Você é feliz? Reflexões sobre prosa e poesia da vida

 


Larissa Priscila Bredow Hilgemberg (*)

Olá, leitor! Quero começar nossa conversa de hoje perguntando: Você é feliz? Você consegue responder esta pergunta? E, como você se sente quando pensa sobre a sua felicidade? 

Se você não soube responder minha pergunta, leia o que Edgar Morin tem para nos explicar sobre Felicidade. 

Neste ano de 2021, Edgar Morin completou 100 anos de vida. Ele, que é filósofo, sociólogo e antropólogo, conhecido principalmente como pai da teoria da complexidade, é também um pensador sobre a felicidade e a poesia da vida. Mas, o que seria a poesia da vida? E por que compreender e refletir sobre os ensinamentos de Morin podem nos ajudar a responder à pergunta que fiz anteriormente: você é feliz? 

Morin afirma que nossa vida é parte prosa e parte poesia. A prosa é a nossa vida prática, são as responsabilidades do dia a dia, as contas para pagar, os problemas que surgem e que precisam de soluções, são as nossas obrigações, e, assim como o texto em prosa, é uma vida padronizada e séria. 

Por outro lado, a poesia, assim como o gênero literário, é artística, criativa, bela. É o que Morin diz que “nos faz florescer, nos faz amar, nos faz comunicar”. 

A felicidade, para o filósofo, não é contínua, temos muitos momentos de infelicidade em nossa vida. É possível, inclusive, que você tenha respondido à pergunta que fiz no início com um “não sou, mas, estou feliz” ou, ainda, se você estiver em um dia ou momento de vida difícil, tenha respondido com um sonoro “Não, não sou feliz”. A felicidade é frágil e ela depende de nossos momentos de poesia, e não dos momentos de prosa. 

A prosa nos permite sobreviver, permite que cumpramos nossas obrigações. Mas, a poesia, ah, a poesia é o que nos possibilita mais do que apenas sobreviver, ela nos permite viver! E é vivendo a vida poeticamente que encontramos os momentos de felicidade e alegria que precisamos para seguir em frente. É na poesia que podemos sonhar, criar, amar e ser amados. 

Então, eu reformulo minha pergunta para você: você vive sua vida poeticamente? Permite que a poesia complete cada espacinho do seu dia e do seu viver? Ou você foi preenchido totalmente por um texto em prosa, cheio de deveres e importâncias, mas monótono, sem graça, sem beleza ou êxtase? 

Espero que sua resposta tenha sido positiva para uma vida poética, mas, se por acaso sua vida está mais para a prosa que para a poesia, convido você (e a mim também, todos os dias) a olhar para dentro de si e encontrar aquele pedacinho de poesia que sobrou e, assim, como a massa de pão, que precisa ser trabalhada para crescer, você comece a trabalhar diariamente a poesia da sua vida, para que ela cresça e traga aquele cheiro bom como o pão logo depois de assado. 

Aliás, é nos pequenos detalhes da vida que encontramos essa poesia, no pão e café cheirosos, no pôr do sol, na chuva colorindo o asfalto. Em uma vida em que já temos tanta prosa (que encontramos tantos problemas em nós e em nossa sociedade), é nos momentos de felicidade diária que conseguiremos encontrar poesia e beleza. 

E, se você ainda não sabe onde encontrar a poesia da vida, Morin explica: “ora, a poesia da vida está no amor, na amizade, no divertimento, na dança, no êxtase, na festa”. 

Desejo a você, leitor, uma vida repleta de poesia! 

*Larissa Priscila Bredow Hilgemberg, especialista em Pedagogia Empresarial e Educação Corporativa e Docência EAD, professora da área de Linguagens Cultural e Corporal do Centro Universitário Internacional Uninter.


Comentários