Por J.C. Lydes*
O quanto ficção e realidade podem se
entrelaçar? Quanto um livro pode impactar na vida de alguém? Bem, no meu caso,
teve o poder de modificar a forma como eu me enxergava, desde a minha carreira
até os planos para o meu futuro.
Aqui,
peço licença para contar uma breve história, afinal, estamos falando de livros.
Há
quatro anos, fechada em casa com a pandemia, passei a ler mais do que
costumava. E, por mais que gostasse das leituras, sempre parecia que não era
exatamente o que eu queria. Não encontrava o tal livro, a tal história que
tanto ansiava. Talvez algo parecido, mas não ela. Foi quando me dei conta de
algo: eu não a encontrava porque ela não existia. Ainda não. Na minha ânsia por
ler algo que não encontrava, resolvi sentar e escrever. Sem intensão ou
pretensão alguma, além de satisfazer o meu imaginário. Queria uma protagonista
forte, destemida e imbatível. Uma anti-heroína apaixonante.
Gostaria
que fosse uma trama que expressasse todo o meu incômodo com o machismo, uma
ficção que mostrasse que a realidade pode ser diferente. No meio de tantas
coisas, me dei conta de algo: eu queria ser escritora e não sabia. Foi a
imersão em uma ficção que abriu os meus olhos para a vida real. A ficção mudou
a minha realidade. Depois desse livro, publiquei mais quatro. Porém, foi um
único livro, uma única história, que mudou a minha vida. No meu caso, como no
de tantas pessoas, o que encontramos na ficção ressoa na vida real. Motiva,
inspira, encoraja.
Afinal,
os livros nos modificam. Quando nos permitimos viajar pelos diversos mundos que
a literatura nos proporciona, podemos ver com lentes diferentes coisas que
sempre estiveram diante dos nossos olhos, por vezes cansados demais para notar.
Ou simplesmente vamos para tão longe que nossos ombros, cansados, se aliviam um
pouco do peso que carregamos.
Livros
são poderosos! Nos levam para uma linda dança, nos envolvem com tramas e
personagens, nos fazem rir, chorar, refletir, sonhar, colocar os pés no chão.
Nos deslocam da nossa realidade cotidiana, mostram, sutilmente ou não, dores,
alegrias, medos e questões profundas da nossa existência.
Quando
nos permitimos embarcar nesses diversos e fascinantes mundos, recheados de
possibilidades, estamos proporcionando que nossas mentes se expandam, que os
corações descompassem ou encontrem o ritmo, que as veias pulsem. Porque esse é
o grande poder dos livros: entrelaçar ficção e realidade para além das páginas.
*J.C. Lydes
ou Jéssica Chagas tem 30 e poucos anos, é baiana, mora em São
Paulo e escreveu A história de como eu morri
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