Já
disse um crítico que a importância de uma banda se mede pela quantidade e
qualidade de músicas “indispensáveis” que acabaram ficando de fora do
repertório de seu show. Com quase 30 anos de contribuições para as festas, os
romances e para a vida dos brasileiros, o Skank já ouviu muito que “faltou esta” e
“faltou aquela”.
Pois
nessa turnê, que vem celebrando a história da banda antes de sua separação por
tempo indeterminado, o desafio tem sido encaixar num mesmo roteiro tudo o que
esses caras já deixaram gravado no coração do público desde o comecinho dos
anos 1990. E é nessas horas retrospectivas que a gente vê que foi muita coisa –
mesmo para generosas duas horas (ou mais!) de show. No dia 04 de março,
a banda apresenta o último show em Curitiba, no White Hall Jockey Eventos.
Foram
nove álbuns de estúdio, alguns deles presença obrigatória em listas de melhores
de todos os tempos do pop-rock nacional e que somam mais de 5 milhões de
exemplares vendidos; três ao vivo que registraram para a posteridade o nível de
ataque e a catarse de seus shows em diferentes fases da carreira; e uma coleção
de sucessos que não encontra paralelo nas últimas três décadas no país. Foram
cerca de 40 hit singles, 29 deles entre as 100 mais tocadas do ano no Brasil
(muitas vezes defendendo sozinhas o pop-rock num mar de sertanejo
universitário), 25 em trilhas de novela, dois mega-hits que marcaram fases
distintas e igualmente bem sucedidas do grupo (“Garota Nacional” em 1996 e “Vou
deixar” em 2004) e um sem-número de favoritas do fãs que vez por outra aparecem
de surpresa nos shows. “Algo parecido”, o single inédito lançado em 2018,
passou dos 30 milhões de plays em pouco mais de um ano. E ainda temos a nova
“Simplesmente”, delicada balada folk lançada especialmente para acompanhar a Turnê da Despedida. Que
belíssimo problema será montar o repertório dos shows...
Até
onde podemos enxergar, esta será a última oportunidade de assistir a Samuel
Rosa (guitarra e voz), Lelo Zanetti (baixo), Henrique Portugal (teclados) e
Haroldo Ferretti (bateria) tocando seus clássicos, juntos, num mesmo palco. A
banda anunciou a separação motivada pelos desejos individuais de experimentar
novos caminhos – musicais e pessoais. Sem brigas, sem decadência, sem barracos
públicos e sem descartar a possibilidade de reuniões futuras. Pontuais?
Comemorativas? Definitivas? Só o tempo dirá. Por hora, é melhor aproveitar a Turnê da Despedida como se
não houvesse amanhã.
A
separação do Skank é uma forma de colocar um ponto final (ou um
ponto-e-vírgula) numa carreira iniciada na curva entre a moda do rock
brasileiro dos anos 1980 e uma nova década que apontava para a brasilidade,
para o ritmo e para as misturas. Inicialmente uma simpática banda de vinda de
Minas Gerais tocando música de inspiração jamaicana, rapidamente o Skank tanto
apontou caminhos para toda uma nova geração (de Chico Science, Raimundos, Pato
Fu, Jota Quest, Mundo Livre SA, O Rappa e tantos outros) como ganhou
musculatura e tamanho de mercado. Isso ali por 1996, quando chegou no incrível
feito de ter, no mesmo período de doze meses, dois álbuns diferentes com mais
de um milhão de exemplares vendidos – Calango
e O Samba Poconé.
Foram
tempos de turnês internacionais, hits no mercado latino e a confiança para
arriscar a mudança que viria nos anos seguintes: canções mais melódicas, com
mais violões e guitarras e climas psicodélicos. Em meio a momentos tão
diferentes, algumas características continuavam: os sucessos na boca do
público, as canções na vida das pessoas, os grandes shows pra lavar a alma e a
coerência com sua própria história, de olhar para frente e encarar os desafios.
É
essa coerência que levou Samuel, Lelo, Henrique e Haroldo a dependurar as
chuteiras por hora e buscar desafios em outros territórios. A Turnê de Despedida é a
versão da banda para aqueles jogos em que os craques do futebol juntam os
amigos, num clima incrível de festa e gratidão. Os craques estarão no palco, os
amigos somos todos nós que estivemos juntos a eles por tanto tempo. E vai ser
um jogo de goleadas, isso todo mundo sabe.
SERVIÇO
Skank | Os
Últimos Shows
Local: White Hall Jockey Eventos
Data: Dia
04 de março | sábado
Horário: 20h
Preço: R$120
e R$200
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