Com 70 projetos curados, Rotas Brasileiras reúne produção de todo o país e convida galerias a apresentarem diferentes perspectivas da arte brasileira
Gê Viana, Radiola
de Promessa, 2023, Colagem digital
Foto: Cortesia Galeria Superfície
A
segunda edição da SP–Arte
Rotas Brasileiras está chegando. A feira, que ocorre de 30 de
agosto a 03 de setembro na ARCA, em São Paulo, marca o calendário do país mais
uma vez com o encontro que celebra a diversidade e a riqueza da arte
brasileira. O evento reúne 70 projetos curados especialmente para a ocasião por
galerias de 11 estados do país (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia,
Alagoas, Pernambuco, Ceará, Pará, Goiás, Brasília e Maranhão; veja a lista
completa de galerias aqui).
“Rotas
Brasileiras é sobre reimaginar as fronteiras entre o erudito e o popular, o
centro e a periferia, o comercial e o institucional. A feira se propõe a
expandir perspectivas, ampliar narrativas e romper estereótipos, estando mais
interessada em trazer perguntas do que respostas fechadas. É um evento onde
queremos que as pessoas se identifiquem com as raízes nacionais e que, ao mesmo
tempo, traz dinamismo e oxigenação ao mercado”, afirma a diretora Fernanda
Feitosa.
A
lista de participantes é composta por galerias já estabelecidas, como Almeida & Dale, Fortes D’Aloia &
Gabriel, Gomide&Co, Millan e Vermelho, galerias mais jovens como Central, HOA, Jaqueline Martins, VERVE
e Sé,
assim como aquelas localizadas fora do eixo Rio-São Paulo, como Cerrado (Goiânia), Lima (São Luís do
Maranhão), Marco Zero (Recife), Mitre (Belo Horizonte) e Paulo Darzé (Salvador).
Além
de galerias, a SP–Arte
Rotas Brasileiras contará com projetos especiais. É o caso do Sertão Negro, espaço de
residência e vivência artística em Goiânia fundado pelo artista Dalton Paula.
Pelo
projeto de arte-educação plural Arte
Pará, os artistas Antônio Dias Júnior (PA), Gabriel Bicho (RO),
Rafael Matheus Moreira (PA), Sofia Ramos (RR), Domingos Nunes (PA) e Marcone
Moreira (MA) revelam as várias Amazônias, rompendo com estereótipos e
convidando o público a enxergar a região e seus habitantes de forma
multifacetada.
Destaque
para os demais projetos especiais: Novos
para Nós, de Renan Quevedo, cuja curadoria será centrada em
diferentes credos do país; Igreja
do Reino da Arte, do Rio de Janeiro, que se denomina um
coletivo artístico experimental fundado no Rio de Janeiro em 2017 que
"promove cultos para a adoração à altíssima arte"; do projeto Xiloceasa, coletivo de
artistas da região do Ceagesp formado no Ateliescola Acaia e da galeria GDA, fundada e gerida
por artistas, que mostrará neste ano o acervo fotográfico mineiro “Retratistas
do Morro”, nas figuras de João Mendes e Afonso Pimenta.
Galerias
A Fortes D'Aloia & Gabriel
levará uma seleção de trabalhos de Erika
Verzutti recentemente exibida no Museo Experimental el Eco, na
Cidade do México, e apresentada no Brasil pela primeira vez. As criações se
dividem em dois grupos: relevos de parede e esculturas verticais. Todas as
obras foram feitas em cerâmica, material inédito no repertório da artista, e
executadas em colaboração com a Ceramica Suro, de Guadalajara.
A
galeria Almeida & Dale
apresentará uma seleção de obras de Heitor
dos Prazeres. Natural do Rio de Janeiro, o artista é um nome
incontornável na cultura brasileira do século 20. Dedicou-se à carreira de
cantor, compositor e pintor e exerceu um importante papel na formação das
primeiras escolas de samba do Brasil. Seu interesse pelo cotidiano e costumes
do país são expressos em suas pinturas, nas quais retratou o frevo, o samba, o
carnaval e a vida nos subúrbios da cidade.
No
estande da Gomide&Co,
curado por Luisa Duarte, peças desenhadas pela arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi nos anos
1950, agora relançadas pela Marcenaria Baraúna, estarão em diálogo com outros
artistas, como Chico da Silva, Maria Lira Marques e Conceição dos Bugres.
O
paulista José Antônio da
Silva e o polonês naturalizado brasileiro Frans Krajcberg serão as
apostas da Caribé.
Trabalhador rural com pouca formação escolar, Antônio da Silva foi um artista
autodidata que percorreu a pintura, escrita, escultura e o repente, técnica de
composição musical baseada no improviso. Krajcberg foi escultor, pintor,
gravador e fotógrafo. Em suas obras, explorou elementos da natureza e
destacou-se ao associar arte e defesa do meio ambiente.
A Marco Zero homenageará o
Movimento Armorial.
Concebido nos anos 1970, o movimento teve o dramaturgo e escritor Ariano Suassuna como seu
principal idealizador. A intenção era estimular a criação de uma arte erudita a
partir de elementos da cultura popular nordestina. Com curadoria de Cristiano
Raimondi, serão exibidos trabalhos de artistas como Suassuna, Gilvan Samico, Bozó Bacamarte,
Romero de Andrade Lima e
Miguel dos Santos.
Na Millan, a curadoria
parte do histórico tema da paisagem para apresentar produções artísticas que
lançam luz sobre a mudança climática e a preservação ambiental. Com obras de José Bento, Daiara Tukano e Henrique Oliveira, o
conjunto promove o encontro entre artistas de diferentes regiões do Brasil. São
artistas cujas técnicas e visões de mundo alargam os conceitos tradicionais da
arte e dialogam com nomes como Tunga,
Nelson Felix e Miguel
Rio Branco, que marcaram a arte brasileira.
A
galeria Mitre,
de Belo Horizonte, apresentará uma seleção de trabalhos de Luana Vitra, artista
também selecionada para a 35ª Bienal de São Paulo. Formada pela Escola Guignard
(UEMG), dançarina e performer, a artista cresceu na cidade industrial de
Contagem.
Do
Rio de Janeiro, a Silvia
Cintra +
Box 4 traz para a SP–Arte Rotas Brasileiras uma apresentação
individual de Iole de
Freitas, que tem obras no Museu de Arte Moderna de São Paulo e
na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Serão apresentadas esculturas inéditas em
aço inox, produzidas especialmente para o projeto, que ocorrerá simultaneamente
a duas grandes mostras da artista em cartaz no IMS Paulista e no Instituto
Tomie Ohtake.
A
apresentação da galeria Paulo
Darzé, de Salvador, estabelecerá um diálogo entre Ayrson Heráclito, também
selecionado para a 35ª Bienal de São Paulo, e Nádia Taquary. Com participações em
importantes exposições e bienais, como a de arte (2017) e a de arquitetura de
Veneza (2023), Heráclito propõe novas leituras acerca do cotidiano baiano,
enfatizando a história do corpo negro em diferentes contextos sociais. Já Taquary
investiga as contribuições das tradições africanas na formação cultural do
Brasil.
A
galeria Choque Cultural
convidou o artista Alê
Jordão e o botânico, paisagista e ativista ambiental Ricardo Cardim para
criarem uma instalação. O resultado da parceria é a obra Terra e Luz que tem
como pano de fundo uma imensa foto do Rio Pinheiros há 120 anos, quando a
paisagem ainda lembrava uma visão do Pantanal. A ideia é justamente mostrar
como o rio foi invadido e domado pela cidade, seu curso corrigido e imensas
quantidades de areia branca retiradas para a construção da cidade.
Coincidindo
com o mesmo período da feira, a ONG Artesol
ocupará o State (em frente à ARCA) com a exposição Arte dos Mestres, que
reúne 20 mestres, grupos e famílias de vários estados, entre eles Alagoas,
Ceará, Mato Grosso, Pernambuco e Pará. A mostra trará mais de 200 obras e
proporcionará espaços exclusivos para que os artesãos possam apresentar com
destaque seus trabalhos e interagir com o público, além de exibir documentários
exclusivos que contextualizam o aspecto social, cultural e criativo em torno dos
artistas. O evento celebra os 25 anos da organização especializada na
implementação, gestão e realização de projetos de fomento sociocultural e
desenvolvimento econômico em comunidades tradicionais produtoras de artesanato
em todo país.
Programação
A
feira oferece conversas
com artistas, visitas guiadas e audioguias temáticos
produzidos por curadores convidados, que estarão disponíveis no Spotify. Neste
ano, os roteiros serão narrados por Ariana Nuala, Henrique Menezes e Ludimilla
Fonseca, que também promoverão as visitas guiadas.
No
dia 19 de agosto
terá início o Circuito
SP–Arte. O programa conta com uma individual de Maxwell Alexandre na Casa SP–Arte, que abre no dia 26 de agosto, das 14h às
19h. Esta programação abrange atividades pela cidade promovidas por expositores
e galerias convidadas, como coquetéis, aberturas, conversas, visitas guiadas,
entre outros.
Os ingressos para a feira
estão à venda no site e no app SP–Arte. Gratuito, o aplicativo está
disponível nas versões iOS e Android e dá acesso a todo conteúdo da feira, além
da agenda cultural em São Paulo.
Talks
Nesta
edição do Talks, artistas de destaque convidam curadores para um diálogo sobre
sua produção. São conversas descontraídas sobre aspectos diversos de sua obra e
outras conexões em comum. Os encontros acontecem na quinta e na sexta-feira,
dias 31 de agosto e 01 de setembro, sempre às 15h e às 16h30.
Quinta-feira,
dia 31 de agosto:
15h
Erika Verzutti em conversa com Tiago Mesquita (Fortes D’Aloia & Gabriel)
16h30
Gê Viana em conversa com Thiago de Paula Souza (Superfície)
Sexta-feira,
dia 01 de setembro:
15h
Marcone Moreira em conversa com Laura Rago (Arte Pará)
16h30
Mônica Ventura em conversa com Lucas Menezes (Instituto Inhotim)
Visitas
guiadas
A
SP–Arte Rotas Brasileiras oferece visitas
guiadas gratuitas na sexta-feira (01), no sábado (02), e no
domingo (03), às 13h, 15h e 17h, para grupos de até doze pessoas, com inscrição
na própria feira, com uma hora de antecedência. As informações completas podem
ser conferidas aqui.
Patrocínio
A SP–Arte Rotas Brasileiras
tem patrocínio master de
Itaú, Vivo, Iguatemi e
Unipar e é patrocinada por Tiffany & Co., Chandon, Mitsubishi Motors, Blue Moon,
Absolut, Liberty Seguros e Finarte.
SERVIÇO
SP–Arte
Rotas Brasileiras 2023
30
agosto a 03 setembro
ARCA
(Avenida Manuel Bandeira, 360, Vila Leopoldina)
Horários
Para
convidados
Quarta,
30 de agosto
11h
às 19h
Quinta-feira,
31 de agosto
11h
às 14h
Para
o público geral
Quinta-feira,
31 de agosto
A
partir das 14h
Sexta-feira,
01 de setembro, e sábado, 02 de setembro
12h
às 19h
Domingo,
03 de setembro
11h
às 18h
Entrada
R$
70 inteira e R$ 35 meia
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