Uma
mescla de elementos de rock e jazz conectada ao movimento contracultural dos
anos 60 e 70 foi o que marcou a banda Os Mamíferos, expoente referencial para
as gerações da família Ruy. Tanto, que na obra do escritor Francisco Grijó
sobre o grupo, ele cita que naquela família só se ouviam “coisas realmente
interessantes”, como lembra o capixaba Gabriel
Ruy. Hoje, 19 de novembro, o artista faz um mergulho entre as
inspirações que marcaram a história de seu pai e avô na música instrumental
para conceber o EP Matriz. Ao longo de 4
faixas, Gabriel relembra nomes como Moacir Santos, Miles Davis e Tom Jobim em
um ensaio geracional assinado pelo selo Casulo
(ouça aqui).
“Eu
cresci num meio ouvindo muita música instrumental, entre ensaios do Nota Jazz e
do Conjunto Gato Preto, grupos que meu pai, Mário Ruy, fazia parte”, lembra
Gabriel sobre as suas primeiras memórias culturais. Logo, sua carreira não
podia seguir caminhos diferentes, senão o da exaltação ao instrumento: “Nunca
tive medo em lançar algo que não fosse tão pop, porque o que mais importa é a
música e a melodia”, resume o capixaba.
Quanto
à concepção narrativa do EP, o que não faltou foram referências que o
conectassem com suas raízes. “A liberdade e o reconhecimento com a minha
ancestralidade foram o fio condutor para a criação desse trabalho. Queria
trazer algo que me levasse ao som que escutava na sala de casa, que ligasse
também meu pai ao meu avô, Hermínio Brandão, duas figuras gigantes na minha
história”, explica Gabriel.
“Quanto
a parte rítmica, são músicas com tempos anormais, com muita percussão. É um EP
que, melodicamente, tem bastante influência da música africana mesclada com a
brasileira”, ele sintetiza. “Toca
do Tatu”, responsável por abrir a tracklist, tem uma levada
africana que homenageia Moacir Santos, o “ouro negro da nossa música”, como
apelida Gabriel. Enquanto isso, “Ana
& Patropi” é mais intimista e exalta a namorada do
artista.
Com
violões e baixos delineados, “Empurrão
na Ladeira” foi pensada para celebrar a carreira de
importantes guitarristas capixabas, como Heitor TP (do grupo Simply Red),
Carlos Bernardo (diretor musical do Circo de Soleil) e Chryso Rocha, “professor
de todos esses caras”, como lembra Ruy, além de ter sido o compositor desta
faixa em questão. O encerramento do trabalho fica por conta de “Pintando o Sete”, uma
percussão rítmica que brinca com os tempos.
Acumulando
os discos Uma mesa no deserto
(2018) e Toca
(2020) em sua discografia, com o EP Matriz,
Gabriel propõe um novo olhar sobre a forma como se imprime
referências às produções. “A mensagem que quero trazer é sobre justamente
colocar o sentir na frente do saber. Uma coisa que é de coração. Penso que tudo
que é feito com amor, tende a dar certo”, finaliza o capixaba sobre o trabalho
que ainda se desdobra em um mini documentário, previsto para chegar no canal de
YouTube do selo no dia 20 de novembro (acompanhe aqui).
Ficha
técnica:
Produção: Rodolfo Simor
e Gabriel Ruy
Gravado nos estúdios Bravo LAB. e Toca do Tatu
Mix e Master: R. Simor no estúdio Bravo LAB.
Distribuição: One Rpm
Selo: Casulo Brv.
Casulo
Planejamento e Prod. Executiva: Derick Brumatte
Assist. Comunicação: Thaysa Pizzolato
Direção Musical: Rodolfo Simor
Capa
Design: Derick Brumatte & Léo Norbim
Arte: Salsa Brezinski
Foto: Melina Furlan
Setlist:
- “Toca
do Tatu” (Gabriel Ruy)
Bateria, percussão, violão, guitarra, baixo, teclados e voz: Gabriel Ruy
Percussão: Pururu
Percussão: Jahfa
Trompete: Oziel Netto
- “Ana
& Patropi” (Gabriel Ruy)
Bateria, percussão, violão, guitarra, piano e vozes: Gabriel Ruy
Baixo: Hugo Maciel
- PINTANDO
O SETE (Gabriel Ruy)
Bateria, percussão, baixo, violão, teclados e vozes: Gabriel Ruy
- EMPURRÃO
NA LADEIRA (Chryso Rocha)
Bateria, percussão, baixo e voz: Gabriel Ruy
Guitarras: Chryso Rocha
Piano, hammond e synth: Jeremy Naud
Comentários
Postar um comentário