[DEPENDÊNCIA DA TV BRASILEIRA] Pioneiro do rap nacional, Richard Santos, hoje doutor em Ciências Sociais, lança livro sobre o modelo da TV brasileira
Comunicador discute como a geopolítica da
comunicação impede a pluralidade étnico-racial na televisão brasileira
É inegável a existência
de uma hegemonia branca à frente dos veículos de comunicação, em especial, a
televisão, no nosso país. Isso possui diversos fatores, incluindo questões
culturais e políticas que esta obra ajudará a descortinar. Em “Mídia, colonialismo e imperialismo
cultural”, lançamento da editora Telha, vemos como a televisão
brasileira, sua forma de fazer, estética e branquitude contribuíram na formação
do imaginário nacional muito por copiar e reproduzir por aqui o modelo de TV
praticado nos Estados Unidos. A obra foi escrita pelo jornalista, escritor,
rapper e doutor em Ciências Sociais Richard
Santos, figura icônica dos anos 1990/2000 no cenário cultural
brasileiro.
“Mídia, colonialismo e imperialismo cultural” é fruto de seu
trabalho prático e teórico de mais de duas décadas de atuação em diversos meios
de comunicação e de investigação acadêmica coroada com o doutorado realizado no
Departamento de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Brasília, ELA-UNB.
Nele, o autor joga luz ao fato que grupos de comunicação estrangeiros
investiram nas TV’s privadas e, por consequência, ajudaram no enfraquecimento
da comunicação pública como potencial formadora de público cidadão de maior
qualificação.
“Esse meu percurso que mistura o prático e o
acadêmico, sendo um homem negro, de origem periférica, me fez compreender as
nuances da indústria cultural e como ela impõe as imagens de controle sobre
nossas presenças e limitam nossos corpos no espaço público que é a tela da
televisão, e do vídeo de modo geral. Não foram poucas as vezes que me recusei a
fazer papeis estereotipados nos grandes veículos em que tive a oportunidade de
entrar.” – Richard Santos, comunicador, professor e escritor
De
modo geral, “Big Richard”, como é chamado por quem o conheceu por ser pioneiro
no Hip Hop, analisa em seu novo livro como a hipótese da criação de um discurso
emancipatório e contra-hegemônico em relação às políticas de mercado e da
indústria cultural poderiam alterar a situação da TV pública nacional que tem
papel de ajudar na formação cultural e como cidadão do público que a assiste. E
isso em todos os seus níveis, incluindo quem apresenta tais programas – basta
ver o número de loiros ‘versus’
o número de negros à frente das câmeras.
“Mídia, colonialismo e imperialismo cultural” analisa ainda a
relação da televisão e os anseios da chamada ‘Maioria Minorizada’. Aqui o autor
investiga o processo histórico de importação dos modelos estadunidenses de
fazer televisão, faz uma comparação com a Argentina para apontar que é um
modelo imposto pelas políticas de dominação do EUA na região, e isso, segundo o
autor, será definidor do estereótipo que domina as mídias da região, e
brasileiras em especial.
“De modo geral, o Brasil está inserido no
guarda-chuva de dominação do EUA, é dependente econômica e culturalmente. Neste
sentido podemos dizer que é um país dependente da relação euro-americana. É por
isso que digo que não concluímos efetivamente nossa independência nacional, e
somos um país colonizado, com uma mídia igualmente colonizada que gera o que
chamo de imperialismo cultural. Esse imperialismo cultural leva para aquele
antigo dito popular de que ‘o brasileiro considera tudo o que vem do
estrangeiro melhor do que o nacional’.” – Richard Santos
Sobre o autor:
Richard
Santos é escritor, pesquisador, docente e extensionista da Universidade Federal
do Sul da Bahia. Está Pró reitor de Extensão e Cultura da UFSB. É credenciado à
Pós-graduação em Ensino e Relações Étnico-raciais. Coordena o Grupo de Pesquisa
Pensamento Negro Contemporâneo e o Programa de Extensão Jornada do Novembro
Negro. Propôs e coordenou a criação do curso bacharelado em jornalismo da UFSB.
Tem uma carreira pregressa como artista multimídia, conhecido como Big Richard.
É pós-doutor pelo PÓS-CULTURA da Universidade Federal da Bahia (UFBA); Doutor
em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília (UnB), Mestre em Comunicação
pela Universidade Católica de Brasília;.É membro da INTERCOM, Sociedade
Brasileira de Estudos Interdisciplinares em Comunicação, e da Latin American
Studies Association, LASA. É autor dos livros Maioria Minorizada - Um
dispositivo analítico de racialidade (2020) e Branquitude e Televisão - A nova
África (?) na TV pública (2ª edição, 2021), ambos publicados pela Editora
Telha. É membro do RESPEITAR Centro de Referência em governança para a
equidade, antidiscriminacao e sustentabilidade social.
Sobre a Editora Telha:
Desenvolvida
no Rio de Janeiro, a Editora Telha nasce no fim de 2019 e já alcança, em sua
primeira publicação Motel Brasil: uma antropologia contemporânea, de
Jérôme Souty, a marca de obra finalista do Prêmio Jabuti
2020. Interdependente (porque independente ninguém é realmente), a
Telha surgiu pelo desejo de editar com maior autonomia e criar mais espaço para
textos produzidos por autores fora dos grandes centros.
Serviço:
Livro: Mídia, colonialismo e imperialismo cultural
Autoras: Richard Santos
Editora: Telha
Páginas: 256
Preço: R$ 59,00
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