*Paula Toyneti Benalia
Imagine que você não
tem poder de escolha. Para sair de casa, precisa pedir permissão ao seu marido
ou, então, falar somente o necessário. Você não deve pensar muito e, para ser
uma mulher “perfeita”, precisa saber bordar, cuidar muito bem da casa e ter
filhos saudáveis. Sua vestimenta? Precisa estar de acordo com as regras
sociais.
Imagine-se
acordando em uma sociedade em que o cotidiano feminino se baseia em afazeres
domésticos e atividades do lar.
Levou
um susto? Estamos falando aqui da vida das mulheres do século XIX, mas, talvez,
você tenha achado essas pautas normais no cotidiano de muitas mulheres do
século presente.
Quando
falamos do Dia Internacional da Mulher, sempre vem à mente a luta diária que
todas nós enfrentamos em diversos contextos. Conquistamos tanto, mas, se
olharmos com clareza, ainda temos muito para buscar. Hoje somos tão
empoderadas, colocamo-nos em meios que até então eram somente masculinos e
gritamos por aí como somos donas das nossas vidas.
No
entanto, se você ler as notícias todos os dias, vai ver a todo tempo mulheres
sendo abusadas sexualmente, assediadas, julgadas, sofrendo com relacionamentos
abusivos, entre outras coisas.
Será
mesmo que a mulher pode colocar a roupa que quiser para sair de casa? Ou o que
ela veste determina como será o seu dia? Os cargos altos, de chefia, de
liderança, estão divididos igualmente entre homens e mulheres? Temos igualdade
corporativa? Igualdade política? Violência doméstica parece ter virado rotina
nos noticiários. E os salários? Costumam ser iguais para os dois gêneros?
Sabemos
a resposta de todas essas perguntas e, se olharmos lá para o século XIX, ainda
vivemos muitos abusos que eram “comuns” naquela época. Ou seja, as pautas
antigas ainda são muito atuais. Não vamos dizer que não conquistamos.
Nossa, como conquistamos! Mas essa luta está longe de terminar.
Nesse
Dia das Mulheres, que possamos ser como as heroínas dos nossos livros
preferidos. Aquela guerreira que luta o livro todo pelo próprio final feliz e
que não fica esperando por um príncipe encantando que chega no cavalo branco.
Não! Ela monta no cavalo e vai lutar por seu próprio destino. Ela não desiste,
não deixa de sonhar com um capítulo mais feliz, e, quando não encontra, escreve
uma nova narrativa.
Uma
mulher que sonha, chora, ri, sofre, briga, luta, discute, insiste, ama, sem se
importar se terá um fim, mas que imagina sempre um recomeço, seja em outra
história ou na série da sua vida. O meu desejo hoje é que todas nós possamos
ser best-sellers, premiadas e reconhecidas e com um aviso de que somos as mais
especiais do livro!
*Paula Toyneti Benalia é psicóloga,
administradora de empresa
e escritora, autora da
trilogia Deusas de Londres e outros sete títulos
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