Mais do que oportuna, coleção da Selo Negro
Edições propõe um novo ponto de vista sobre a história da África e das
populações indígenas. Refutando o eurocentrismo, pensadores atuais reconstroem
o conhecimento a partir da ótica de negros e índios, sempre se baseando na
ciência. O primeiro volume confronta as bases sociais, culturais, econômicas,
filosóficas, políticas e intelectuais que sustentaram o pensamento
euro-ocidental até aqui.
A
mais nova coleção da Selo Negro Edições, África,
presente! Negritude e luta antirracista, coordenada pelo
antropólogo e docente da Unesp Dagoberto José Fonseca, reúne reflexões e
análises de pensadores e estudiosos com o objetivo de descontruir
pseudoverdades científicas. Inspirada na coleção História Geral da África,
trabalhada desde 1964 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco), a coleção pretende ser um espaço de produção e
divulgação do pensamento não hegemônico acerca de africanos, afro-brasileiros e
indígenas, construindo assim novas categorias, metodologias e conceitos
autênticos da realidade social.
A
proposta é legitimar o pensamento destituído de paradigmas, conceitos e
metodologias euro-ocidentais e se contrapor a essas bases que tanto
contribuíram para fomentar e aprofundar os racismos e suas vertentes mais
funestas em todas as esferas da sociedade. Também busca propiciar a reescrita
da história dos povos escravizados — inclusive antes da chegada dos
conquistadores europeus —, a fim de sistematizar os valores civilizatórios, as
culturas e as formas de expressão dessa humanidade inegavelmente filha da
África.
A
Coleção África, presente!, portanto, é um esforço criativo, crítico e coletivo
de gerações de intelectuais e estudiosos que no hemisfério sul, em especial no
Brasil, procuram derrubar velhos paradigmas epistêmicos e simultaneamente
permitir que se vislumbre outros horizontes científicos. Esse, aliás, é o
objetivo central do volume 1, As
mentiras do Ocidente (Selo Negro Edições, 192 p., R$ 84,40).
Questões
que perpetuaram falsos ensinamentos por milhares de anos começam a ser
desmontadas. “A obra aponta diferentes caminhos teórico-metodológicos e novas
bases epistêmicas e paradigmáticas a partir do continente africano. Também traz
para o diálogo a produção e o conhecimento das populações indígenas originárias
do Brasil, a fim de contribuir com o processo de construir novos — ou não tão
novos — referenciais para o saber-fazer-saber sistêmico que ora chamamos também
de ciência”, afirma Dagoberto, que também é autor de um dos capítulos do livro.
Filósofos,
sociólogos, cientistas sociais, historiadores e pensadores brasileiros e
africanos, além de duas indígenas, fizeram suas contribuições para o assunto
com os seguintes artigos:
- Ptahhotep
e a filosofia como modo de vida,
de autoria dos filósofos e docentes Renato Noguera e Alexandre de Lourdes
Laudino.
- O
Ocidente mente — uma mente por detrás do Ocidente — a “ciência”
é tema do coordenador da Coleção e organizador do
Volume 1, Dagoberto José Fonseca.
- Pós-eurocentrismo
e democracia africana: perspectivas a partir do pensamento africano
contemporâneo é
a contribuição do historiador Muryatan S. Barbosa.
- Maât-Ubuntu
como paradigma para pensar a unidade, a diversidade e a emancipação
africanas,
escrito pelo filósofo congolês Bas’Ilele Malomalo.
- Afroperspectiva:
uma proposição teórico-metodológica, da
cientista social e educadora Tatiane Pereira de Souza.
- Angolanidade:
afirmação consciencial da africanidade,
assunto do antropólogo angolano Patrício Batsîkama.
- Ecologias
da proteção e da (lou)cura no contemporâneo dogon: narrativas e poéticas,
da antropóloga e docente Denise Dias Barros.
- Os
corpos coletivos contracoloniais e a resistência ancestral,
tema de Kowawá Kapukaja Apurinã, que leva a etnia no sobrenome, e Bruna
Jeguakai Nhandeva Charrúa, da tribo guarani nhandeva.
Com
lançamentos programados para 2023, os próximos volumes terão os títulos Mulher negra e ancestralidade
e Racismos.
O
coordenador da coleção e organizador do volume:
Dagoberto
José Fonseca tem
graduação, mestrado e doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), pós-doutorado em Educação pela
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e livre-docência em Antropologia
Brasileira pela Faculdade de Ciências e Letras da Unesp Araraquara. Coordenou o
Projeto Interdisciplinar do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação
Científica à Docência (Pibid), vinculado a Capes/MEC; foi assessor da Comissão
Nacional da Verdade sobre a Escravidão Negra no Brasil do Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil; e é parecerista da Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (Fapesp). Pela Selo Negro Edições, é autor dos livros Políticas públicas e ações afirmativas,
da coleção Consciência em Debate, e Você
conhece aquela? – A piada, o riso e o racismo à brasileira.
Título:
As mentiras
do Ocidente – Coleção África, presente! Negritude e luta antirracista – Volume
1
Organizador:
Dagoberto José Fonseca
Editora:
Selo Negro Edições
Preço: R$ 84,40 (E-book: R$ 50,60)
Páginas: 192 (17 x 24 cm)
ISBN: 978-65-998837-1-2
Atendimento
ao consumidor:
(11) 3865-9890
Site: www.gruposummus.com.br
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