Ator carioca lança livro para jovens leitores que buscam encontrar seu lugar no mundo

Tadeu Fernandes traz representatividade em ficção científica com casal LGBTQIAP+

Tadeu Fernandes, ator, cantor, escritor e roteirista carioca, já participou em mais de cinquenta peças teatrais, sempre foi apaixonado por literatura, mas desenvolveu mais roteiros do que livros. Um de seus projetos para o teatro foi transformado no livro: PROJETO AXO: O Destino de Helena 

Inspirado em obras como: “Heartstopper” e "Vermelho, Branco e Sangue Azul", a obra prende o leitor a cada página e é ideal para pessoas que gostam de ficção científica e romances adolescentes apimentados. Tadeu compartilha na entrevista inédita abaixo as novidades que estão por vir e como a literatura foi fundamental para alavancar sua carreira teatral:  

Você escreveu a história primeiramente como um roteiro. O que lhe motivou a transformá-lo em livro?  

Tadeu Fernandes: Eu sou ator e resolvi escrever essa série para criar uma oportunidade de trabalho para mim como autor. Eu escrevi o roteiro para interpretar o Thiago, que é o protagonista. Então, passei quase um ano tentando vender o roteiro para ele virar uma série, porém, por ser um roteirista iniciante e ser um projeto relativamente caro de ser produzido, parei e pensei: "Como eu posso fazer esse projeto chegar no público antes da série?" E eu tive a ideia de adaptar o roteiro para livro, para assim chegar às pessoas e quem sabe o processo de adaptação fique um pouco mais rápido. 

Uma das suas referências na hora de escrever Projeto AXO foi Stranger Things. Tiveram outras? Quais e porquê? 

Tadeu Fernandes: Essa é uma pergunta engraçada, porque Strangers Things não foi uma referência direta. Eu assisti muitas séries e filmes do gênero BL (Boys Love) em 2020, ano que comecei a escrever, e fiquei pensando sobre como escrever uma história que tivesse esse tipo de protagonismo, mas não fosse sobre somente isso, fosse além. Mas algumas das referências são "Hello, Stranger" (série no YouTube do Canal Black Sheep), "Os Irregulares de Baker Street" (Netflix), "Vincenzo" (Netflix), "Elite" (Netflix), "Wish You" (Viki, mas disponível na Netflix) e 3%, que é uma das maiores referências de ficção científica no Brasil. 

Como você enxerga a importância dessa representatividade na cultura como um todo? 

Tadeu Fernandes: Eu acho essa discussão tão importante que eu estou desenvolvendo meu TCC na faculdade sobre isso. Minha adolescência foi entre o final dos anos 2000 e o começo dos anos 2010, nesse período, é assustador pensar que quase não existia referência para pessoas LGBTQIAP+ e, quando tinha, eram interpretados por atores héteros, em sua grande maioria, e quase sempre com finais trágicos, visto em "Me Chame Pelo Seu Nome", "Azul É A Cor Mais Quente" e "O Segredo de Brokeback Mountain". De uns cinco anos para cá, isso tem mudado, tanto no audiovisual, quanto na literatura. Ainda precisamos falar sobre isso, principalmente no Brasil, tanto na literatura quanto no audiovisual, pois é cada vez mais necessário ver esse e todos os tipos de representatividade. O Thiago é bissexual e eu te pergunto: Quantos personagens bissexuais você já viu terem algum tipo de representatividade sem ser de alguma forma apagados ou invisibilizados na trama? Agora com "Heartstopper" e "Vermelho, Branco e Sangue Azul", isso está mudando. E espera-se que mude ainda mais, muito mais. 

Você já disse que terá o livro 2 dessa história, o que terá de diferente? Continuará com a bandeira queer? 

Tadeu Fernandes: Essa uma pergunta difícil porque nem eu sei ainda como vai terminar ou se teremos um livro 3. Mas o que eu posso contar é que muitas pontas soltas foram deixadas no livro 1, e eu estou começando a fechá-las, e uma grande parte delas é sobre as questões queers dentro do livro, o que acabou deixando a ficção científica levemente de lado, mas não totalmente apagada. Esse livro como um todo eu escrevi muito intuitivamente e ao invés de determinar o caminho das personagens, eu deixei que as personagens me dissessem para onde elas querem ir. E no livro 2, alguns desses lugares envolvem a bandeira queer e as famílias, num geral. 

Você está estreando na literatura e já esteve em uma Bienal, como está sendo esse processo e qual a maior alegria que teve até agora? 

Tadeu Fernandes: Eu estou processando tudo ainda. Eu fui um adolescente que amava ler, chegando a ler quase 80 livros em um ano. Muitas vezes, depois da escola eu ia para uma livraria em um shopping perto de casa e passava horas lendo os livros que eu não podia comprar na época. Porque eu lia muito, muito mesmo. E foi nessa época que eu inclusive comecei a escrever minha primeira história, mas nunca finalizei. Já fui a inúmeras bienais como leitor e sempre foi um universo mágico para mim. Pensar que agora eu estou do "outro lado" é um pouco louco ainda. Eu estou dando passos para cada vez ficar mais próximo do meu objetivo final, que é produzir a série com a história do livro. Acho que só quando eu estiver lá de fato que vai cair a ficha. 

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