Processo criativo e obra "Quem me leva
para passear" pautam o papo
A
talentosa artista Elisa
Lucinda participa do programa Trilha de Letras nesta quarta (27), às 22h,
na TV Brasil.
A edição inédita traz uma entrevista da atriz, cantora, poetisa, jornalista e
escritora sobre seu mais recente livro, "Quem me leva para passear",
com a apresentadora Eliana
Alves Cruz.
A
conversa gravada na BiblioMaison para a produção da emissora pública fica
disponível no app TV
Brasil Play. O conteúdo exclusivo sobre cultura e
literatura ainda tem uma versão transmitida pela Rádio MEC no mesmo dia,
mais tarde, às 23h.
Durante
o bate-papo, ela fala sobre escrita, poesia, rap e racismo. Elisa Lucinda
destaca como a vida a espanta. "A minha primeira paixão foi a poesia. O
que eu escrevo é o produto do impacto com o meu olhar com o real. Tudo sempre
me chamou a atenção. Principalmente as cores", salienta.
Mudança
de carreira e novidades
A
convidada conta episódios curiosos de sua formação e recorda passagens
marcantes como a entrevista que fez com Elba Ramalho. "É um ponto
fundamental na minha história, uma esquina, uma encruzilhada boa". Foi um
momento decisivo em sua trajetória ao deixar o jornalismo e investir na
carreira artística. "Eu não quero mais dar a notícia. Eu quero ser a
notícia", pensou na época.
Na
animada conversa, Elisa Lucinda explica para Eliana Alves Cruz as novidades de
"Parem de falar mal da rotina". Escrito a partir do monólogo que
apresenta há mais de vinte anos nos palcos brasileiros, o livro acaba de ganhar
uma reedição.
A
artista comenta sobre escrever para ser lida em voz alta. No Trilha de Letras,
a autora inclusive lê um trecho da sua obra "Quem me leva para
passear". A publicação foi finalista do Prêmio Jabuti 2022 na categoria
"Romance de Entretenimento".
Sobre
seu processo criativo, o diálogo é fértil. "Pode acontecer a qualquer
momento. Estou sempre disponível para uma ideia que vem. Escrevo não
necessariamente para publicar, mas para entender o que está acontecendo, para
traduzir. Amo escrever. Não é nenhum sacrifício. Gosto muito de escrever em
primeira pessoa", relata.
Elisa
Lucinda revela seus novos projetos. "Agora estou escrevendo um romance e
um livro de poesia. E vou publicar um, que já está pronto, 'Diário do
Vento'", antecipa a artista que abre o coração: "O que resume minha
literatura, música, teatro, novela... Tudo que fiz e faço da vida é para
proteger a minha liberdade que é inegociável e a minha criança",
sintetiza.
No
quadro "Dando a Letra", espaço do programa que traz uma dica semanal
de leitura, a booktuber Gabriela Costa recomenda o título "A Descoberta do
Frio", livro redigido por Oswaldo de Camargo com uma narrativa de mistério
que trata das relações raciais no país.
"Temos
que nos reconstruir"
Em
sua participação no programa Trilha de Letras, Elisa Lucinda aborda a
capacidade de rever conceitos. "Nós temos que nos reconstruir. Todos nós.
É libertador dizer que a gente pode aprender a ver de outra maneira".
A
entrevistada comenta a importância da palavra. "O funk e o rap são
expressões dos até então invisíveis. Trazem notícias das desigualdades e um
olhar de um outro ângulo para quem está do outro lado. Além disso, é uma grande
vitória contra as armas. É a vitória do verbo contra a violência", define.
"Ser dono da palavra é uma grande revolução natural".
Elisa
Lucinda pondera sobre a importância de se discutir a definição de literatura e
assumir as manifestações orais como o slam. "As meninas produzindo suas
letras, os grandes grupos de slam que existem no país inteiro representam uma
revitalização imensa da nossa língua e da nossa quilombagem", sugere.
Ausência
de negros nas telas e na literatura
Elisa
Lucinda é enfática ao traçar um panorama sobre a solidão de atrizes e
escritoras negras estarem 'sozinhas' no que ela e a apresentadora Eliana Alves
Cruz chamaram de cenário desértico. "É uma solidão que me exigiu muita
obstinação e muito foco na esperança. Era muita opressão emocional",
reconhece.
A
entrevistada reforça a crítica. "Nós todos sabíamos que era um preto por
elenco e olhe lá. Nós fomos alijados. Havia uma mudez dos nossos colegas.
Assistiram aquela exclusão ou ninguém reparava que aquilo era Brasil e não
tinha preto em elenco nenhum?", declara.
A
análise demonstra como os profissionais tinham receio de sofrer retaliações.
"A gente ficava muito solitário. Quando sofria racismo dentro de uma
produção, sozinha de preto, você ficava com medo de falar e ainda perder essa
única oportunidade. Era uma solidão amplificada por dentro. É muito
sério".
A
atriz reflete sobre essa mudança de paradigma que abriu portas para as novas
gerações de profissionais. Sobre a seleção de elenco, Elisa Lucinda rememora a
restrição na escolha de personagens para pessoas negras.
"Era
muito restrito. Se tinha uma dona de pousada, uma banqueira, uma médica. O
preto não era pensado. Diziam para mim: 'Elisa, infelizmente, não tem seu
perfil. Não tem papel para você'. Isso durou tanto tempo que sacrificou muita
gente, muitas trajetórias. Muitos amigos nossos morreram de depressão, por
falta de convite, falta de respeito."
Sobre
o programa
O
Trilha de Letras busca debater os temas mais atuais discutidos pela sociedade
por meio da literatura. A cada edição, o programa recebe um convidado
diferente. A atração foi idealizada em 2016 pela jornalista Emília Ferraz,
atual diretora do programa que entrou no ar em abril de 2017. Nesta temporada,
os episódios foram gravados na BiblioMaison, biblioteca do Consulado da França
no Rio de Janeiro
A TV Brasil já produziu
três temporadas do programa e recebeu mais de 200 convidados nacionais e
estrangeiros. As duas primeiras temporadas foram apresentadas pelo escritor
Raphael Montes. A terceira, por Katy Navarro, jornalista da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
A jornalista, escritora e roteirista Eliana Alves Cruz assume a quarta
temporada, que também ganha uma versão na Rádio MEC.
A
produção exibida pelo canal público às quartas, às 22h, tem horário alternativo
aos domingos, às 23h. O Trilha de Letras ainda vai ao ar nas madrugadas de
quarta para quinta e de domingo para segunda, na telinha. Já na programação da Rádio MEC, o conteúdo é
apresentado às quartas, às 23h.
Ao
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Serviço
Trilha de Letras – quarta, dia 27/12, às 22h, na TV Brasil
Trilha de Letras – quarta, dia 27/12, às 23h, na Rádio MEC
Trilha de Letras – quarta, dia 27/12, para quinta, dia 27/12, às 3h30, na TV
Brasil
Trilha de Letras – domingo, dia 31/12, para segunda, dia 1º/1, às 4h30, na TV
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