Por Jonatan Rafael da Silva*
Vivemos
tempos velozes em que tudo está acessível a qualquer pessoa. O jornalismo, a
comunicação dentro das empresas, a música que consumimos e os filmes e séries
que assistimos são guiados por uma nova dinâmica: é preciso informar, entreter
e ensinar cada vez mais rápido e com conteúdo que, não por acaso, se tornam
também mais efêmeros. Esse cenário ágil, porém tão acelerado, se torna confuso
e de difícil leitura, gerando experiências pessoais e profissionais, ao mesmo
tempo, vertiginosas e frustrantes. Carreiras acabam tão cedo quanto começam.
Empresas fecham as portas não muito tempo depois de tê-las aberto. O sucesso
deixa de ser uma consequência e passa a ser um objetivo-fim, um vício encerrado
nele mesmo. Então, como romper com essa lógica mecanicista e desumanizada? Como
é possível criar vínculos e laços verdadeiros e duradouros em tempos tão instáveis?
Como criar negócios focados em pessoas e não em algoritmos?
A
chave para resolver essas e tantas outras questões está em tomarmos consciência
que somos feitos de histórias. Somos impactados pelas histórias que nos
contaram. Desde o núcleo mais íntimo e próximo, como as histórias de nossas
famílias, até os movimentos mais grandiosos e distantes, como os fatos
históricos. Não só as vivemos, como as produzimos todos os dias sem cessar.
Cada gesto e palavra está contando ao mundo quem somos e qual é o nosso lugar
na sociedade. Se contar histórias faz parte do modo como ocupamos o mundo,
podemos usar essa habilidade para transformar a nossa vida no trabalho. E a
melhor forma de fazer isso é sistematizando as técnicas de contação de
histórias. A esse processo chamamos de storytelling.
Dominar
as técnicas de storytelling é
uma tendência global. E essa expansão acontece em dois níveis: interno e
externo. No primeiro, é preciso transformar as equipes em sistemas de
cooperação mútua, isto é, que trabalhem não apenas com o mesmo objeto: é
fundamental desenvolver sintonia e empatia. O storytelling é uma ferramenta fundamental nesse
processo: é a partir do espelhamento das histórias e no cruzamento de ideias
que os times ganham coesão e confluência. Um gestor que conhece seus
colaboradores e consegue criar diálogos plurais por meio das técnicas de storytelling tem resultados
melhores com menos desgaste dispêndio de recursos.
Olhando
para o nível externo, é possível notar que o mercado está em busca de profissionais
que sejam somente bons executores de tarefas, mas de pessoas que sejam capazes
de estabelecer conexão entre produtos e serviços com o mundo real. É preciso
encantar e engajar, criar vínculos fortes e frutíferos com os consumidores. E é
aí que o storytelling fornece
a estratégia e o repertório necessários para desenvolver e fortalecer esse
diálogo.
Conhecer
as regras e as técnicas para contar uma boa história é imprescindível para o
profissional crescer de forma orgânica ou para o empreendedor ter clientes
engajados e fiéis. E não é exagero algum dizer que o storytelling é um dos mais
poderosos ferramentais para quem quer ser relevante de verdade na era dos
algoritmos, pois existem duas características que não podem ser patrocinadas:
confiança e credibilidade. E ambas nascem junto com os elos criados. Portanto,
em uma época tão acelerada, em que as experiências duram poucos segundos, são
as histórias que tornam o momento e o nosso legado eternos.
*Jonatan
Rafael da Silva é jornalista, crítico literário, escritor e professor do curso
de extensão “Storytelling para uma comunicação mais assertiva” da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUCPR), que acontece entre os dias 03 e 24 de
outubro, ao vivo e online.
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