Por
Felipe Brait
Vivemos
uma era muito interessante em que a arte contemporânea ganha cada vez mais
espaço e ressignificação com uma conexão cada vez mais forte com a tecnologia.
Afinal, uma das características mais latentes de um artista contemporâneo é se
arriscar em inovar suas técnicas, quando o processo e a reflexão sobre ele
ganham tanta importância quanto o objetivo final.
Todos
esses aspectos e experimentações de cultura tem aberto uma oportunidade gigante
para o universo musical. Uma nova linguagem tem ganhado popularidade ao
conseguir reinventar a forma como essa arte é consumida em espaços outrora
destinados apenas ao entretenimento: a visual music.
Artistas
audiovisuais criaram e aperfeiçoaram técnicas que possibilitam que a visão
potencialize a experiência sonora por meio de um cruzamento de linguagens
dentro do campo expandido e ilimitado da tech art. Esse formato de apresentação
é chamado de Live AV, o qual na performance o artista opera imagem e som em
tempo real.
Veja
que não estamos aqui nos referindo aos videoclipes, uma interpretação
equivocada da visual music em tempos de YouTube. São composições visuais
realizadas ao vivo de forma digital ou analógica numa forma de ampliar,
traduzir e se conectar com sons e música. Podemos interpretar como um resgate
do cinema mudo, com a orquestra acompanhando o filme, com a diferença que,
atualmente, as imagens também são produzidas em tempo real.
São
imagens captadas do mundo real, ilustrações abstratas ou até mesmo uma visita
sensorial ao metaverso. E essa nova manifestação tem atraído artistas que,
antes, se dedicavam apenas à música ou ao visual, como DJs e videomakers, em busca
de uma abordagem ainda mais artística de seu trabalho.
Cada
vez mais esses artistas têm ganhado espaço para apresentar seu trabalho no
Brasil, por enquanto ainda apenas em metrópoles como São Paulo, onde é
realizado um dos festivais de tech art pioneiros em dar protagonismo à visual
music, o Canvas Audiovisuais. No dia 19, um evento especial paralelo ao
festival chamado Canvas Lives leva performances de visual music ao Cineclube
Cortina criando uma oportunidade de uma imersão nessa arte.
Alguns
críticos e pensadores do mundo das belas artes que têm resistência em aceitar a
presença da tecnologia, consequentemente, acabam criando barreiras para que a
tech art e a visual music ocupe o seu espaço e que seus artistas tenham o
reconhecimento de seu talento. Contudo, este caminho já começou a ser
pavimentado e não há mais volta.
Felipe
Brait é curador de arte contemporânea, produtor e gestor cultural e
estrategista criativo. Desde 2001 trabalha com intervenções urbanas e projetos
de investigação e ação sobre o espaço público, onde nasceu seu interesse pela
tech art e visual music como expressão, sendo criador é curador do festival
Canvas Audiovisuais.
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