Dia 11 de novembro, 11h-17h | Em cartaz até 10
de fevereiro de 2024
A
Galeria Nara Roesler apresenta Um
pirata, um poeta, um peão e um rei [A pirate, a poet, a pawn and a
king], primeira exposição individual do artista mexicano Jose Dávila
(Guadalajara, 1974) no Brasil. Marcando o início da representação do artista
pela galeria, a mostra reúne trabalhos recentes de Dávila, com cerca de 20 obras,
incluindo instalações, esculturas, pinturas e desenhos. Acompanhada de texto de
Julieta González, exposição revela aspectos intrínsecos da prática do artista,
marcada por uma abordagem da linguagem e da tradição escultórica a partir de
uma perspectiva centrada na articulação entre a "vontade construtiva"
e os princípios físicos que regem a natureza.
O
título da exposição faz alusão à ideia de transformação e mutação presentes na
obra de Dávila e se refere ao modo como ele lida com os materiais, a partir de
uma abordagem poética de uma música de Frank Sinatra (That's Life). Segundo a
afirmação do artista: "Uma pessoa pode ser um pirata, depois um poeta,
também um peão e acabar sendo um rei... a mesma pessoa. [...] Estou muito
interessado na noção de que todas as coisas evoluem e se transmutam com o
tempo: nós como pessoas, as coisas como objetos e materiais, o significado
simbólico. Essa evolução constante é um campo fértil para o surgimento de novos
significados, para que as mudanças sejam aceitas e para que novos começos
aconteçam. Essa é uma qualidade e característica essencial da natureza da arte,
a capacidade de transformação", pontua Dávila.
Embora
o elemento central de sua poética seja o campo escultórico, não lhe interessam
a estabilidade e o caráter muitas vezes “sólido” desse tipo de linguagem, sua
atenção se dirige muito mais à impermanência e a instabilidade. "A maneira
como abordo os materiais, por que os escolho e como os utilizo posteriormente,
está relacionada a esses conceitos, sintetizados no título da exposição, a
partir de uma abordagem poética”, completa o artista. Isso fica visível em
alguns trabalhos como Esforço
Compartilhado, no qual Dávila, por meio de uma alça de catraca, une
dois espelhos unilaterais de maneira oblíqua. O material responsável por puxar
a alça para baixo e impedir que os espelhos caiam é um conjunto de pedras.
Desse modo, o artista cria uma composição por meio de materiais completamente
distintos e mesmo opostos, o que confere para a mesma uma latente sensação de
fragilidade e colapso iminente. O esforço dividido em cada parte, no entanto, é
o que mantém os elementos unidos. Princípio semelhante se dá no trabalho Cadeia Trófica, cujo título
remete ao processo de transferência de matéria e energia dentro de um
ecossistema. Nesse conjunto, um espelho se mantém elevado de forma oblíqua e
imponente, às custas da disposição de um bloco de concreto e um conjunto de
pedras.
O
olhar apurado para o espaço e para a análise das forças físicas, tais como
massa, equilíbrio e materialidade, se faz constantemente presente no trabalho
de Dávila. Os elementos de sua poética são explorados por meio dos mais
diversos suportes e linguagens, indo desde a escultura e a instalação, nas
quais emprega materiais rígidos como pedras, vidro e concreto até materiais
flexíveis como arame, papelão e fitas e correias, até elementos
pictóricos. Um procedimento recorrente em seu trabalho são as releituras
que executa das produções de figuras consagradas da História da Arte, como
Donald Judd e Roy Lichtenstein. Na exposição, poderão ser vistos trabalhos da
série Homage to Square,
na qual Dávila transforma a série de pinturas homônima de Josef Albers em
móbiles cinéticos.
A
pintura também entra no radar poético do artista, igualmente embasada na busca
por situações impermanentes ou tensionadas. Na série The fact of constantly returning to the
same point or situation, Dávila cria um conjunto de círculos com
cores e consistências distintas. Quase sempre incompletos, ou enquadrados de
maneira a não se poder percebê-los como um todo, eles acabam provocando no
espectador a mesma sensação, que é a de incompletude e desorientação. Orden Discontinuo, série de
impressões realizadas em diferentes tipos de papel, trazem composições e
provocam sensações similares, porém, incorporando também as qualidades dos
suportes em que se inserem, como dobras/rasgos e texturas.
Serviço:
Jose
Dávila – Um pirata, um poeta,
um peão e um rei
De
11 de novembro de 2023 a 10 de fevereiro de 2024
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