Museu da História e Cultura Afro-Brasileira, no Rio de Janeiro, recebe tela feita por Eduardo Kobra em homenagem a Gloria Maria
A obra, de 4 metros por altura por 3 metros de
largura, estará exposta até 11 de março. A entrada é gratuita.
O
Muhcab abre as portas para uma estrela. Neste sábado (11 de fevereiro), o Museu
da História e Cultura Afro-Brasileira, mantido pela Secretaria Municipal de
Cultura do Rio, recebe uma enorme tela com a imagem de Gloria Maria, feita pelo
muralista Eduardo Kobra, a pedido do “Fantástico”. Executada num fim de semana,
em apenas 15 horas, a obra em tecido tem 4 metros de altura por 3 de largura e
pode ser vista até 11 de março, de quarta a sábado, das 10h às 17h.
Gloria
Maria faleceu no último dia 2 de fevereiro. Na tela, a jornalista e
apresentadora, aparece toda colorida, cercada de borboletas e segurando o
planeta Terra. “Ela tinha o planeta nas mãos”, diz Kobra, que já foi
entrevistado por Gloria Maria, um rosto que o Brasil se acostumou a ver na TV
nos últimos 50 anos. “Ela se conectou com o mundo como poucas pessoas e trouxe isso
para nós.” Segundo Kobra, foram cem latas de spray à disposição da empreitada,
realizada em seu ateliê em Itu, São Paulo.
“A
ideia de levar para o Muhcab foi do ‘Fantástico’, entendendo ser este um local
de relevância identitária para receber a homenagem a uma figura tão
representativa para mulheres e homens pretos, sobretudo na área da
comunicação”, conta Leandro Santanna, diretor do espaço, na Gamboa, que recebeu
mais de 40 mil visitantes em 2022.
Kobra
no museu
“Embora
a base do meu trabalho seja a arte de rua, também acho fascinante estar com
minhas obras cada vez mais presentes em museus e galerias. Na história da
street art, Jean-Michel Basquiat e Keith Haring quebraram a barreira. Foram
precursores nessa história de ir das ruas para galerias e museus. O
interessante é que hoje este movimento também acontece de ‘dentro para fora’,
no sentido de artistas que eram exclusivos de galerias e museus hoje também
pintarem nas ruas. É importante estar também nos museus, porque é outro tipo de
suporte. É possível realizar exposições itinerantes. Uma tela que faço no meu
ateliê pode ser vista em diversas partes do mundo, diferentemente de um mural,
onde a pessoa tem que ir para a cidade em que a obra está”, diz
Kobra.
Aos
48 anos, Eduardo Kobra tem três mil murais em cerca de 35 países, incluindo
diversas cidades estados e estados brasileiros – como “Etnias – Todos Somos
Um”, no Rio de Janeiro, “Oscar Niemeyer”, em São Paulo; “The Times They Are
A-Changin” (sobre Bob Dylan), em Minneapolis; “Let me be Myself” (sobre Anne
Frank), em Amsterdã; “A Bailarina” (Maya Plisetskaia), em Moscou; “Fight For
Street Art” Basquiat e Andy Warhol), em Nova York; e “David”, nas montanhas de
Carrara.
Em
todos os trabalhos, o artista busca democratizar a arte e transformar as ruas,
avenidas, estradas e até montanhas em galerias e museus a céu aberto. Dois
desses murais entraram no Guinness World Record, como o “maior mural do mundo”.
Primeiro “Etnias – Todos Somos Um”, no Rio, com cerca de três mil metros
quadrados e, depois, o “Mural do Chocolate”, localizado na rodovia Castello
Branco, em Itapevi, em São Paulo, com 5.742 metros quadrados. Em 2018, pintou
20 murais nos EUA, 18 deles em Nova York.
Muhcab
- um dos 15 pontos da Pequena África
Vizinho
ao Cais do Valongo, na Gamboa, o Museu da História e Cultura Afro-Brasileira
(Muhcab) é um dos 15 pontos de memória que compõem a Pequena África, na Região
Portuária, e fica localizado no Centro Cultural José Bonifácio.
O
Museu foi criado em 2017, via decreto, mas nunca tinha sido aberto para o
público. O acervo ali guarda aproximadamente 2,5 mil itens, entre pinturas,
esculturas e fotografias, além de trabalhos de artistas plásticos
contemporâneos, que dialogam com o espaço. A atual gestão da Secretaria
Municipal de Cultura executou a limpeza e o restauro das calhas para impedir
vazamentos. As peças passaram por higienização, algumas também por pequenos
restauros e ou ganharam uma nova moldura.
*15
PONTOS DA PEQUENA ÁFRICA*
- Cais
do Valongo, Patrimônio Mundial
- Mercado
de escravos do Valongo
- Cemitério
dos Pretos Novos – Instituto dos Pretos Novos – IPN
- Muhcab
(antiga Escola José Bonifácio)
- Praça
da Harmonia – interpreta as Barricadas da Revolta da Vacina
- Sindicatos
e associações negras - Sociedade da Resistência dos Trabalhadores do
Trapiche e Café
- Casa
de Machado de Assis
- Mirante
da Pequena África
- Largo
do Depósito/Praça dos Estivadores
- Trapiches
e atividades portuárias da Rua da Saúde
- Pedra
do Sal, Quilombo da Pedra do Sal e Rua São Francisco da Prainha
- Zungu
Largo de São Francisco da Prainha
- Igreja
São Francisco da Prainha
- Praça
Mauá
- Igreja
de Santa Rita
Muhcab: Rua Pedro Ernesto 80, Gamboa. Quarta a
sáb, das 10h às 17h. Grátis. Livre. Abertura ‘Eternamente Gloria’: 11/02, às
10h. Até 11/03.
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