Estudo da pesquisadora Cindy Huggett mostra os
impactos da pandemia na EAD, formato e duração das aulas e tecnologias que
serão empregadas
Pelo
quarto ano consecutivo, Cindy Huggett, pesquisadora e autoridade mundial no
tema Treinamento Virtual, realizou uma pesquisa global sobre este assunto com
líderes de diversas organizações. A pesquisa The
State of Virtual Training visa analisar as melhores práticas,
percepções e recomendações sobre treinamento virtual ao redor do globo.
The State of Virtual Training 2022 traz insights, tendências e
recomendações específicas que podem ser implementadas por sua organização.
Essa
última pesquisa teve mais de 700 participantes e foi conduzida no período de
julho a outubro de 2021. Os resultados estão disponíveis no site: https://www.cindyhuggett.com/blog/2022sovt/
Impacto COVID-19
Quase
todos os entrevistados (91%) disseram que suas organizações têm aplicado mais
treinamento virtual nos últimos dois anos devido ao isolamento social causado
pela pandemia.
Com
base em pesquisas recentes da ATD – Association
for Talent Development, 88% das organizações planejam manter os
mesmos níveis de investimentos com treinamento virtual em 2022. Baseada nestas
pesquisas, a autora conclui que “o treinamento virtual continuará sendo um
método de aprendizagem de escolha para a maioria das organizações”.
Em
2021, a novidade foi a modalidade de treinamento híbrido — aqueles que engajam
os participantes presenciais e remotos no mesmo conteúdo simultaneamente. 62%
dos entrevistados disseram que suas organizações já estão oferecendo ou
planejam oferecer esse formato em breve.
Na
nossa experiência prática, o treinamento híbrido funciona muito bem. Em 2021,
nós conduzimos vários workshops
com os líderes de Marketing, Vendas e P&D presentes conosco em estúdios e a
força de vendas e áreas de suporte remotas.
Duração
A
maioria das aulas virtuais permaneceram em torno de 60 minutos (semelhante aos
resultados de pesquisas dos anos anteriores). No entanto, um número muito maior
do que o esperado (29%) disse que seus treinamentos virtuais têm mais de duas
horas de duração. Este é um aumento substancial em relação ao relatório do ano
passado (19%) e foi quase insignificante no ano anterior. Nesses casos, a
autora indica que para melhorar os resultados de aprendizagem e engajamento dos
participantes, os workshops
presenciais devem ser transformados e reorganizados quando transferidos para a
modalidade on-line.
Uma
parte específica do conteúdo pode ser aprendida de forma assíncrona, com
colaboração, estudos de casos, games
e discussões significativas em aulas virtuais. Na nossa experiência, temos
resultados expressivos de treinamento on-line
e híbridos de um dia (ou mais), com os participantes movendo-se entre
atividades síncronas e assíncronas ao longo do programa, com o uso de
ferramentas e atividades colaborativas e práticas.
A
autora complementa: “Reprograme intencionalmente suas experiências de
aprendizado para maximizar o tempo dos participantes na sala de aula virtual.
Invista em recursos de design
de aprendizagem e aumente o engajamento”.
Quantidade ideal de participantes no virtual
A
pesquisa aponta que a maioria das aulas virtuais (83%) ainda tem menos de 25
participantes. E apenas, 7% têm mais de 50 participantes.
Na
opinião de Cindy Huggett, “só porque você pode colocar mais pessoas em uma sala
de aula virtual, não significa que você deve. O número certo de participantes
depende dos resultados do programa que você está tentando alcançar”.
Nos
últimos dois anos desta pesquisa, ela também perguntou: “Qual das opções a
seguir se alinham mais a sua definição de treinamento virtual?”
Cerca
de 15% escolheram “apresentação com um ou mais palestrantes” e 80% escolheram
“aula de treinamento interativo”. A maioria das respostas restantes disse que
são os dois ou é uma combinação dos dois.
Quando
vejo esses dados, eu lembro dos insights
do livro “Telling Ain’t
Training” (Falar não é treinar, em tradução livre) do autor Harold
D. Stolovitch e me questiono se as organizações confundem suas inúmeras
apresentações com aprendizagem. Cindy Huggett ainda adiciona que “uma coisa é
incluir aulas em vídeo em um programa de aprendizagem combinada, outra é
substituí-los pelo treinamento prático”.
Webcams
O
uso de vídeo continua a crescer nas aulas de treinamento virtual. 70% dos
entrevistados disseram que estão usando mais webcams
do que nos anos anteriores. 83% dos facilitadores usam câmeras digitais (60% o
tempo todo, 23% em pelo menos parte da aula) e 64% dos participantes as usam
pelo menos parte do tempo.
Não uso da webcam
Quando
questionados sobre os motivos do não uso, as preocupações com largura de banda
foi o motivo nº 1 citado (4%), seguido por restrições organizacionais e que
alguns participantes ainda não estão equipados com webcams.
Fadiga do vídeo
A
fadiga do vídeo também está aumentando, portanto, é importante estar atento ao
uso da webcam. Por
exemplo, ative-os para conversas e discussões em grupo e, em seguida,
desligue-os durante outras atividades. Além disso, compartilhe técnicas para
evitar o cansaço, como ocultar sua visão própria e usar o botão mudo quando não
estiver falando para obter privacidade adicional.
Tempo de Desenvolvimento
Uma
pergunta frequente entre os profissionais de T&D é quanto tempo leva para
desenvolver uma hora de treinamento virtual interativo. Em 2009, a carga
horária era de 69 horas. Uma atualização de 2017 relatou 28 horas. E no início
deste ano, uma pesquisa atualizada por Robyn Defelice, consultora e
estrategista de aprendizagem e performance,
apontou 55 horas.
Na
pesquisa deste ano, embora a tendência aponte para queda em relação aos anos
anteriores, houve um ligeiro aumento neste ano, com 12,5 horas de tempo de
desenvolvimento para cada uma hora de treinamento virtual interativo.
No
entanto, é importante observar que neste tópico a autora fez uma pergunta
específica: “O que você gostaria que sua organização fizesse de forma diferente
em relação ao treinamento virtual?”. E a esmagadora resposta foi desejar mais
adesão, tempo e recursos para criar um treinamento virtual de qualidade. A
realidade pode até ser de 12,5 horas de tempo de design, mas o desejo é muito maior do que isso.
Plataformas e ferramentas
As
plataformas virtuais estão se atualizando em um ritmo sem precedentes,
adicionando novos recursos e ferramentas para interação. É impressionante ver
as melhorias exponenciais.
A
pergunta simples da pesquisa, “Qual a plataforma você usa?” revelou o seguinte:
- Zoom continua sendo a ferramenta mais popular em uso,
aumentando para 65% (em 2020 foi de 51% e no ano anterior apenas 30%)
- Microsoft Teams deu o maior salto, para 51% em 2021
(28% no ano anterior)
- WebEx passou para 29% (ante 25% de 2019),
- Adobe Connect caiu para 14% (24% em 2019).
- GoToTraining se manteve estável em 14%.
Ferramentas de Colaboração
Neste
ano, a autora perguntou sobre o uso de ferramentas de colaboração de terceiros
durante as aulas virtuais. Isso pode significar usá-los além (separados) da
plataforma da sala de aula virtual ou integrá-los à plataforma.
- Ferramentas como Kahoot (24%),
- Poll Everywhere (23%),
- Mentimeter (22%),
- Miro (13%),
- Mural (9%) e
- Jamboard (7%) estão em alta.
Nós
usamos bastante o Mentimeter nos nossos workshops
em 2021, pois trouxe muito engajamento, boas discussões e alguns elementos de
gamificação. Em anos anteriores, alguns participantes tinham algumas
dificuldades para fazer o login
ou se atrapalhavam um pouco para usar a ferramenta, mas atualmente a maioria
dos participantes utiliza com maestria e envolvimento.
Desafios
A
autora fez duas perguntas abertas na pesquisa deste ano: “Qual é o seu maior
desafio relacionado ao treinamento virtual?” e “O que você gostaria que sua
organização fizesse de forma diferente em relação ao treinamento virtual?”
- Eles querem mais adesão dos líderes e outras partes
interessadas.
- Eles querem que os facilitadores aprimorem as suas
habilidades técnicas de entrega virtual.
- Eles querem que o suporte de TI seja capaz de usar
plataformas de sala de aula virtual mais robustas, em vez de serem
forçados a usar plataformas projetadas para reuniões.
- Eles querem que os participantes estejam equipados com
tecnologia para se envolverem totalmente (webcams, fones de ouvido, etc.).
- Eles querem suporte para os “produtores” ajudarem a
gerenciar a tecnologia.
- E, por fim, desejam dedicar tempo ao desenvolvimento de
aulas on-line
E o futuro do Treinamento Virtual?
O
que está mudando e o que vai mudar? Com as possibilidades de expansão do
Metaverso, a autora acredita que estamos no início de uma nova era do
treinamento virtual, que terá cada vez mais experiências de aprendizagem
imersivas e envolventes.
No
entanto, o resultado desta pesquisa ainda apontou uma participação modesta
dessas tecnologias, com apenas 7% dos participantes indicando que estão
incorporando tecnologias imersivas, como realidade virtual (VR) e realidade
aumentada (AR) em suas aulas virtuais. No entanto, com todo o hype e investimento massivo
em Metaverso, os próximos anos parecem promissores para este espaço de aprendizagem.
Sobre Tatiany Melecchi
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