A palestra perfomance de Janaína Leite tem duas
sessões hoje e amanhã no Teatro José Maria dos Santos
Ainda
no ano de sua estreia, em 2019, o espetáculo “Stabat Mater”, agora em cartaz na
Mostra Lucia Camargo do Festival de Curitiba, sofreu tentativas de censura. A
revelação foi feita na manhã desta terça-feira, 28, pela atriz e diretora
Janaína Leite, durante entrevista coletiva na Sala Jô Soares.
“Eu
realmente cheguei muito perto dessas questões. A ponto de eu me questionar:
‘Estou realmente recebendo esse e-mail? Estão realmente me dizendo isso?’”,
contou ela, embora sem revelar nomes. “As pessoas me diziam, ‘vamos esperar um
pouco, ver o que pode ficar e o que tem que sair da peça’.”
“Stabat
Mater” é uma performance que investiga temas como maternidade, sexualidade e
violência. A montagem tem uma cena de sexo explícito, mas que acontece em
vídeo, e não no palco. “Ninguém se importa de ver cenas de sexo e violência no
cinema ou na Netflix, mas o teatro hoje virou esse lugar estranho”, reclama
Janaína.
Mesmo
depois de vencer o Prêmio Shell de Melhor Dramaturgia e de ser eleito o melhor
espetáculo de 2019 pelos críticos do jornal Folha de São Paulo, ainda hoje
“Stabat Mater” encontra dificuldades comerciais, principalmente em São Paulo,
terra natal de sua idealizadora: programadores de teatro, responsáveis pelo que
entre ou sai da grade desses espaços, se recusam a selecionar a peça.
“Por
um tempo, achei que o espetáculo não teria vida no Brasil”, lamentou ela.
Eventos como o Festival de Curitiba, no entanto, mantém respirando obras como
“Stabat Mater”, de caráter mais profundo, chocante e contestador.
“Nós
gostamos de dizer que essa edição do Festival promove a inclusão e a
diversidade, mas essas palavras podem ser perigosas, dar uma ideia errada”,
contextualizou Daniele Sampaio, uma das curadoras do evento: “Todo mundo que
está aqui, está porque faz um trabalho interessante, de reflexão, que às vezes
não é mais conhecido por causa da nossa ignorância. Ninguém está aqui por
cota.”
As
tentativas de censura não impediram “Stabat Mater” de virar referência. Ainda
na manhã de hoje, na Sala Jô Soares, ele foi citado por Larissa Siqueira como
uma de suas inspirações para a performance “Reencarnação ao Vivo”, também em
cartaz no Festival de Curitiba. Na encenação, Larissa trata das diversas
experiências estéticas que lhe impactaram ao longo da vida. E uma delas é
justamente o trabalho de Janaína Leite. Mas não só, é claro.
“Tem
também o meu tio, que não sabe tocar violão e ainda assim passa a noite inteira
tocando dois acordes”, ri ela. “A nossa formação estética pode vir de lugares
inusitados. Pode ser o chão seco do nordeste ou o primeiro dia de aula. Pode
vir de experiências muito felizes e muito tristes. A gente nunca sabe onde essa
aparição pode estar.”
SERVIÇO
O
que: “Stabat
Mater”
Onde: Teatro
José Maria (R.
Treze de Maio, 655 – São Francisco)
Quando: 28
e 29/03, às 20h30
Classificação: 18
anos
Valores: Os
ingressos vão de R$ 40 (meia entrada) até R$ 80 (mais taxas
administrativas).
Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e
na bilheteria física exclusiva do Shopping Mueller (piso L3), de segunda-feira
a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 14h às 20h.
Contém cenas de nudez, sexo
e violência
O
que: “Reencarnação
ao Vivo”
Onde: Casa
Hoffmann (R. Dr. Claudino dos Santos, 58 – São Francisco)
Quando:
29/03 às 17h e às 22h
Classificação: Livre
Valores: Os
ingressos vão de R$ 25 (meia entrada) até R$ 50 (mais taxas
administrativas).
Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e
na bilheteria física exclusiva do Shopping Mueller (piso L3), de segunda-feira
a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 14h às 20h.
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