Por: Gabriel Estevam Domingos, diretor de
P&D da Ambipar
Quem
não se lembra da impressionante abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016 que
contrastou destaques do meio ambiente? Com certeza foi um verdadeiro show de
exuberância. Observamos cenas deslumbrantes da biodiversidade brasileira
(florestas, biomas, índios e outras culturas) e a materialidade de gestos
marcantes, como os atletas de todas as delegações carregando uma muda de árvore
nativa, as quais, futuramente, seriam plantadas em uma área degradada, surgindo
uma nova floresta.
Essas
referências marcaram os Jogos Olímpicos Rio 2016 e como parte das jovens
lideranças ambientais do Brasil, fui um dos representantes para conduzir a
chama olímpica do revezamento da tocha na região de Santos, local em que cresci
e conquistei importante marcos na minha carreira profissional. Trata-se de uma
região marcada por questões ambientais. Como é o caso de Cubatão, no estado de
São Paulo, que ficou conhecida como a cidade mais poluída do mundo. Depois de
um longo processo de recuperação, ganhou o título da Organização das Nações
Unidas (ONU) de Cidade Símbolo Mundial de Recuperação.
No
início, quando recebi uma ligação telefônica do Comitê Olímpico informando que
havia sido selecionado por meio de meu histórico na área, não imaginava a
grandiosidade da ação. Foi muito bem organizado e perfeito. Atualmente, a tocha
que conduziu a chama Olímpica junto com o certificado de condutor oficial está
exposta na sala de reuniões da empresa líder em gestão ambiental, Ambipar, da
qual faço parte como diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
(PD&I).
Como
Embaixador Ambiental da ONU, por meio de minhas iniciativas ambientais, tenho a
certeza de que a participação de pessoas protagonistas de diversas áreas – meio
ambiente, o social e o empreendedorismo – foram de suma importância para contar
a história de nosso país durante as Olimpíadas de 2016, não só no esporte, mas
em diversos segmentos. Agora, em 2021, nas Olimpíadas de Tóquio, as ações
pautadas pela sustentabilidade terão continuidade, levantando uma forte
bandeira de inovação e preservação ambiental. Uma das iniciativas é a
fabricação da Tocha Olímpica a partir de alumínio, metal utilizado na
construção de casas após o Tsunami de 2011, que destruiu cidades do Japão.
Outro exemplo é a coleta de celulares, tablets, monitores e computadores em
desuso que serviram para extrair ouro, prata e cobre para a produção das
medalhas.
Um
dos destaques do exemplo de sustentabilidade nas Olimpíadas de Tóquio são os pódios,
feitos a partir de plástico reciclado. Os materiais foram coletados em
campanhas que incentivaram as pessoas a doarem plásticos domésticos. A ação
durou cerca de nove meses e, além da população, contou com a participação de
rede varejistas e escolas do Japão. Ao todo, foram 24,5 toneladas de plásticos
reciclados, suficientes para a fabricação dos pódios Olímpicos.
Não podemos esquecer das iniciativas de compensação de carbono, apoiada no
pilar de crise climática. O Comitê Organizador dos jogos Olímpicos de Tóquio
estima que o evento emitirá cerca de 2,73 milhões de toneladas de CO². O índice
é ainda menor do que o normal, já que não terá participação do público,
reduzindo emissões causadas por viagens, hospedagens, geração de resíduos e
outros impactos.
Para
compensar toda a pegada de carbono das Olimpíadas, após a realização de todos
os jogos, serão calculadas quantas toneladas de CO² foram emitidas e a
compensação virá através do uso de 100% de energia renovável. Por meio da
aquisição de certificados de energia verde, o Comitê irá gerar créditos de
carbono, a partir da transformação de energia não renovável em energia
renovável.As ações pautadas pela sustentabilidade nas Olimpíadas são baseadas
nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e trazem à tona as
cobranças em relação às iniciativas verdes que atendem aos indicadores
ambientais do ESG (Environmental, Social, Governance). Assim como a preocupação
existe no setor privado, os países são pressionados a realizarem práticas a
partir de condutas cada mais sustentáveis, não só pela imagem e reputação, mas
pelas ações em prol do meio ambiente e pela luta contra o aquecimento global.
Para
o futuro, podemos esperar que os próximos jogos olímpicos continuem levantando
a bandeira da sustentabilidade e que as iniciativas sejam feitas em conjunto,
tanto por instituições públicas como as privadas. Afinal, a nova tendência do
planeta é a preservação ambiental e a geração de créditos de carbono, a partir
de redução ou remoção de emissões e o ESG como essência.
Referências:
https://umsoplaneta.globo.com/sociedade/noticia/2021/07/19/jogos-olimpicos-de-2021-as-iniciativas-verdes-do-evento-que-acontece-em-toquio.ghtml
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