Por Luciana de Gnone
Uma
pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro revelou que o brasileiro lê em
média 4,96 livros por ano. Pode parecer bastante, mas os franceses, por
exemplo, chegam a ler mais de 20 obras no mesmo período. O que explica então o
desinteresse pela leitura, especialmente entre os mais jovens, no nosso país?
Acredito
que estas estatísticas negativas sobre leitura estão, em parte, ligadas à obrigatoriedade
de ler os grandes clássicos da literatura brasileira durante o ensino básico.
Não me entenda mal, não estou criticando os clássicos, longe de mim.
O
que quero dizer é que a maioria das pessoas tem dificuldade em ler e
interpretar a linguagem rebuscada dessas narrativas. Esta formalidade, aliada à
obrigação imposta sobre estas leituras, acaba criando um afastamento entre os
jovens e a literatura que infelizmente se estende para a vida toda.
Há
algum tempo, em uma conversa de família, soube que minha sobrinha de 15 anos,
que até então não gostava de livros, finalmente descobriu sua paixão pela
leitura. Isso aconteceu porque ela estava lendo um livro que despertou seu
interesse.
Este
caso retrata minha crença que defendo quase como um mantra: a pessoa diz não gostar de ler até ler
um livro que gosta. Não acho que o ser humano seja avesso à
leitura. Acredito apenas que cada um tem estilos, gostos e interesses
diferentes.
Desde
que comecei a escrever romances profissionalmente, tento reverter este movimento
contra a leitura que parece ter se enraizado na nossa cultura. Na verdade,
todas as pessoas que não leem hoje são potenciais leitores, basta encontrar o
livro certo.
Como
escritora, uso meu ativismo pró-leitura para enfatizar a importância dos livros
no desenvolvimento humano. Inclusive, costumo indicar três caminhos para quem
não gosta de ler descobrir como identificar os títulos certos para investir seu
tempo.
Para
saber quais são os seus gêneros literários preferidos, basta analisar os filmes
e séries que você mais assiste. Depois, vale procurar os trabalhos de autores
destes gêneros e ler resenhas de livros escritos por eles para encontrar aquele
que mais chama a sua atenção.
Tem
ainda a regra 80/20: se você leu 20% do livro e não gostou, o melhor é deixá-lo
de lado e começar uma nova leitura. Se até ali você não se encantou por aquela
história, talvez não seja o livro certo ou mesmo o momento ideal para ele.
Se
você conhece alguém que se encaixa neste perfil de brasileiros que não gostam
de ler, sugira estas técnicas. Pode ser o incentivo necessário para que mais
uma pessoa descubra o potencial dos livros e se apaixone pelo universo mágico
da literatura.
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Luciana
de Gnone é
escritora e lançou recentemente o romance policial “Evidência 7: Segredo
Codificado”.
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