*Marcus Nakagawa
Estes
dois acrônimos são o que todos os investidores, empresários, empreendedores e
executivos deveriam pensar o tempo todo. Sabemos que a visão financeira e a
busca pelo lucro e crescimento eterno é o que domina o pensamento linear e
cartesiano tradicional. Mas, em um mundo da indústria 4.0, impressão de casas
em 3D, inteligência artificial, exoesqueletos, carros voadores, drones
entregadores, enfim, também temos que inovar e ampliar a forma simplista de
pensar. Quem sabe não pensarmos em 4D?
Os
ODS, para quem não conhece, são os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
da ONU, que possuem 169 metas. Em 2015, os 193 Estados-Membros da ONU se
reuniram e definiram quais eram os maiores problemas e desafios do mundo.
Nestes ODS estão englobados objetivos não só ambientais, como a maioria das
pessoas associam a sustentabilidade ao meio ambiente. Também entram as questões
sociais, econômicas e parcerias. Por exemplo, tem o ODS número 8 que está
ligado ao trabalho decente e ao crescimento econômico; e o número 9, à
indústria, inovação e infraestrutura. E para cada um destes ODS é feito um
recorte com as suas metas e desenvolvimento. Conheça mais em https://brasil.un.org/pt-br/sdgs
Muitos
acham que os ODS são só para as questões governamentais ou do coletivo, porém,
várias empresas também estão no processo de realizar esses objetivos por meio
dos seus produtos, serviços, processos, projetos e atividades. Essas empresas
entenderam que nesse novo processo de ganha-ganha, quando é realizada uma ação
para melhoria da meta do desenvolvimento sustentável, todos ganham. Lá no Fórum
Econômico Mundial do ano passado, até chamaram esse pensamento da economia dos stakeholders, ou seja, que
as empresas deveriam trabalhar não só para ter o lucro do acionista e para
atender as demandas dos clientes e consumidores, mas também para entregar valor
aos outros públicos de relacionamento, como os fornecedores, os empregados, a
comunidade no entorno, o governo, a sociedade, entre outros.
E
desde o Fórum Econômico Mundial a questão do ESG (acrônimo para Enviromental,
Social e Governance, em português Ambiental, Social e Governança) ficou mais
forte. Tanto que, segundo a Bloomberg, o montante de recursos mundial, que está
ligado de alguma forma a esta temática, representou cerca de US$ 38 trilhões em
2020 e, em 2025, deve chegar a US$ 53 trilhões, o que equivale a um terço dos
ativos de investimentos.
Para
apresentar as atividades ligadas ao ESG nas organizações, a pesquisa da AMCHAM
de 2021, com 178 lideranças de empresas no Brasil, 95% dos entrevistados
afirmaram que as suas empresas possuem engajamento no ESG, sendo que 37% destes
têm um engajamento em planejamento ativo e estão mapeando os pontos a serem
desenvolvidos; 31% dizem já ter um engajamento integral e integrado ao negócio,
colocando a sustentabilidade na gestão estratégica; 26% vêm construindo este
engajamento adotando práticas para minimizar seus impactos socioambientais; e
89% dos entrevistados colocaram que já possuem algum nível de investimento
direcionado para esse objetivo.
O
crescimento do interesse pela temática não é só das gigantescas empresas ou dos
investidores, mas também das startups, segundo a ACE Cortex, área de inovação
da ACE Startups, já são mais de 340 startups que se dedicam ao meio ambiente,
questões sociais ou em melhorias de governança em empresas de grande porte, ou
seja, o desenvolvimento de um mercado de produtos e serviços, se aprimorando
para atender às demandas específicas de cada um dos indicadores do ESG das
empresas.
Por
outro lado, no acrônimo ODS, tivemos um retrocesso acelerado no país, segundo a
5ª edição do Relatório Luz da Sociedade Civil de 2021. Este documento é
desenvolvido por um Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030,
que reúne 57 organizações não governamentais, movimentos sociais, fóruns,
redes, universidades, fundações e federações brasileiras. Este diagnóstico foi
atestado por 106 especialistas em diversas áreas dos 17 ODS e as suas metas,
colocando que “a destruição de direitos sociais, ambientais e econômicos, além
de direitos civis e políticos, arduamente construídos nas últimas décadas, fica
patente nas 92 metas (54,4%) em retrocesso; 27 (16%) estagnadas; 21 (12,4%)
ameaçadas; 13 (7,7%) em progresso insuficiente; e 15 (8,9%) que não dispõem de
informação. Este ano não há uma meta sequer com avanço satisfatório”.
Assim
entendemos que precisamos juntar e fazer com que os acrônimos andem em
conjunto. Não só empresarialmente, mas para todos os stakeholders, pois no final
do dia ou do ano estamos todos no mesmo “barco” ou no mesmo planeta com as
mesmas demandas, desafios e problemas.
*
Professor e coordenador do CEDS/ESPM; autor premiado com o Jabuti 2019,
palestrante e idealizador da Abraps e do Dias Mais Sustentáveis.
@ProfNaka
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