Em entrevista, escritor baiano Jefferson Silva
explica analogia entre natureza e humanidade que guia a trama do lançamento
"Sentinela"
Autor de Sentinela, livro com analogias profundas entre vaga-lumes e seres
humanos, Jefferson
Silva acredita que a escrita
literária é uma forma de auxiliar pessoas no enfrentamento da vida. De acordo
com ele, as palavras são ferramentas que mudam visões de mundo e, por isso,
tornam-se objetos de revoluções pessoais.
Em entrevista, defende: “Algumas vezes, os dias são
devoradores da nossa beleza, mas somos nós que decidimos o quanto isso irá
ofuscar nossa clareza ou nos estimular a brilhar com braveza”. Por isso, em sua
obra de ficção, traça paralelos entre os animais conhecidos por iluminar na
escuridão e as pessoas que têm medo de encarar seus aspectos mais obscuros.
Leia:
1 – “Sentinela” conta a história de um
vaga-lume que tem o trabalho de iluminar a floresta durante a noite, em uma
analogia ao enfrentamento de medos e inseguranças. Por que você escolheu um
vaga-lume para representar uma história tão humana?
Jefferson Silva: Não sei bem se
vaga-lumes têm sentimentos semelhantes aos nossos, contudo, quando eles
brilham, evitam ser caçados por seus predadores, os morcegos. Acredito que isso
seja uma grande lição para a humanidade, porque aquilo que tenta nos devorar é
apenas um gatilho para que possamos brilhar. Algumas vezes, os dias, a rotina,
as situações na vida são devoradores da nossa beleza, mas somos nós que
decidimos o quanto isso irá ofuscar nossa clareza ou nos estimular a brilhar
com braveza.
2 – Você afirma que a obra é uma maneira
de as pessoas reconhecerem a si mesmas na história. Em sua visão, qual a
importância de apresentar um livro que se conecta com dramas universais da
humanidade?
J.S.: Livros devem
encorajar as pessoas a lidarem com os próprios dramas, já que às vezes a vida
parece estar contra nós. Mas as palavras penetram aos olhos, mudando a nossa
visão de mundo. Antes de qualquer coisa nos aceitar a palavra nos aceita, e
isso revoluciona tudo. Enquanto palavras puderem mudar o mundo, eu farei com
elas canções em forma de história.
3 – Sua narrativa é bastante poética e,
inclusive, utiliza palavras únicas, criadas por você. Como foi o processo de
criação dessas palavras? Por que decidiu aumentar o vocabulário?
J.S.: A escrita em
si flui muito. Eu tenho muitas coisas para contar e para escrever, e, quando
estou a me expressar, a magia acontece. Por isso acredito no poder das
palavras. Minha escrita reflete muito no que sou, e sou único, todos somos,
minha autenticidade é notada com minha criatividade.
4 – Você se tornou escritor para encontrar
uma maneira de confortar a si mesmo através da literatura. Escrever “Sentinela”
também foi um processo de autoconhecimento? De que maneira?
J.S.: Sim, acredito
que ler e também escrever nos auxilia no processo de autoconhecimento. Escrever
é generosidade se as palavras foram usadas para acolher. Eu vivi o que muitos
viveram. Por isso, tenho que partilhar minhas vivências e superações. Por isso,
quero disseminar a literatura para o mundo ainda mais, disseminar “Sentinela”.
6 – "Sentinela” provoca muitas
reflexões no leitor sobre a existência humana e a realidade que o cerca. O que
mais você espera que as pessoas compreendam com a leitura do livro?
J.S.: A essência da
natureza em nossas vidas, um dos motivos por escolher vaga-lumes como
protagonistas da história, já que cada dia mais esses seres inofensivos estão
entrando em extinção. Para onde irá o brilho natural enquanto nos acostumamos
com o superficial?
Sobre o autor: Nascido em
Salvador, na Bahia, Jefferson Silva Pinho de Jesus estudou em uma escola
pública da capital e, ao se formar, optou por focar no design gráfico. Amante
da área da saúde, tornou-se estudante de Farmácia. Concomitantemente a essa
formação, envereda desde cedo no mundo artístico: fez cursos de canto, ganhou
concursos de dança e escreve. É autor dos livros “O Homem Árvore”, “O Caminho e
o Andarilho” e “Sentinela”.
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