130 anos de Mário de Andrade: indicação de leitura (gratuita e acessível) do mais importante poeta brasileiro
Macunaíma, Contos Novos e A Escrava que Não é
Isaura são alguns dos títulos do autor disponíveis na BibliON, a biblioteca
digital gratuita de São Paulo
Nascido
no dia 9 de outubro de 1893, Mário de Andrade foi um escritor modernista,
crítico literário, musicólogo, folclorista e ativista cultural brasileiro. Seu
estilo literário foi inovador e marcou a primeira fase modernista no Brasil,
sobretudo, pela valorização da identidade e cultura brasileira.
Um
dos fundadores do modernismo no país, ele praticamente criou a poesia
brasileira moderna com a publicação de sua Paulicéia Desvairada, em 1922. Ao
lado de diversos artistas, ele teve um papel preponderante na organização da
Semana de Arte Moderna (1922).
Em celebração ao aniversário de Mário de Andrade, junto com a BibliON, a biblioteca digital gratuita de São Paulo, listamos três de seus livros emblemáticos para reviver suas histórias.
Todos
disponíveis sem custo. A leitura é inclusiva a partir de uma série de recursos,
como ajustar o tamanho da letra e o contraste da tela; escolher diferentes
modos de leitura para dia ou para noite e acionar a leitura em voz sintetizada,
para saída em áudio do texto. Confira:
Mário
de Andrade por ele mesmo - Paulo Duarte
A
obra de carteado de Mário de Andrade ainda não totalmente publicada já é
reconhecida como um monumento literário, digno de figurar com orgulho em
qualquer língua. Esse personagem múltiplo, que se autodefinia sem modéstia como
"trezentos", "trezentos-e-cinquenta", foi também
protagonista de uma experiência inédita, a de diretor do Departamento de
Cultura e Recreação da prefeitura de São Paulo entre 1935 e 1938.As cartas que
enviou a Paulo Duarte, seu companheiro dessa aventura política, são candentes,
confessionais e muito esclarecedoras das condições em que se implantou uma
improvável intervenção do poder político na máquina pública para promover o
acesso à cultura de indivíduos desprovidos de lazer numa cidade que cultua o
trabalho. Paulo Duarte concebeu o Departamento de Cultura e teve o mérito
adicional de convocar Mário de Andrade, Sérgio Milliet e Rubens Borba de Moraes
para conduzi-lo. A si reservou o papel de tutor do projeto, instalado na chefia
de gabinete do esclarecido prefeito Fábio Prado. Foram três anos palpitantes de
muita dedicação, descoberta e realização. No entanto, a experiência não vingou.
Foi esterilizada pela ditadura do Estado Novo. Mário nas cartas irá se lamentar
de não ter sido capaz de institucionalizar o Departamento de Cultura. Teria
isso sido possível num país que nunca concluiu a inserção da população numa
sociedade de direitos básicos?Mário de Andrade viveu o drama do Departamento de
Cultura como uma derrota pessoal. E chegou a declarar: "O Departamento é o
meu túmulo". Este livro é de Mário de Andrade, mas também de Paulo Duarte,
unidos na paixão comum pela potência da cultura como fator de emancipação
social.
Contos novos -
Mário de Andrade
Contos
novos reúne nove curtas narrativas compostas por Mário de Andrade só publicadas
postumamente. A maior parte dos contos foi concebida e finalizada nos últimos
dez anos de vida do escritor e reflete o espírito da primeira fase do
Modernismo e a experimentação que marca a Semana de 1922. Os Contos novos têm
sido apreciados por razões diversas, que vão da facilidade da leitura, do
realismo e da linguagem coloquial, ao interesse ou à simples curiosidade pela
biografia e pelos processos de composição de Mário de Andrade.
A
escrava que não é Isaura - Mário de Andrade
Começo
por uma história. Quase parábola. Gosto de falar por parábolas como Cristo...
Uma diferença essencial que desejo estabelecer desde o princípio: Cristo dizia:
"Sou a Verdade." E tinha razão. Digo sempre: "Sou a minha
verdade." E tenho razão. A Verdade de Cristo é imutável e divina. A minha
é humana, estética e transitória. Eu por mim não estou de acordo com aquele
salto para o futuro. Vejo Lineu a rir da linda ignorância do poeta. Também não
me convenço de que se deva apagar o antigo. Não há necessidade disso para
continuar para frente. Demais: o antigo é de grande utilidade. Os tolos caem em
pasmaceira diante dele e a gente pode continuar seu caminho, livre de tão
nojenta companhia.
Macunaíma - Mário
de Andrade
Macunaíma
– o herói sem nenhum caráter é um marco na história da literatura brasileira.
Reproduzindo a segunda publicação da obra pela José Olympio, esta edição
atualizada mantém a característica escrita de Mário de Andrade e adapta o
clássico projeto gráfico de 1937. Foram muitas as perspectivas utilizadas por
Mário de Andrade na construção dessa linguagem singular, pois ele se valeu de
sua ampla visão da cultura popular para criar o personagem-título – Macunaíma
foi forjado a partir de lendas indígenas e populares, colagens de histórias,
mitos e modos de vida que, nele somados, deram existência a um tipo brasileiro
ideal. Um ser mágico, debochado e zombeteiro, que viaja pelo país – de Roraima
a São Paulo, descendo o rio Araguaia, do Paraná aos pampas, até chegar ao Rio
de Janeiro –, acompanhado de seus irmãos, Jiguê e Maanape, numa aventura para
recuperar seu amuleto perdido: a muiraquitã. Publicado pela primeira vez
em 1928 e custeado pelo autor, Macunaíma teve sua segunda edição lançada pela
Livraria José Olympio Editora, em 1937. É esse texto que o leitor e a leitora
têm agora em mãos, com atualização ortográfica, preservação do estilo da prosa
e projeto editorial que reproduz a arte gráfica de Thomaz Santa Rosa, icônico
artista visual responsável pelos livros da editora nos anos 1930 e 1940. A
importância de Macunaíma para a cultura brasileira é imensurável. Em 1969, o
filme homônimo dirigido por Joaquim Pedro de Andrade trouxe dois protagonistas:
Grande Otelo, o Macunaíma negro; e Paulo José, o Macunaíma branco. No Carnaval
de 1975, a Portela levou à avenida o samba-enredo Macunaíma – herói de nossa
gente, puxado por Silvinho da Portela, Clara Nunes e Candeia. Em 2019,
Macunaíma – uma rapsódia musical foi uma das peças mais elogiadas da temporada
de teatro. A adaptação foi dirigida por Bia Lessa, com roteiro da escritora e
crítica de arte Veronica Stigger, que assina o prefácio desta edição.
BibliON
Para utilizar o serviço gratuito de empréstimos de livros, basta que os interessados acessem www.biblion.org.br ou baixem o aplicativo BibliON, disponível no Google Play e na Apple Store e realizem um breve cadastro.
O usuário pode fazer empréstimo de até duas obras simultâneas, por 15 dias. Ou seja, caso ele já esteja emprestado, não se preocupe, ele estará apto para leitura em até 2 semanas. A BibliON permite ações como organizar listas, adicionar favoritos, compartilhar um livro como dica de leitura nas redes sociais, fazer reservas, ver histórico e sugerir novas aquisições. Por meio de princípios de gamificação, os associados conseguem acompanhar as estatísticas do tempo dedicado à leitura e participar de desafios. E o sistema de busca permite que o usuário utilize diversos filtros, como tema, autor, categoria ou título - ou até mesmo leitura indicada para grupos etários, como leitura infantil e juvenil.
É possível ler em dispositivos móveis, sem a necessidade de usar dados do celular, por meio do download prévio do título ou, ainda, ajustar o tamanho da letra e o contraste da tela; escolher diferentes modos de leitura para dia ou para noite e acionar a leitura em voz sintetizada, para saída em áudio do texto.
A
BibliON, biblioteca digital gratuita de São Paulo, é uma iniciativa da
Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo
sob gestão da SP Leituras.
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