Não
é segredo que pais, responsáveis e professores vivem dias angustiantes. Afinal,
temos presenciado uma onda de ataques e violência que têm o ambiente escolar,
antes visto como reduto de acolhimento e segurança, como alvo.
Diante
de notícias tão devastadoras, é instintivo que ocorra o compartilhamento de
imagens, vídeos ou fotos dos agressores e dos ataques em grupos de WhatsApp,
nas redes sociais ou na mídia.
Isso
é conhecido como “efeito contágio”. Segundo o psicólogo Filipe Colombini,
orientador parental e CEO da Equipe AT, é preciso que todos estejam atentos no
sentido de não pulverizar notícias tendenciosas ou ter atitudes que
intensifiquem a exposição do assunto.
“Quando
alguma ideia ou ação é espalhada, pessoas propensas ao mesmo comportamento
acabam sendo influenciadas, ainda que a conduta sob o ponto de vista ético e
moral seja errada”, afirma Colombini. “No caso da violência contra as escolas,
a cobertura sensacionalista e o compartilhamento irresponsável de informações
sobre ataques pode ajudar, mesmo sem a intenção direta, a estimular pessoas com
motivações parecidas com as do agressor”, explica o especialista.
Além
disso, a propagação de imagens, vídeos e descrições de eventos violentos cria
uma sensação de insegurança generalizada que atinge toda a comunidade escolar.
“Estamos percebendo um aumento em sentimentos de insegurança, estresse e
ansiedade envolvendo a escola, algo que atinge principalmente as pessoas mais
vulneráveis ou que já sofreram experiências traumáticas, podendo acarretar até
em casos de evasão escolar”, diz o psicólogo.
Ainda
segundo Colombini, quem planeja esse tipo de ataque procura reconhecimento e
atenção, por isso é crucial que os profissionais de comunicação façam uma
cobertura responsável, de forma a evitar o efeito contágio. “É fato que muitos
veículos de mídia já adotaram uma nova postura na cobertura desse tipo de caso
e passaram a não divulgar imagens violentas, mensagens deixadas pelo agressor e
sua identidade”, observa o especialista.
Apoio à comunidade escolar
Algumas
ações podem ser adotadas para a prevenção de ataques desse gênero, segundo o
psicólogo. Para começar, é preciso que exista um processo educativo para que a
população não dê créditos e não compartilhe as ações de extremistas. E toda
sociedade pode se engajar nisso, utilizando de seus perfis nas redes para
incentivar que as pessoas se abstenham de divulgar os crimes.
No
mais, é necessário que as escolas criem ações no sentido de oferecer uma maior
conscientização sobre saúde mental na comunidade estudantil, com suporte
psicológico para os alunos e estratégias de combate à violência e ao
bullying.“Esse, sem dúvidas, não é um problema que se resolve só com segurança,
mas sim com a criação de um ambiente escolar mais empático e capaz de
identificar e acolher alunos de perfis diversos e diferentes necessidades”, diz
Colombini.
Mais sobre Filipe Colombini: psicólogo, fundador e
CEO da Equipe AT, empresa com foco em Acompanhamento Terapêutico (AT) e
atendimento fora do consultório, que atua em São Paulo (SP) desde 2012.
Especialista em orientação parental e atendimento de crianças, jovens e
adultos. Especialista em Clínica Analítico-Comportamental. Mestre em Psicologia
da Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Professor do Curso
de Acompanhamento Terapêutico do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e
Drogas – Instituto de Psiquiatria Hospital das Clínicas (GREA-IPq-HCFMUSP).
Professor e Coordenador acadêmico do Aprimoramento em AT da Equipe AT. Formação
em Psicoterapia Baseada em Evidências, Acompanhamento Terapêutico, Terapia
Infantil, Desenvolvimento Atípico e Abuso de Substâncias.
Comentários
Postar um comentário