Cultura,
história, ancestralidade. Todos esses elementos estão juntos no samba-enredo de
2023 da Viradouro, “Rosa Maria Egipcíaca”. Importante personagem histórica,
Rosa Maria Egipcíaca foi escravizada e, depois, ganhou fama de profetiza e
tornou-se a primeira mulher negra a escrever um livro.
No
século XVIII, com seis anos de idade, ela desembarcou no Brasil vindo
provavelmente do Golfo da Guiné/Benin. Mantida em escravidão até por volta dos
30 anos de idade, ela chegou a ser comercializada como prostituta. No entanto,
uma condição de saúde fez com que começasse a sentir dores tão fortes que
causavam visões e experiências místicas, como explica a assessora de Geografia
do Sistema Positivo de Ensino, Rafaela Dalbem. “Com isso, ela vendeu os poucos
bens de que dispunha e se mudou para Minas Gerais, onde passou a ser conhecida
como profetiza, principalmente nas cidades de Ouro Preto, Mariana e São João
Del Rei. Essa fama seguiu com ela quando voltou ao Rio de Janeiro, muitos anos
mais tarde”, conta.
Com
a fama, escolheu para si mesma o nome de Rosa Maria Egipcíaca da Vera Cruz, em
homenagem a Santa Maria Egipcíaca, que também fora prostituta antes de
entregar-se à religião. “Rosa Maria escreveu um livro chamado Sagrada Teologia
do Amor Divino das Almas Peregrinas e, por isso, é considerada a primeira
mulher negra a escrever uma obra literária”, detalha Rafaela. Entretanto, como
realizava sessões religiosas que misturavam elementos cristãos e práticas
afro-brasileiras, acabou sendo considerada herege por autoridades religiosas.
Embora,
com isso, tenha caído no esquecimento por muito tempo, recentemente sua memória
tem sido resgatada pela cultura popular. “Rosa Maria Egipcíaca foi uma mulher
muito importante para a história, a religiosidade e a memória do povo
afrodescendente. Celebrá-la na Avenida é uma forma de honrar todo esse legado”,
completa Rafaela.
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