A modificação do material didático, o surgimento das redes de relacionamento e de novos modelos de gestão, além da preocupação com o bem-estar da comunidade educacional foram os ingredientes que vieram para remodelar os sistemas de ensino durante o período de ensino a distância. Transformação Digital: O que Aprendemos com a Pandemia foi o tema de painel que aconteceu no segundo dia do Educa Week 2021
As transformações
que as escolas e o que os estudantes, professores e pais aprenderam com o
período de isolamento foi tema de debate que aconteceu na última terça-feira,
dia 19/10, segundo dia do Educa Week 2021.
Questionada
sobre o desafio do modelo híbrido, Vera Cabral, diretora de Educação da
Microsoft Brasil, enfatizou que, em um primeiro momento, as escolas fracassaram
ao tentar reproduzir no digital as mesmas aulas que faziam no presencial.
“Tecnologia não serve para fazer exatamente o que se fazia sem ela; se for esse
o pensamento, teremos um gasto inútil”, disse.
Vera
ressaltou a importância da mudança de cultura nas escolas, em relação à
tecnologia, que representou um divisor de águas durante a fase de isolamento, e
que trouxe um legado bastante positivo: “As instituições entenderam que a
tecnologia pode ajudar muito; e não só na área acadêmica, mas também na área da
gestão (...) a gente foi aprendendo novos jeitos de trabalhar e temos, agora, uma
percepção do uso de dados; por exemplo, conseguimos, a cada aula, avaliar o que
os alunos aprenderam”, explicou.
A
executiva da Microsoft chamou atenção também para os aspectos socioemocionais
na mudança para o digital. “A preocupação com o bem-estar coletivo, antes da
pandemia, não era tão abordada no mundo da educação”, disse ela. “Mas a escola
tem de ter, sim, espaço para cuidar das pessoas. Isso tudo faz parte do modelo
de transformação que estamos passando”, enfatizou ela.
“Quando
chegou a pandemia, ficou claro que a tecnologia, que antes servia à educação,
passou a ser fundamental, para que a escola continuasse a existir”, contou
Emerson Bento Pereira, diretor de Tecnologia Educacional do Colégio
Bandeirantes “Nosso capital digital já estava muito consolidado, em um trabalho
que estávamos fazendo desde 2013, mas fomos testados mesmo durante a pandemia”,
contou, explicando que já nos primeiros dias do ensino remoto, 98% dos alunos
do Band estavam conectados na plataforma da escola.
O
executivo do Bandeirantes explicou que o colégio tinha clareza de que, mais do
que criar um canal para as aulas acontecerem, era preciso garantir o
engajamento dos alunos. “Para isso enviamos pesquisas e fomos ajustando o
modelo remoto; nesse período, mais de 10 mil videoaulas foram criadas com mais
de 1,3 milhão de visualizações”, afirmou.
O
diretor de tecnologia educacional do Bandeirantes contou ainda sobre o
lançamento do self study, que será oferecido aos alunos a partir do ano que
vem. A estratégia foi pensada para dar mais autonomia aos estudantes e
individualizar o aprendizado. “Isso vai ser trazido para a grade, além do que
estamos chamando de Bandflix, um grande canal de videoaulas, aproveitando todo
o material produzido pelos professores nesses últimos tempos”,
disse.
A
diretora pedagógica da Somos Educação, Tania Fontolan, acrescentou que a
pandemia serviu para que o aluno começasse a ser acompanhado just in time. “A
tecnologia serviu para que a gente utilize dados para fazer ajustes nos nossos
processos”, disse ela.
O
executivo do Bandeirantes trouxe para o debate, ainda, a questão do modelo
financeiro do negócio das escolas, que precisa ser revisto para a
individualização do ensino passar a ocorrer.
Do
ponto de vista da gestão escolar, o diretor executivo da Accenture, Pedro
Marques Lopes Pontes, enfatizou a grande oportunidade que a transformação
digital trouxe para as instituições de ensino. Ele lembrou que a covid-19
explicitou uma incapacidade das escolas em acompanhar as mudanças que toda a
sociedade já vinha passando. “Conceitos como aprendizagem adaptativa e a
personalização do ensino não foram criados durante a pandemia; eles já estavam
disponíveis, porém, faltava habilitar esses recursos para que passassem a ser
usados”, disse ele.
“Enquanto
outros setores da economia já vinham aprendendo a usar recursos tecnológicos há
anos, as escolas estavam paradas no tempo”, afirmou. “A pandemia explicitou não
só a dificuldade de se atualizar, mas de toda a estrutura”, explica o diretor
executivo da Accenture.
O
executivo concluiu afirmando que as escolas têm de incorporar a transformação
digital em toda a sua plenitude, olhando para uso de dados e para os novos
modelos de aprendizagem. Ele citou o lifelong learning (aprendizagem contínua
ao longo da vida) e o rompimento com os muros da escola, com a centralização no
estudante e na experiência dele em sua forma de aprender. “Agora podemos
trabalhar em modelos de ecossistema, disruptivos”, disse o diretor executivo da
Accenture. “Temos de pensar diferente o mundo da aprendizagem, integrando os
diversos atores na vida acadêmica do aluno. ”
O
diretor acadêmico do Institute of Tecnology and Education (Iteduc) e diretor
pedagógico do Educa Week Ismael Rocha concorda com o raciocínio. “Na atual fase
de retomada da vida acadêmica presencial, novos desafios surgiram, trazidas
pelo período em que as escolas ficaram fechadas”, afirmou ele. “O aluno mudou e
há agora novas necessidades, que exigem uma readaptação da estrutura escolar.
Desde a ampliação de áreas de apoio ao aluno (como o counseling, ou
aconselhamento), de tecnologias educacionais até alterações administrativas, a
escola está passando por profundas transformações”, conclui.
O Educa Week 2021
Considerado
o maior evento de educação básica do Brasil, em sua sexta edição, vai reunir as
maiores autoridades, líderes e ativistas do país, além de especialistas
internacionais (das universidades de Harvard e Stanford), durante seis dias. A
programação totaliza 36 painéis, com temas pautados nas novas demandas
educacionais, geradas e impulsionadas pela pandemia. Serão abordados aspectos
pedagógicos e socioemocionais, transformações geradas no pós-pandemia, os
desafios para a escola pública de qualidade, edtechs, e, ainda, como melhorar
os índices educacionais no Brasil. Serão debatidas, também, as tendências da
educação no Exterior, com estudos de caso em países como Estados Unidos, China
e Finlândia. Para completar, o Prêmio Destaque Educação irá reconhecer os
projetos pedagógicos que transformaram para melhor a vida dos estudantes
durante a pandemia. Confira a programação completa, acessando: https://educaweek.com.br/
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