No universo da ficção científica, os robôs são retratados como amigos e parceiros de trabalho, que interagem com os seres humanos e reproduzem emoções, já que estão integrados à vida cotidiana. Conhecidos friendly robots, ou robôs amigáveis, em português, projetados para interagir com os humanos de maneira simpática, segura e colaborativa., são o tema da exposição “Convivendo com robôs”, que acontece de 14 de novembro de 2023 a 31 de março de 2024, no andar térreo da Japan House São Paulo. A mostra pretende retratar aspectos particulares do desenvolvimento de robôs japoneses, oferecendo a oportunidade de refletir sobre a convivência com eles de forma amigável, assim como eles são incorporados no cotidiano japonês atual.
Com o objetivo de desmistificar e familiarizar para uma
possível coexistência futura com tais elementos, a mostra apresenta 11 robôs em
quatro categorias: colegas de trabalho, companheiros, comunicativos e os
que ajudam os humanos. “São robôs que já existem e são usados na prática. Não
são de ficção, com o objetivo de aumentar a eficiência ou como protótipos em
desenvolvimento”, declara o curador Zaven Paré, pesquisador do segmento de
tecnologia e robótica. A exposição destaca principalmente os exemplares que
existem como companhia com ênfase na comunicação não-verbal, possuindo,
inclusive, a função de expressão emocional, ao invés de um dispositivo apenas
de comunicação.
Projetados com inteligência artificial e sensores
sofisticados, o que lhes permitem compreender e responder às necessidades e
expressões humanas de forma intuitiva, os robôs amigáveis têm sido empregados
em estabelecimentos comerciais, escolas, hospitais, casas de repouso e até no
cotidiano doméstico, tornando-se verdadeiros assistentes pessoais ou até
membros da família. “Acredito que o HAL deve ganhar muita atenção do público
adulto, principalmente. Ao observar um exoesqueleto é possível criar uma conexão
instintiva, pois as pessoas se projetam envelhecendo - e este robô pode
funcionar como um suporte importante no futuro de cada indivíduo”, ressalta
Paré.
A mostra apresenta os exemplares aibo (Sony Group
Corporation), BIG CLAPPER (BYE BYE WORLD Inc.), Gatebox (Gatebox Inc.), HAL –
Hybrid Assistive Limb (CYBERDYNE Inc.), LOVOT (GROOVE X, Inc.), necomimi (NeuroSky
Co., Ltd. /neurowear), NICOBO (Panasonic Entertainment & Communication Co.,
Ltd. | ICD-Lab Toyohashi University of Technology), PARO (National Institute of
Advanced Industrial Science and Technology), Pepper (SoftBank Robotics Group
Corp.) e Qoobo (Yukai Engineering Inc.). “O
presente no Japão nos conta um pouco sobre o futuro em todo o mundo, por
exemplo, a solidão no contexto do envelhecimento populacional. O Japão é um
laboratório. Alguns desses robôs demonstram como é possível motivar e
interagir. São robôs empáticos, que trazem apelos emocionais e expressões
universais como o ato de bater palmas ou um olhar mais expressivo.”, comenta
Paré.
A exposição mostra ainda uma linha do tempo sobre a história do robô no Japão e no mundo, considerando a realidade e a ficção científica. Destaque para o ancestral dos robôs: o autômato servidor de chá Chahakobi Ningyô. Típico do Japão, ele aparece em romances populares no período Edo e é fruto do progresso técnico da relojoaria, figurando na origem da concepção de máquinas industriais. Para aprofundar o tema da exposição, a JHSP oferecerá uma programação paralela com painéis de discussão sobre robôs no setor hospitalar, demonstrações e seminários com o objetivo de promover intercâmbio durante o período expositivo. Dentro do programa JHSP Acessível, a exposição “Convivendo com robôs” conta com recursos táteis, audiodescrição e Libras.
Sobre os robôs:
aibo (Sony Group Corporation)
aibo é um robô de entretenimento que se conecta com as
pessoas no dia a dia, tornando-se o alvo da alegria de criar e de afeto.
Lançado em 2018, foi desenvolvido com objetivo de ser um curioso que se
aproxima das pessoas de forma independente, aprofundando os laços à medida que
interage, para se tornar um parceiro que se desenvolve junto. Com aparência
arredondada e viva que faz com as pessoas queiram abraçá-lo. Expressa emoções
seguindo o movimento das pessoas com os olhos, trocando olhares, piscando,
mudanças no olhar, movimentos e gestos dinâmicos. O conjunto de sensores, que
analisa dados e informações adquiridos do ambiente e das pessoas com quem ele
interage, e a tecnologia de inteligência artificial da Sony conectada à nuvem
da internet, possibilita o desenvolvimento único do aibo e proporciona um dia a
dia mais adaptado a cada tutor.
©2018 Sony Group Corporation
aibo é uma marca registrada da Sony Group Corporation
BIG CLAPPER
(BYE BYE WORLD Inc.)
Lançado em 2018 e resultado da pesquisa de mestrado sobre
‘máquina de palmas’, desenvolvido pelo Takahashi, presidente da empresa. Usa a
linguagem universal dos aplausos, com suas mãos de borracha aptas a produzir
mais de 500 diferentes apresentações, baseadas no som de palmas, para chamar a
atenção das pessoas. Sincronizado com um smartphone, o usuário pode comandá-lo
remotamente, criar frases originais e padrões de palmas. O BIG CLAPPER está
sendo comercializado como uma forma potencial para as lojas de varejo com o
objetivo de atrair clientes e gerar entusiasmo. Além disso, seus olhos foram
projetados para parecer que estão sempre olhando para o observador.
Gatebox (Gatebox Inc.)
A personagem holográfica Azuma Hikari é uma criatura
virtual 3D com 20cm de altura. Tem 20 anos, veste-se de azul e
troca de figurino dependendo da hora e das circunstâncias, já que utiliza
tecnologias de comunicação, reconhecimento de voz e facial, além de sensores de
presença, de luz ambiente, de umidade e de temperatura. Auxiliar e companheira
de casa, esta projeção com personalidade própria, se assemelha a uma personagem
de anime, as famosas animações japonesas, e tem a voz da dubladora japonesa
Hiyamizu Yuka. É possível se comunicar com ela por meio do aplicativo de
mensagens Line e por voz. Segundo seu criador, Takechi Minori, “Gatebox é o
primeiro robô doméstico virtual que te permite conviver com seu personagem
favorito”.
HAL - Hybrid Assistive Limb (CYBERDYNE
Inc.)
Considerado o primeiro robô do tipo “ciborgue” capaz de
melhorar a capacidade física das pessoas, HAL é um dispositivo de 14kg capaz de
auxiliar no aumento de autonomia das pessoas com deficiências ou que perderam
força nas pernas, mas também serve de suporte para aqueles que precisam fazer
esforços grandes, como carregar peso, cuidar de outras pessoas, além de ser
utilizado no treinamento de atletas. Ele funciona enviando sinais de comando do
cérebro até os músculos através dos nervos quando a pessoa tenta se movimentar.
Nesse momento, sensores colocados no nível das lombares do usuário registram os
sinais bioelétricos que são transmitidos ao dispositivo robotizado. Sua bateria
tem autonomia de uma hora.
LOVOT (GROOVE X, Inc.)
LOVOT é um robô que atende quando é chamado e faz contato
visual. Se apega à pessoa que gosta e pede por colo. Quando abraçado, é
possível senti-lo ligeiramente aquecido. Apesar de ser um robô, ele transmite
uma real vivacidade que é uma de suas características. Nos últimos anos, chamou
a atenção devido às suas perspectivas de uso em cuidados mentais, educação de
enriquecimento sensitivo e ensino de programação durante a pandemia de
COVID-19, sendo adotado nas escolas infantis, ensino fundamental, instituições
de cuidados e empresas de todo o Japão.
necomimi (NeuroSky Co., Ltd. / neurowear)
necomimi é um tipo de dispositivo de comunicação totalmente
inovador que amplifica o corpo e a capacidade humana. Essa máquina com o
formato de orelha de gato, utiliza as ondas cerebrais para expressar o seu
estado antes que você o faça por meio de palavras. Com o necomimi colocado na
cabeça, as pessoas podem ver que, quando você está concentrado, as orelhas
ficam levantadas; quando está relaxado, as orelhas ficam abaixadas; quando a
concentração e o relaxamento ocorrem simultaneamente, elas ficam levantadas e
se movem ligeiramente. Acredita-se que esse é o estado em que os atletas
profissionais conseguem obter melhores performances.
NICOBO (Panasonic Entertainment &
Communication Co., Ltd. | ICD-Lab Toyohashi University of Technology)
Desenvolvido em 2021 para provocar empatia, balançando a
cauda de forma feliz para demonstrar atenção quando acariciado, esse robô vive
no seu próprio ritmo, às vezes distraído, às vezes falando enquanto dorme ou
até soltando puns. No começo da sua relação com humanos, ele enuncia apenas
algumas expressões, tais como “Moco!” ou “Mocomon!”, mas, aos poucos, pode
aprender novos termos e até se expressar com um novo vocabulário.
PARO (National Institute of Advanced
Industrial Science and Technology - AIST)
O modelo do Paro é o filhote de foca harpa. Possui sensores
de reconhecimento de voz, tato, luz, postura e temperatura (controle de
temperatura corporal), capaz de movimentar de forma autônoma por intermédio da
aprendizagem obtida pela inteligência artificial. PARO emite sons, pisca e move
as patas, podendo expressar alegria ao receber carinho ou ao ser carregado no
colo. Ele motiva as pessoas com quem interage, sendo utilizado como
‘dispositivo médico’ para aliviar o estresse, solidão, ansiedade, dor, depressão
e agitação (violência, abuso verbal, perambulação, entre outros) e tem sido
introduzido em hospitais, casas de repouso e instituições de bem-estar social
ou médicas para interagir com idosos, adultos e crianças.
Pepper (SoftBank
Robotics Group Corp.)
O Pepper, um dos primeiros robôs humanoides capazes de
expressar emoções, tem sido usado na apresentação de produtos e na recepção de
empresas, restaurantes, hospitais e escolas desde 2014. Sua estatura é próxima
da altura dos olhos de um adulto sentado, com aproximadamente 121 cm. Ele é
capaz de perceber as emoções do interlocutor, por expressões faciais e tom de
voz, sendo capaz de se comunicar e produzir emoções, como alegria e tristeza,
enquanto muda de postura e movimenta os braços.
©︎SoftBank Robotics
Qoobo (Yukai Engineering Inc.)
Qoobo é um tipo robô terapêutico com formato de almofada de
32cm de diâmetro que responde ao toque abanando a cauda de pelúcia, programada
para imitar os movimentos de animais domésticos. Quando é tocado de forma leve,
o Qoobo balança a cauda vagarosamente. E quando recebe várias carícias, a cauda
balança de forma mais rápida. Às vezes, ela se move sem estímulos, como se
fosse um comportamento que obedece a uma vontade própria. É utilizado em
diversos espaços, como em instituições de cuidados para idosos e ambientes que
não permitem ter animais domésticos para inspirar conforto e tranquilidade.
Chahakobi Ningyô
Um dos pioneiros dos robôs, este autômato servidor de chá (chahakobi-ningyô) é típico do Japão, aparecendo em romances populares desde o início do período Edo, no começo do século XVII, e descrito no “Karakuri Zui” (1798) - único manual existente de bonecas mecânicas – de Hosokawa Hanzo. O robô é fruto do progresso técnico da relojoaria, figurando na origem da concepção de máquinas industriais. O nome Karakuri Ningyô vem da junção de karakuri, que significa "mecanismo" ou "truque", e ningyô tem o duplo sentido de suas sílabas, “pessoa” e “forma”.
Serviço:
Exposição
“Convivendo com robôs”
Período: 14 de novembro de 2023 a 31 de março de 2024
Local:
Japan House São Paulo, térreo - Avenida Paulista, 52, São
Paulo/SP
Horário de funcionamento: terça a sexta, das 10h às 18h; sábados, domingos e
feriados, das 10h às 19h
Entrada gratuita. Reservas online antecipadas (opcionais): https://agendamento.japanhousesp.com.br/
Apoio: Consulado Geral do Japão em São Paulo, , Consulado Geral do
Japão no Rio de Janeiro, JETRO, Museu Nacional de Ciências Emergentes e
Inovação e Jornal Asahi.
Comentários
Postar um comentário