Protagonizada por Rômulo Estrela e Luciana Favero, a montagem dirigida por Gustavo Paso, poderá ser conferida na capital mineira nos dias 16 e 17 de abril.
O
poder em todas as suas formas, o jogo da corrupção política, protocolos de
saúde estapafúrdios, o absurdo da decadência humana, a falta de empatia, o
massacre aos direitos humanos. Todas essas características juntas nos soam
bastante familiares nos dias atuais, apesar de parecerem distópicas. É
justamente esse o enredo da peça “O Alienista”, que fará uma curta temporada na
capital, nos dias 16 e 17 de abril, no Teatro Sesc Palladium. A montagem também
poderá ser conferida no dia 22 de abril, em Ouro Preto, no Teatro do Centro de
Arte e Convenções da UFOP.
Com
texto de Gustavo Paso e Celso Taddei, a dramaturgia foi livremente inspirada no
conto homônimo do imortal Machado de Assis. A nova montagem da CiaTeatro
Epigenia comemora 22 anos de fundação do grupo, levando para o palco um elenco
com 14 atores/cantores. O espetáculo é protagonizado por Rômulo Estrela, que
interpreta o paradoxal personagem de Simão Bacamarte e Luciana Fávero,
fundadora da Cia, como a esposa, Evarista. “Machado de Assis foi um homem
negro, filho de escravos alforriados, epilético, que mal pôde estudar até sua
adolescência. Viveu dentro de um pensamento europeu de que somos fruto do nosso
meio. Um determinismo limitante que ele rompeu, tornando-se um dos principais
nomes de nossa literatura, além de ter sido um dos fundadores da Academia
Brasileira de Letras. Machado é um exemplo para o mundo atual, pois mostrou o
que podia realizar mesmo com tanta adversidade. Esperamos poder inspirar esse
pulsar, essa vitalidade e essa fé de que todos temos essa potência de romper o
que nos determinam!" - destaca Luciana Favero - atriz e produtora do
espetáculo.
Qualquer
semelhança com a realidade que estamos vivendo é uma infeliz coincidência. Na
versão de “O Alienista”, da companhia teatral que chega à maioridade
colecionando críticas positivas e ampliando seu público com espetáculos
ousados, instigantes e com reconhecida qualidade textual, dramatúrgica e
cênica, esta montagem repete a parceria com o premiado diretor Gustavo Paso.
Desde a sua estreia no Rio de Janeiro, na Cidade das Artes, “O Alienista”, da
Cia Teatro Epigenia vem colecionando inúmeras críticas positivas. “Conscientes
de que está muito mais difícil criar uma analogia por meio de um mundo
distópico com nossa vida, nos apoiamos no absurdo mundo da patafísica para
entender a realidade, ou pelo menos para que o teatro possa, mais uma vez,
servir de trampolim para espelhar essa sociedade destruída e desalmada que
alguns insistem em tentar consolidar”, explica Gustavo Paso - diretor,
dramaturgo e fundador da Cia Epigenia.
A Patafísica como
inspiração
A
patafísica é uma crítica à lógica racional. Examina as leis que regem as
exceções. Nas palavras do romancista e dramaturgo francês Alfred Jarry é “a
ciência das soluções imaginárias”. A patafísica de Jarry é algo além da
metafísica e além da física. Pode também ser vista como paródia: uma celebração
bem-humorada do paradoxo, que opera, de modo cômico, a desconstrução do real e
sua reconstrução no absurdo. A patafísica explora “elementos dissonantes” de
modo a criar não uma síntese, mas uma situação em que as incongruências podem
coexistir. Atrás de toda a lógica, esconde-se o monstruoso.
A
peça se aprofunda na pesquisa do Dr. Simão Bacamarte, médico renomado e de
currículo invejável (mesmo que ninguém entenda as especialidades do doutor na
então metrópole imaginária), acerca da loucura. Ele cria um lugar para internar
os loucos da cidade sob seus próprios critérios do que é ser louco ou não.
Esses critérios mudam conforme o tempo e os interesses – sejam por poder, por
dinheiro, por reconhecimento – e geram revolta, golpes, até a falência social e
financeira da então metrópole, que é transformada em distrito e,
posteriormente, em um simples Vilarejo decadente e subserviente ao Império, no
século XIX. Assim presenciamos a ascensão e queda de um louco que chega ao
poder e passa a tomar decisões sem consultar previamente os representantes da
sociedade, pois estão todos enjaulados no hospício fundado por ele mesmo! Mas
isso é apenas uma fábula e sabemos que fábulas não existem!
Depoimentos
de quem já assistiu:
“Que maravilha ver um espetáculo como
este! Uma adaptação tão fantástica desta obra tão oportuna nesse momento. Um
elenco afiado e uma direção criativa só poderiam resultar num espetáculo
divertido e, ao mesmo tempo, de uma importância muito grande”
Antônio
Fagundes
“Primeira grande surpresa da retomada”
Observatório
Cultural - Crítica Teatral
“O espetáculo é classificado, por mim
como uma obra-prima. A proposta da peça é uma livre adaptação. Foi mantido o
enredo, entretando a versão colocou em prática toda a liberdade a que têm
direito com criatividade e bom gosto. Já assisti a várias adaptações do conto
para o teatro, todavia jamais a assisti algo tão arrojado, perfeito e genial
como esta encenada pela CiaTeatro Epigenia”
Gilberto
Bartholo - O Teatro me Representa
“Para
contar essa história, a Epigenia produziu um espetáculo grandioso, com um coro
que percorre a ação, cenários em vários planos, além de figurinos elaborados e
uma maquiagem que exige duas horas de caracterização. A encenação se inspira no
expressionismo alemão, com predomínio de tons de branco, preto e cinza,
oferecendo uma estética sombria”
Dirceu
Alves Jr. - Estadão
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