Pintura mais famosa do mundo recebeu ampla investigação da educadora Beatriz Zawislak em livro
Um livro que
convida o leitor a ser um detetive. Este é Mona Lisa e seus mistérios, da escritora,
educadora e física Beatriz
Zawislak. Nele, a autora apresenta fatos pouco conhecidos do
público sobre a pintura mais enigmática do mundo. Beatriz faz conjecturas
sobre a gênese do quadro, baseada em um conjunto de acontecimentos
documentados. “Para resolver o
enigma da gênese da Mona Lisa desenvolvi sete conjecturas concatenadas, que me
parecem ter resolvido o enigma”, revela.
Beatriz
dedicou-se a escrever sobre a gênese do quadro, analisando, inicialmente, os
três primeiros retratos de mulheres pintados por Da Vinci, antes de ele
conceber a Lisa do Louvre. Um pouco mais sobre o processo criativo deste livro
cheio de mistérios você confere na entrevista a seguir.
Por
que decidiu escrever um livro sobre a Mona Lisa?
Beatriz
Zawislak: No
prefácio do meu livro, conto que vivi em Paris (devido a um intercâmbio
científico), de agosto de 1979 a agosto de 1980. Foi um tempo proveitoso, não
só para a minha atividade no ensino da Física, mas também, para “mergulhar” na
cultura e na arte dessa fantástica cidade, sede do Louvre, o proprietário da
icônica Mona Lisa de Leonardo Da Vinci. Contudo o que desencadeou o meu
interesse pela Mona Lisa foi a leitura do livro: “Roubaram a
Mona Lisa”, de R. A. Scotti, editado em 2009 pela L&PM, que me
levou à pergunta: por que uma
obra de arte nos fascina e, em especial, a Mona Lisa de Da Vinci? E,
para responder a esta pergunta, fui lendo livros e acumulando informações
(entre essas, a existência da Neuroestética, ligada aos neurônios espelho, que
são os responsáveis pelos sentimentos de empatia e pela apreciação de obras de
arte). A seguir, decidi organizar o meu dossiê de informações num ensaio, que é
o meu livro
A
senhora traz revelações bem surpreendentes do quadro de Da Vinci. Como está
sendo a repercussão disso?
Beatriz
Zawislak: Sem
dúvida, essas revelações têm surpreendido não só leigos, mas até pessoas
ligadas à arte, porém não especializadas no Renascimento e em Leonardo Da
Vinci.
O
livro constata que existem três Mona Lisas, poderia contextualizar como chegou
a cada uma delas?
Beatriz
Zawislak: Tudo
começou quando procurei informações sobre o ano em que Leonardo começou a
pintar a Mona Lisa do Louvre.
Como disse, fui lendo, fazendo perguntas e buscando respostas para a existência
da Lisa do Louvre as quais me levaram à existência da Mona Lisa de Isleworth e à
existência de um “retrato
oculto” sob a Mona Lisa do Louvre.
Inicialmente,
descobri que entre 1504 e 1505, ao visitar Leonardo, enquanto este pintava o
retrato da - Mona Lisa - o então jovem pintor Rafael Sanzio desenhou um retrato
do que vira no ateliê do mestre Da Vinci: uma Lisa jovem, com o cabelo preso
para trás e com um esboço de paisagem atrás de si. Portanto, desenhou um retrato
que não tem nada a ver com a Mona
Lisa do Louvre, a qual apresenta uma Lisa com ar matronal, com os
cabelos soltos e com uma bela paisagem rochosa atrás de si. Logo, teria Da
Vinci feito uma outra versão da Mona Lisa?
Ao
buscar repostas para a existência de uma possível segunda versão da Mona Lisa,
cheguei ao site da Mona Lisa
Foundation, gestora de uma pintura conhecida como Mona Lisa de Isleworth. Esta
foi apresentada ao mundo em 2012 (com provas científicas!) como a primeira
versão da Mona Lisa pintada por Da Vinci. E, nessa versão, a modelo Lisa é
jovem, com os cabelos soltos como os da Lisa da versão do Louvre e com uma
paisagem que é um simples esboço, bem semelhante ao desenho de Rafael.
Mas,
se nenhuma das duas Lisas (a do Louvre e a de Isleworth) apresenta um penteado
como o do desenho de Rafael, então, ou Leonardo mudou o penteado após a visita
de Rafael ou deixou um “pentimento” (isto é, um arrependimento como se diz em
italiano) sob a pintura do Louvre. Pesquisando, cheguei à existência de um Retrato Oculto, descoberto e
recuperado pelo cientista francês Pascal Cotte sob a Lisa do Louvre, no qual
vê-se uma Lisa jovem, com um penteado como no desenho de Rafael, porém com uma
paisagem igual à do Louvre! E para resolver o enigma da gênese da Mona
Lisa desenvolvi sete conjecturas concatenadas, que me parecem ter resolvido o
enigma.
Apesar
de ter sido professora de Física, escreveu um livro com um tema bem diferente
do que sempre estudou, qual foi o motivo?
Beatriz
Zawislak: Sempre
fui muito curiosa e uma observadora detalhista, portanto, considerando as
informações acumuladas com as minhas leituras, segui a metodologia da Física:
fazendo perguntas, propondo hipóteses e buscando respostas.
Qual
a sua conclusão sobre a importância da Mona Lisa para a humanidade?
Beatriz
Zawislak:
Certamente, esta pergunta refere-se à Mona Lisa do Louvre, que representa um
“ponto de giro” na arte, pois: 1º) apresenta o retrato de uma mulher vestida de
um modo não habitual, sem penteado sofisticado, sem joias, quase como uma deusa
grega, com um manto no ombro esquerdo; 2º) apresenta uma mulher de frente e
encarando o espectador com um olhar meigo, um tanto materno; 3º) as feições da
modelo são como feitas de “carne viva”, graças à técnica do sfumato (pintura esmaecida,
como que “enfumaçada”) desenvolvida por Da Vinci; 4º) não era usual, na época,
que um retrato contivesse uma paisagem como parte da pintura e talvez
fazendo parte da sua narrativa, como eu discuto no final do livro. Sem dúvida,
a Mona Lisa é a obra de arte mais discutida e a mais copiada.
Sobre
a autora: Bacharel
e Licenciada em Física pela UFRGS e Mestre em Educação – com ênfase no Ensino
da Física –, pela Faculdade de Educação da UFRGS. Gaúcha de Porto Alegre, Beatriz Maria Mikusinski Zawislak centrou
suas atividades docentes no Instituto de Física da UFRGS até a aposentadoria.
Desde então, Beatriz tem aproveitado seu tempo para viajar, estudar italiano,
ler e escrever pequenos textos em italiano, inclusive o presente livro, que em
italiano encontra-se apenas na forma de eBook. (Atualmente, a autora está
revisando a versão em inglês do seu Livro, para ser editada)
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