Luciana Rique apresenta primeira individual com curadoria de Eder Chiodetto

Com cerca de 30 obras, a técnica dye sublimation marca presença na produção da artista carioca. Evento de abertura acontece em 15 de setembro no Leblon


Vista da exposição "Entreato", de Luciana Rique

Com curadoria de Eder Chiodetto, a artista carioca Luciana Rique apresenta Entreato - sua primeira individual terá vernissage nesta sexta-feira, 15 de setembro, em seu próprio ateliê, no Leblon, Rio de Janeiro.

A fotógrafa, que desde a infância faz seus registros como uma prática pessoal de leitura do mundo, nos últimos anos passou a direcionar sua produção no campo da fotografia sensorial, cujo resultado poderá ser conferido nessa mostra, que tem consultoria artística da KURA.

“Meu trabalho é sobre o não ouvido, o não visto, o interdito, o camuflado. Surge a partir do momento em que resolvi refletir acerca de uma situação de alheamento que vivi entre a infância e a adolescência. Era como estar permanentemente fora de foco. Percebi na fotografia um espaço lacunar por meio da qual criei relações em que ressoam minhas percepções e criam um lugar de cura e de conciliação comigo mesma”, diz a artista.

Entreato apresenta um conjunto de cerca de 30 obras que acentuam o olhar aguçado da artista que busca no cotidiano o elemento não dito, a nuance que escapa à linearidade cartesiana. Segundo Luciana, “o sentimento é uma coisa tão abstrata que muitas vezes não conseguimos explicar. Por meio da arte podemos mostrar o que não é possível ser colocado em palavras”.

A fuga do figurativo leva a artista a se encontrar na abstração das formas explorando contrastes de luz e geometria. Ao recortar fragmentos de uma cena, Luciana Rique torna o abstrato um elemento expressivo em si mesmo. Sua obra opera entre o que é visto e não é percebido, entre o referente fotográfico e o artífice, entre o trauma e a liberdade, entre o mundo tangível e sua representação em teatro. Entreato.

“Percebemos que o gesto artístico está empenhado em construir, fotograma por fotograma, uma constelação de cenas que ao serem reunidas ensejam o esboço de um universo paralelo que Luciana Rique cria para viver nele. Ao (se) expor, nesse espaço não linear erigido pela justaposição de luzes, cores e jogos formais, a artista nos convida para adentrá-lo e nos deixa permear por uma percepção de caráter sensorial e extático”, afirma o curador. Chiodetto destaca que certos artistas como Luciana Rique se dedicam a construir com sua obra uma espécie de cápsula, um território à revelia do cotidiano ordinário, que finda por se constituir num espaço terapêutico.

A finalização das fotografias é de especial interesse da artista. Expostas em diferentes dimensões, desde 60cm até 1,80m, foram produzidas a partir de dye sublimation – técnica de impressão através do calor. “É um processo no qual a imagem é transferida para a chapa de metal através de uma temperatura de 180 graus, por um processo de sublimação”, explica a artista. “Através de uma temperatura muito alta, a máquina transfere para a chapa de metal e traz um efeito visual de levitação, como se a imagem estivesse suspensa”, completa. Para finalizar, a artista opta por molduras de madeira invertidas que incorpora um visual orgânico para a obra, quebrando com a frieza própria de objetos metálicos.

 

Sobre a artista

Luciana Rique (Rio de Janeiro, 1978) vive e atua entre o Rio de Janeiro e Londres. Sua pesquisa artística tem a fotografia como linguagem, por meio da qual ela investiga percepções em geral não visíveis e insondáveis. Assim, o conjunto de seu trabalho visa criar um universo paralelo às realidades do entorno. Inspirando um viés meditativo, suas obras tangenciam o minimalismo e a questões conceituais ligadas à herança modernista da fotografia.

Suas imagens nascem de uma negociação entre o fotográfico e o pictórico. Elas surgem por meio de uma investigação que indaga e explora limites de uma instância visível intangível que nos rodeia. Isso se reflete na busca pela luz, pelo equilíbrio da forma, pela composição que organiza e desestabiliza planos. A câmera torna-se ferramenta para uma espécie de arqueologia de territórios sensíveis que não nos é dado habitar. Busca libertar parcelas enclausuradas de beleza de lugares e situações corriqueiras. As imagens que liberta deste claustro mostram-se um mundo mais acolhedor e harmônico. Dessa forma o exercício da arte torna-se espaço terapêutico ao atuar de forma potente na percepção sensorial. 

Na última década, Luciana dedicou-se ao estudo de arte e fotografia em instituições como o Internacional Center of Photography, em Nova York, na Spéos, em Paris. Também trabalhou com ambientalista e fotógrafo indígena Jean Pierre Dutilleux.

 

Sobre o curador

Eder Chiodetto [São Paulo, SP, 1965] é mestre em Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Atuou como repórter-fotográfico (1991-1995), editor (1995-2004) e crítico de fotografia (1996-2010) no jornal Folha de S.Paulo. Hoje, reúne as funções de jornalista, professor, curador e pesquisador de fotografia. Como docente ministrou, entre 2005 e 2010, aulas na Universidade Metodista de São Paulo e na Faculdade de Fotografia do Senac-SP. Como curador independente realizou, desde 2004, mais de 80 exposições no Brasil e no exterior. Chiodetto é também o curador do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM-SP desde 2006. Fundou o Ateliê Fotô em 2011.

 

Sobre a KURA

Fundada em 2018 por Camila Yunes Guarita, a KURA é uma empresa de consultoria que tem como missão aprofundar a conexão de pessoas e empresas com a Arte, orientando na aquisição e venda de obras de arte, além de trabalhar na gestão de coleções particulares e institucionais e na criação de projetos e experiências únicas neste universo.

Através de uma equipe especializada e multidisciplinar e uma rede de parceiros que incluem os principais agentes do mercado (artistas, galerias, casas de leilões, feiras, museus e instituições), a KURA atua com transparência e profissionalismo atendendo seus clientes de forma personalizada.

 

Serviço:
“Entreato”, individual de Luciana Rique
Local: Ateliê Luciana Rique
Endereço: Rua General Artigas, 340 - 301, Leblon, Rio de Janeiro
Período expositivo: 11 a 24 de setembro
Funcionamento: 11h às 20h

Evento de abertura: 15 de setembro das 17h às 21h
Conversa entre a artista Luciana Rique e o curador Eder Chiodetto às 17h30

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