“Coisas
sagradas permanecem”. O verso de Caetano Veloso está em “Recanto escuro”,
canção escrita para Gal Costa, sobre Gal Costa, para ser cantada pela voz de
Gal Costa. A permanência do sagrado de Gal para além mesmo da morte é
reafirmada agora por Adriana
Calcanhotto. “Coisas sagradas permanecem” é o nome da turnê em
tributo à cantora baiana, a seu sagrado e à sua permanência. No dia 05 de
maio o show acontecerá no Teatro
Guaíra, em Curitiba.
O
espetáculo nasceu a partir de uma ideia de Marcus Preto, produtor e diretor
artístico de álbuns e shows de Gal nos últimos nove anos. Ele conta que a
equipe de Gal manifestou o desejo de fazer uma homenagem a ela. “Um show com os
mesmos músicos, mesma iluminadora, mesmo roadie…”, lembra o produtor. Quando pensou
em que cantora poderia estar à frente do projeto, Adriana foi o nome que
instantaneamente lhe veio à cabeça. “Como Gal, ela foi das raras artistas do
Brasil que souberam fazer um trânsito fluente entre a vanguarda da música
brasileira e os hits das rádios populares. Elas alcançaram lugares semelhantes,
fosse cantando poetas como Waly Salomão, fosse chegando à massa pelas trilhas
de novelas”, explica Marcus. “E Gal amava Adriana".
Adriana
e Marcus assinam juntos a direção do espetáculo, que terá cenário concebido por
Omar Salomão, filho de Waly. A banda traz músicos que tocaram com Gal em seus
trabalhos mais recentes. Limma (teclados), Fabio Sá (baixo) e Vitor Cabral
(bateria e percussões) integram o trio que acompanhou a cantora em sua última
turnê, “As várias pontas de uma estrela”. Completa a formação Pedro Sá
(guitarra e violão), que esteve com Gal na turnê “A pele do futuro”.
REPERTÓRIO
O repertório de “Coisas
sagradas permanecem” atravessa diferentes momentos da carreira de Gal,
explorando algumas vezes cruzamentos entre sua trajetória e a de Adriana. Um
exemplo é “Esquadros”, presente no roteiro. A canção da compositora gaúcha foi
registrada pela baiana no disco “Aquele frevo axé”, de 1998.
Em
vez de buscar uma abordagem cronológica da carreira de Gal, o show se estrutura
sobre recortes de aspectos de sua obra. “Temos a presença dos poetas, algo que
liga muito Gal e Adriana. O roteiro tem, por exemplo, Waly Salomão e Augusto de
Campos, que escreveu a versão em português de ‘Solitude’ (clássico de Duke Ellington gravado por
Gal em ‘Caras e bocas’, disco de 1977)”, adianta Marcus.
Lupicínio
Rodrigues — compositor a quem tanto Adriana como Gal dedicaram tributos,
respectivamente o disco ao vivo “Loucura” e o show “Ela disse-me assim: canções
de Lupicínio Rodrigues” — também será lembrado. “Gal cantando ‘Volta’ (no álbum
‘Índia’, de 1973) fez com que eu, uma gaúcha, pudesse ver Lupicínio de uma
maneira reveladora e nova pra mim”, conta Adriana.
O
roteiro de “Coisas sagradas permanecem” também passa por canções que, de alguma
maneira, desenham retratos de Gal. Entre elas a já citada “Recanto escuro”,
além de “Meu nome é Gal” (de Roberto e Erasmo Carlos) e “Caras e bocas” (com
melodia de Caetano e versos que Maria Bethânia escreveu pensando na cantora, em
primeira pessoa).
“Buscamos
contemplar o maior número de compositores possíveis no repertório, com olhar
especial para as mulheres que Gal gravou, como Mallu Magalhães”, diz Marcus,
referindo-se à autora de “Quando você olha pra ela”, registrada pela baiana no
disco “Estratosférica”, de 2016, e também presente no roteiro do novo show
Pela
voz de Adriana, Gal portanto se prolonga, na certeza de que coisas sagradas
permanecem. E que ela segue viva e ecoando quando se canta: “eu sou o amor da
cabeça aos pés”.
Leonardo
Lichote
SERVIÇO
Gal: Coisas
Sagradas Permanecem
Local: Teatro Guaíra | Auditório Bento Munhoz
da Rocha
Data: Dia
05 de maio | sexta-feira
Horário: 20h
Ingressos: entre
R$200 e R$640
Classificação etária: 12
anos
Vendas | https://brasilidades10anos.com.br/
Comentários
Postar um comentário