Evento Carrington também pode fazer auroras
boreais serem vistas fora da zona auroral
"Nos
próximos dois meses, locais que não viram a aurora boreal nos últimos séculos
terão essa oportunidade”. A previsão é de Marco Brotto, especialista brasileiro
que há mais de dez anos se dedica à caçada de auroras boreais nos países do
Ártico.
Segundo
ele, o fenômeno já está acontecendo e deve aparecer nos próximos meses em
cidades onde não costuma ser visualizado, como nos arredores de Amsterdã,
Londres, Berlim, Praga e Nova Iorque. “As chances são enormes, especialmente se
ocorrer uma x-class, como são chamadas as mais potentes e mais energéticas
erupções solares”, detalha Brotto.
As
x-class - também conhecidas como Evento Carrington - são capazes de interferir
nas mais variadas atividades eletromagnéticas do planeta Terra e interromper
transmissões das estações de rádio em todo o mundo. “A última vez que o ser
humano testemunhou esse fenômeno foi em 1859, quando 1 bilhão de toneladas de
massa solar foi lançada ao espaço, na direção da Terra, produzindo auroras
boreais até em locais próximos da Linha do Equador, como Cuba”.
Em
janeiro deste ano Marco Brotto já havia alertado que os próximos seis meses
seriam cruciais para determinar a visualização de auroras boreais na Terra.
“Ainda não sabemos qual será o pico do atual ciclo solar, que se intensificou
muito antes do esperado e continua aumentando”, detalha ele.
Consideradas
um dos fenômenos naturais mais bonitos que existem, as auroras boreais são
resultado do comportamento do sol na atmosfera da Terra. Quando partículas
emitidas pelas tempestades solares tocam os polos do planeta, elas reagem com
os gases atmosféricos e colorem o céu com uma incrível dança de luzes
multicoloridas que atraem turistas do mundo inteiro à região do Círculo Polar
Ártico.
Ou
seja, quanto mais agitado está o sol, mais tempestades solares acontecem e
melhor é a visualização das auroras em mais regiões, especialmente nas áreas
fora países do Ártico. Por isso, especialistas como Brotto se mantêm atentos ao
ciclo solar, pois sabem que o sol vive um aumento e queda da sua atividade a
cada 11 anos ou 12 anos, com pico de manchas solares voltadas à Terra na metade
desse tempo - e são as manchas solares que indicam as tempestades.
“Temos
uma grande probabilidade de explosão solar nos próximos dias. Há, nesse
momento, uma formação muito rara de buraco coronal somado a manchas solares
muito ativas. Um novo Evento Carrington pode ocorrer a qualquer momento,
gerando queda de satélites e perdas de sinal em aparelhos de GPS", alerta.
Pesquisadores
do Lloyd's of London, na Inglaterra, e da Agência de Pesquisa Atmosférica e
Ambiental dos Estados Unidos estimam que se um Evento de Carrington impactar a
Terra causaria, nesse momento, danos estimados em 0,6 a 2,6 trilhões de
dólares, apenas aos Estados Unidos. "Esse é o perigo de uma tempestade
solar desse porte”, alerta Brotto.
Em
janeiro de 2023, a quantidade de manchas solares do ciclo solar atual já era
maior do que o pico do ciclo. “E ainda não sabemos quando será o pico e sua
intensidade, tendo em vista que a atividade segue crescendo e os próximos seis
meses voltam a ser cruciais”, explica Brotto, que há mais de dez anos estuda as
auroras boreais e já realizou mais de cem expedições para visualizá-las, com
100% de sucesso.
Recentemente,
o chefe de pesquisa espacial do Centro Espacial Norueguês, Pål Brekke, tornou
pública a avaliação de que a máxima solar do atual ciclo deve acontecer em
2024. E quanto mais manchas solares são visualizadas no sol, mais auroras são
visualizadas na Terra. “A temporada de 2023 está sendo incrível, inclusive na
visualização de auroras mais raras, como as de cor rosa, azul e avermelhadas.
Já pude observar mais de 30 delas a olho nu entre setembro de 2022 a abril de
2023”, conta Brotto.
Ele
explica, entretanto, que mesmo na mínima solar, quando a atividade é mais
baixa, é possível visualizar auroras na Terra. "O plasma que produz as
auroras não vem apenas das manchas solares. Ele está sempre chegando à
atmosfera terreste e, portanto, visualização das auroras seguem acontecendo nas
regiões polares, mesmo nas baixas solares. A dica mais importante para o
viajante que tenha interesse em vê-las é procurar expedições guiadas por
profissionais legalizados e muito bem informados sobre as condições de
segurança, climáticas, atmosféricas e solares”, finaliza Brotto.
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