Com
prefácio de Claudio Leal e a orelha escrita por André
Sant’Anna, “Cabeça
Pra Fora do Buraco” – Editora Patuá - é sua segunda
obra literária (primeiro livro de poesias) que será lançada no próximo dia 30 (quarta-feira),
no Rio de Janeiro, das 19hs às 22hs, no Cinema Estação Net Rio
(R. Voluntários da Pátria, 35 – Botafogo)
"A
arte é uma maneira de esticar o pescoço. Esticar por cima da lama do
dia-dia. Por cima da enxurrada de WhatsApps, Instagrams, tiktoks,
streamings. Das milhares de notícias minuto a minuto, sobre política,
assassinatos ou o novo affair de uma ex participante de reality.
Esses poemas são o torcicolo causado pela tentativa de esticar o
pescoço", declara Daniel Belmonte.
Daniel
Belmonte, carioca de 29 anos é ator, diretor,
roteirista formado em cinema pela PUC-RJ.
Escreveu, dirigiu e protagonizou os filmes “B.O”. (Special Award Comedy
Recognition no LABRFF) e “Álbum em Família” (exibido na
mostra competitiva de longas-metragens do Festival de Gramado 2021).
Foi roteirista na Rede Globo dos programas “Zorra” e “A Gente Riu
Assim”. É diretor da Cia Involuntária de teatro. Nela dirigiu os
espetáculos “Peça Ruim, Uma Carta Perdida” e “Edward Bond Para Tempos
Conturbados”. Como ator participou de diversos filmes e peças e de
“Malhação ID”, na Rede Globo como o personagem Reco.
Como
escritor teve seu romance de estreia, “Laura é um nome falso para
alguém que eu amei de verdade”, publicado também pela Editora Patuá,
ano passado.
“A
literatura de Daniel Belmonte está vivendo solta, Daniel Belmonte é
bicho solto e vai ser difícil enquadrar esta Cabeça pra Fora do
Buraco numa estante dividida entre gêneros literários. Os poemas de
Daniel Belmonte não são bem uns poemas, mas são pura poesia, prosa
pura. Mais aquela eterna juventude de quem escreve vivendo, vive
escrevendo, nunca chegando em um lugar objetivo-definitivo, chegando
em tantos lugares, em todos os lugares”, afirmou
André Sant’Anna ao escrever a orelha do livro.
A
seguir, o prefácio do livro “Cabeça Fora do Buraco”, escrito por
Claudio Leal:
“O
que acontece quando você olha o mundo em volta de um buraco? Daniel
Belmonte se assustou um pouco e jogou para dentro deste livro a
poesia de quase tudo, esparramada em prosa, verso, corpo e sêmen.
Numa vertigem, empoleirado em cima de um móvel, na boca da janela,
Belmonte anteviu a própria queda. Um recuo até o sofá. Suor na
têmpora. O essencial deste livro nasceu desse suspiro de renúncia à
morte. Ele jogou os dados, ganhou mais vida. E evitou varrer a
sujeira do cotidiano de seu estilo, pois a conversão do banal em belo
acende uma poética de formas híbridas, que talvez resultem em um
diário poético romanceado.
Sua
respiração em desordem, suas imagens enumerativas e sua auto-ironia melancólica
formam uma escrita que é um reconhecimento de si mesmo e da
experiência maluca de viver. Ele revive o martírio dos bares, a boa
foda e o sexo frustrado, a morte de uma amiga, o lixo cultural da TV,
a influência dos semideuses tropicalistas, a invasão mental dos
bibelôs tecnológicos, o amor pós-romântico, o mundo de ponta-cabeça
da pandemia e a melancolia de não saber o que fazer com a lucidez.
Haja o que houver, viraremos plástico:
Humanos,
dinossauros,
aliens,
todos
nos eternizaremos
no
que nos extinguiu.
A
garrafa de Coca Zero.
Além
de poeta, Belmonte se fez cineasta, diretor teatral, ator e roteirista.
Mesmo nos poemas ele orquestra personagens. No elenco de Cabeça Pra
Fora do Buraco, seus amigos ganham o mesmo protagonismo de Zé Celso
Martinêz, Tom Hanks, Haroldo de Campos, Gal Costa, Caetano Veloso,
Raíssa, a Vice Miss Bumbum, Jojo Todynho, Torquato Neto, Marcello
Mastroianni e Anouk Aimmé. Afinal, não se pode ser sério também aos
27 anos. Essa propensão ao imaginário pop o converte em um neto
embriagado de Zé Agrippino de Paula. Seus
mitos saem da tela:
Catherine
Deneuve e Nino Castelnuovo aos prantos num café.
Presto
mais atenção nas mãos que nas lágrimas.
O
espírito geracional e a mitologia pessoal se enroscam nas memórias
poéticas desse carioca que bebe um chope da cor do sol, inconsolável
porque o tumulto do mundo se esvai – “Copacabana
é já ter me mudado de lá”. Eu o conheci certa
noite, em Botafogo, apresentado por George Sauma, flor de homem,
outro amigo recriado em verso. Não faz tanto tempo assim. De um bar a
outro, nas mal-iluminadas ruas de Botafogo, riscamos o itinerário de uma
procissão, em busca do santo-graal da última cerveja. De cara me
impressionou a expressão operística de seus olhos. O que ele via eu
só pude saber com este livro. A rua ganhou mais luzes na vertigem de
sua poesia”.
Claudio
Leal
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