filipe
Colombini, psicólogo e CEO da Equipe AT.
A data visa chamar a atenção para a problemática que acontece com enorme
frequência nas escolas brasileiras. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde
Escolar (PeNSE), um percentual superior a 40% dos estudantes adolescentes
admitiram ao Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE) já ter sofrido com as
prática de bullying, de provocação e de intimidação.
Confira, a seguir, mitos e verdades sobre a prática do bullying:
1) Bullying faz parte da
infância e adolescência. Mito! É comum as pessoas considerarem
as práticas do bullying naturais no universo de crianças e jovens, encarando-as
como “brincadeira de criança”. Bullying não é brincadeira!!!! “Ferir alguém,
física ou emocionalmente, nunca é engraçado e deve ser encarado com seriedade”,
diz Filipe.
2) Bullying é uma ação
isolada e individual. Mito! No bullying, os papéis dos
envolvidos são dinâmicos e todos têm sua parcela de responsabilidade. “É comum
que a vítima também cometa episódios de bullying e o agressor certamente já
sofreu algum tipo de agressão, seja física, psicológica ou moral”, explica
Colombini. “Os espectadores também não são neutros. Eles podem atuar tanto no
sentido de incentivar a agressão, como prestando suporte à vítima, então este é
um ato coletivo, com raízes nas vivências de cada envolvido”, conclui.
3) O cyberbullying é menos
nocivo do que o bullying presencial. Mito! O bullying praticado
no ambiente virtual (em redes sociais, grupos online ou aplicativos de
mensagens), tem potencial tão devastador (ou até mais devastador) do que o
bullying presencial. “O cyberbullying pode ampliar ainda mais as ofensas e
abusos, podendo levar a dificuldades e transtornos psiquiátricos, tais como:
depressão, ansiedade, isolamento e até mesmo ao suicídio”, alerta o
especialista.
4) O bullying tem efeitos
a longo prazo. Verdade! Segundo Filipe, as consequências do
bullying ao longo da vida englobam prejuízos acadêmicos, impactos nas relações
interpessoais e autoestima, insônia severa e maior propensão ao surgimento de
transtornos como ansiedade e depressão. “A intervenção precoce, tanto com
relação às vítimas quanto aos autores, pode reduzir os riscos de danos
emocionais tardios e por isso é tão importante”, diz Filipe.
5) A escola deve ser ativa
no combate ao bullying. Verdade! Segundo Filipe, não é incomum
que as escolas não dêem a devida atenção ao bullying. Quando, por exemplo,
ocorrem agressões ou até mesmo um suicídio na escola, as escolas acabam
tratando os problemas, mas não o que está por trás disso (o bullying). “Estas
instituições, dessa forma, acabam reforçando o bullying, ainda que não tenham
plena consciência disso”, diz Filipe. “O papel da escola é fundamental na
promoção de ações individuais e coletivas, para remediar e prevenir o
bullying”, conclui. Colombini destaca ainda que a escola deve ser avisada,
quando há a constatação das agressões. “Além disso, o acolhimento à vítima é
fundamental e o acompanhamento psicológico, assim como a orientação parental,
têm impactos positivos para ajudar a toda a família nessa situação”, afirma o
psicólogo.
Mais
sobre Filipe Colombini: psicólogo,
fundador e CEO da Equipe AT, empresa com foco em Acompanhamento Terapêutico
(AT) e atendimento fora do consultório, que atua em São Paulo (SP) desde 2012.
Especialista em orientação parental e atendimento de crianças, jovens e
adultos. Especialista em Clínica Analítico-Comportamental. Mestre em Psicologia
da Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Professor do Curso
de Acompanhamento Terapêutico do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e
Drogas – Instituto de Psiquiatria Hospital das Clínicas (GREA-IPq-HCFMUSP).
Professor e Coordenador acadêmico do Aprimoramento em AT da Equipe AT. Formação
em Psicoterapia Baseada em Evidências, Acompanhamento Terapêutico, Terapia
Infantil, Desenvolvimento Atípico e Abuso de Substâncias.
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